O que seria do Rio de Janeiro sem seus túneis? É bem verdade que alguns deles têm lá seus problemas, mas não dá para negar que a história da cidade passa por essas construções.
Construído no ano 1892, o Túnel Velho contribuiu diretamente para o desenvolvimento do bairro de Copacabana. A obra, que foi comandada pelo engenheiro Coelho Cintra, liga Botafogo a Copacabana entre as ruas Real Grandeza e Siqueira Campos.
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Por conta da idade da construção, o apelido “Túnel Velho” foi adotado. Ele também já foi chamado (oficialmente) de Túnel Real Grandeza. Contudo, o atual nome da construção é Alaor Prata, em homenagem ao prefeito que esteve à frente do município do Rio de Janeiro entre os anos 1922 e 1926.
Na época da perfuração do Túnel Velho, a estratégia do mercado imobiliário era investir na região litorânea da cidade. Copacabana, que na época era pouco habitada, passou a ser interessante para muita gente após o término dessa obra. Mas isso aí já é outra história que contaremos nas próximas semanas.
A perfuração do Túnel Alaor Prata foi promovida pela Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, que era responsável por alguns dos bondes que circulavam pela cidade do Rio de Janeiro.
As obras duraram apenas oito meses. O túnel, com 182 metros de comprimento e 5,50 de largura, atravessava o Morro da Saudade e o Morro de São João, permitindo a extensão da linha de bondes que ia da Rua Real Grandeza, em Botafogo, para a Rua Barroso (atual Rua Siqueira Campos), em Copacabana, terminando na Praça Malvino Reis – hoje em dia Praça Serzedelo Correia.
No dia da inauguração, 6 de julho de 1892, Marechal Floriano Peixoto, então vice-presidente da República, esteve presente. Todos sabiam que aquela obra seria um marco para a história da cidade.
O Túnel Velho foi reformado entre os anos de 1924 e 1925, na administração do então prefeito Alaor Prata. Daí veio o motivo da posterior homenagem.
“Essa reforma, iniciada na gestão de Alaor Prata e terminada pelo seu sucessor, Prado Júnior, deixou o Túnel mais largo. Ele passou de cinco metros e meio para pouco mais de treze, permitindo, assim, uma inegável melhora ao tráfego em direção a Copacabana. Além do alargamento, o Túnel teve melhorias importantes, como o revestimento da abóboda em concreto armado, a criação de calçadas – permitindo o trânsito de pedestres em segurança – e a substituição do precário viaduto da Real Grandeza por um novo, mais sólido e largo. Teve também a abertura da Rua Dr. Sampaio Correia, criando uma ligação direta com a Rua Real Grandeza, evitando assim a tortuosa subida em curva pela pequena Rua Lacerda de Almeida”, informa Andre Decourt do site Foi um Rio que Passou.
Décadas depois, outras reformas foram realizadas na histórica construção:
“Com a duplicação dos anos 1960 e 1970, muito da tipologia original foi perdida. Como o piso, que foi elevado, tanto na pista de rolamento, como mais ainda nas calçadas, que viraram passarelas quase dois metros acima das pistas. As laterais revestidas de pedras, praticamente, desapareceram, surgindo com menos de um metro de altura, já fora da galeria. Nos muros de arrimo, tanto do lado de Copacabana como de Botafogo, reforços estruturais em forma de uma grade de concreto foram instalados brutalizando os muros e escondendo o trabalho de textura. Muitas das pinhas foram estragadas e o viaduto da Real Grandeza trocado por um novo, de concreto, horrível, que esconde a boca do túnel. Mas o pior estava por vir, a partir dos anos 1980, quando pinhas e compoteiras originais foram furtadas, e apenas reinstaladas em 1992. Isso já foi na última grande reforma do Túnel, quando colocaram réplicas de concreto, sem valor artístico e cultural”, opina Andre Decourt.
Décadas e décadas passaram e, mesmo com alguns problemas e mudanças, o Túnel Velho segue expondo uma parte de nossa história e nos ajudando a conhecer um pouco mais sobre nós mesmos.