Por Bernardo Moura
Com um público de 25 mil pessoas e uma Sapucaí parcialmente enlameada, aconteceu mais uma noite de ensaios técnicos. A Inocentes da Belford Roxo e Caprichosos de Pilares, do grupo de acesso A, foram coadjuvantes na noite, que deu brilho total à União da Ilha do Governador.
A Inocentes de Belford Roxo, a primeira a ensaiar, fala sobre "Água para prover a vida". O show de aquecimento da bateria, como de costume, em frente ao setor 1, fez o público delirar com Fernanda Abraão, a Loira da laje. A moça, semi-nua pintada de água por todo o corpo, mexeu o bumbum e encantou os marmanjos. Segundo um assessor dela, a sua fantasia falará sobre água.
Na comissão de frente, a coreógrafa Alessandra Oliveira, disse que era tudo surpresa. No entanto, o que ela podia adiantar era que a comissão falaria sobre as águas do rio Nilo. E falando de água, nada melhor que ensaiar nela, certo?
"O trabalho da gente está sendo intenso, muito gratificante. Ensaiamos ontem aqui debaixo de uma chuva, mas deu tudo certo", disse.
Os 1400 componentes, de acordo com a harmonia da escola, que foram à Sapucaí não fizeram bonito. Cantavam pouco o samba e deixavam clarões de espaço entre os componentes. Falha de harmonia e evolução.
Durante todo o percurso da avenida, o refrão mais ouvido era o "Vou matar minha sede/Na mensagem de fé/ Ainda é tempo…" E por isso, não empolgou.
Caprichosos “calibrou”
Os 1.800 componentes da escola de Pilares falaram de saudade. O enredo é o mesmo do carnaval de 85, "E por falar em saudade".Logo, o público se empolgou com a rememoração do samba. Caprichosos fez bonito na avenida.
A comissão de frente, de Tony Tara, promete falar de uma "coisa que todos nós temos saudade. O carnaval sente muita falta." O que seria? Seus movimentos não deram muito a dica do que poderia ser.
A rainha de bateria, Mel Britto, disse que sua fantasia vai ser "quase um bumbum de fora". Atrás dela, a bateria fez bonito. Ensaiou algumas paradinhas e deu leveza ao samba. Do intérprete Thiago Brito, a mesma coisa. Outro destaque também foi o casal mirim de mestre e sala e porta-bandeira, que também são o primeiro casal da escola mirim Inocentes da Capichosos, Lorena e Raisson. Ela de 7 anos e ele de 6. Foram tremendamente ovacionados.
Já os componentes, apesar de cantarem, insistiam em permanecerem desalinhados. Fazendo aquela "confusão visual" nas alas.
Por fim, o presidente da escola, Paulo Cardoso de Almeida, afirmou que o ritmo do barracão está adiantado:
" Dia 10, estaremos com tudo pronto. Faremos um grande carnaval", disse.
Brilha, Ilha
O relógio marcava quase 23 horas, quando as luzes do Sambódromo foram parcialmente apagadas. A causa foi um curto circuito na rede elétrica. Porém, minutos depois, foi restabelecido. Porém, nem a queda da energia elétrica tirou o brilho da União da Ilha.
A começar pela presença dos atores Eriberto Leão e Letícia Spiller. Eles representando Dom Quixote e Dulcineia, respectivamente. Para Eriberto, Dom Quixote "é parecido um pouco com seu personagem da novela, é um guerreiro." Já Letícia disse que se confundia um pouco com a Dulcineia. Por ela ser uma "buscadora de sonhos e mulher simples, do povo", a atriz aceitou o convite da escola.
Depois, a comissão de frente, da coreógrafa Luciana Yegros, faria alguns movimentos em seguida para "aproveitar o poúblico maravilhoso". Mas o que representa? Nem uma dica sequer.
Mais uma vez, o ensaio começou quente. Com o esquenta de "Diga espelho meu", a Ilha emocionou os presentes. Os 3.500 componentes fizeram bonito e repetiram a dose do primeiro ensaio. Com exceção da falha do recuo da bateria.
Esta falha mostrou à Ilha o quanto precisa acertar para não por tudo a perder no dia do desfile oficial. Aconteceu o seguinte: o ensaio transcorria bem, até que, na chegada do setor 9, a bateria entrou de frente. E a ala na frente dela, começou a andar (evoluir) normalmente. Resultado: as passistas que estavam atrás não supriram o espaço e formou-se o buraco. Uma falha da diretoria.
Aliás, esta aí um fato que está acontecendo muito nos ensaios técnicos. Por que sempre seguram as passistas, deixando-as alinhadas que nem marcha de 7 de setembro? Por que elas não se espalham e se acabam de sambar como nos tempos de outrora? Não sei qual é o motivo, todavia, muitas escolas estão fazendo isto. Não é somente a Ilha.
No final, o canto de "ôôôô…a União voltou…" fechou o ensaio que sacudiu a Sapucaí e estremeceu o posto de outras escolas que estão há tempos no Grupo Especial.
