A matéria de O Globo de ontem, 5/7, da reunião de Marcelo Crivella (PRB) com evangélicos no Palácio da Cidade, mostra que ele nunca deixou de ser bispo e, por sua falta de liderança, visão e capacidade, nunca se tornou prefeito do Rio. Pelo bem da verdade, nem sua vitória foi pela maioria dos cariocas, ganhou no 2º turno mas o não voto ultrapassou ele (nulo, branco e abstenções).
Para Crivella, a Prefeitura do Rio nada mais é que uma extensão da Igreja Universal do Reino de Deus e de outras denominações aliadas. Ter uma pessoas responsável para acelerar a fila para membros de seu grupo, ou sugerir mudança de pontos de ônibus para ficar mais perto do templo, colocação de semáforos e por aí vai, é dizer que nossos impostos são, para o atual prefeito, dízimos para a IURD.
Crivella disse, depois que vazou a reunião, que era uma como tantas outras. Nestas tantas outras não havia frases como “Nós precisamos votar em homens e mulheres de Deus, ainda que não seja um grande conhecedor da política é menos um corrupt.“, ao que parece, para ele governar para apenas um grupo é sinal de ética.
Ao Bispo, que se diz Prefeito, restam agora poucas saídas, é o Impeachment ou a Renúncia, porque um dois dois terá de acontecer. O impeachment, que a vereadora Teresa Bergher (PSDB) já disse, de acordo com a coluna online de Ancelmo Gois, conta com 15 vereadores em abaixo-assinado organizado por ela para pedir o impedimento de Crivella. A vereadora vai pedir à mesa diretora da Câmara para que os colegas sejam convocados extraordinariamente, segunda-feira, durante o recesso, para tratar de indícios de “corrupção ativa, improbidade administrativa, crime eleitoral, entre outras ilegalidades”.
E na Câmara, o apoio a Crivella é mínimo, dos 51 vereadores da cidade, apenas 15 fazem parte do bloco de apoio ao governo. Destes, apenas 3 são do PRB, partido do prefeito. Vários outros são políticos fisiologistas, que facilmente pulariam de um canoa para outra, se repararem o jogo mudando. É só lembrar como foi o recente impeachment de Dilma Rousseff (PT). Especialmente que Crivella não é conhecido por respeitar os acordos feitos com os vereadores.
O que pode segurar o impeachment, é que o presidente da Câmara, Jorge Felippe (MDB), é o próximo na sucessão, e para ele seria mais interessante que acontecesse após 1º de janeiro de 2019. É que a partir daí a nova eleição seria indireta, ou seja, os vereadores escolheriam o novo prefeito que, provavelmente, seria ele mesmo.
De acordo com a legislação atual, o processo tem de durar no máximo 90 dias. Então a Câmara pode ir empurrando a questão até outubro, até porque nesse período tem eleições em outubro, e tudo pode mudar até lá. Mas mantendo o que se espera, não seria de estranhar que logo depois já se tivesse o início o processo de impedimento e um novo prefeito antes do carnaval de 2019.
Se Crivella quiser mudar o jogo, e atrapalhar um pouco os planos dos vereadores, ele pode renunciar. Assim uma nova eleição terá de ser realizada, e assim evitaria que Felippe ou outro nome escolhido pelos edis ocupassem o seu lugar.