O ano -1965- era de comemoração do IV centenário da cidade e diversas obras de grande vulto estavam dando novo visual e preparando o Rio para a nova forma de vida urbana que os anos sessenta descortinavam.
Algumas delas foram, o túnel Santa Barbara, o túnel Rebouças, o viaduto de Benfica (av. Suburbana), a consolidação da adutora do Guandu e outras de extrema importância, mas o xodó da década foi, sem dúvida, o maior parque urbano do planeta, um presente dado aos cariocas pelo governador Carlos Lacerda, que felizmente atendeu às insistentes solicitações da arquiteta brasileira nascida em Paris, apaixonada pelo Rio, Lotta de Macedo Soares e sua equipe, formada por competentes amigos, para a grande comemoração dos quatro séculos.
Ao soprar sua quadringentésima quinquagésima quarta velinha, o Parque recebeu de presente a linda floração de suas especiais moradoras, as cientificamente batizadas Corypha Umbraculifera, popularmente chamadas Palma Talipot, e carinhosamente tratadas como Palma do Amor por seu “importador” Burle Marx, em homenagem à grande idealizadora do parque, sua amiga e contratante Lotta, que vivia – via Mary Morse – um grande caso de amor com a poetisa norte americana Elisabeth Bishop, atitude corajosa para a época e felizmente bem aceita em nosso hoje.
Parabéns “Aterro/Parque” do Flamengo, eu que durante minha infância – anos 50 – e adolescência- anos 60 – vivenciei, in loco, teu nascimento – via desmonte do morro de Santo Antônio – e crescimento- via SURSAN-, participei de tua festa de inauguração 12 e 17 de outubro 1965, namorei muito em teus gramados poetizados pelo grande mestre Gil, me bronzeei ao sol em tua linda praia de areias remexidas pela draga e tecnologias portuguesas, vibrei muito com as vitórias do JC e Santos, times do posto 6 (Copacabana) em que eu jogava nos Campeonatos de Pelada, promovidos pelo “cor de rosa” Jornal dos Sports, e nos jogos das madrugadas entre times “bartrocinados” pelos bares e restaurantes da época, inclusive o Bar Bico que está de portas abertas em Copa até hoje, te parabenizo calorosamente por tuas 454 primaveras, outonos, verões e invernos, recebendo a todos que a ti vão, com tanto carinho.