O filho da mãe é uma produção que mistura musical com stand up comedy da dupla de mãe e filho mais amada pelo Brasil. Paulo Gustavo e Déa Lúcia, a fonte da icônica Dona Hermínia da peça e filme ‘Minha mãe é uma peça’ do comediante, rodaram o país promovendo um encontro delicioso que arrancou gostosas gargalhadas do público com diálogos simples e sem grandes roteiros. E se fosse qualquer outro artista, essa fórmula não ia funcionar.
Primeiro porque Paulo Gustavo é ator, não cantor. O espetáculo é outra homenagem à sua mãe que sonhava em ser cantora e tem como único objetivo divertir e deixar Déa Lúcia soltar a linda – mas não tão profissional – voz. Não é um musical com pretensões de Broadway, tampouco um momento de observar grandes vozes brasileiras. Inclusive, apesar da justificativa da gripe e do uso de corticoides nessa última apresentação realizada no Rio de Janeiro no último domingo, estava bem claro que ele iria desafinar em alguns momentos. Na música Yesterday dos Beatles em homenagem ao seu pai foi até difícil se emocionar, tamanha dificuldade que ele teve para cantar. Mas como ele mesmo disse “O que vale é a intenção”.
E esses detalhes, sendo bem sincera, pouco importou para o público do Brasil inteiro que desembolsou até R$200,00 em um ingresso com meia promocional. As pessoas querem ver qualquer coisa relacionada a Paulo Gustavo, esse artista que, embora já tenha interpretado outros personagens, conseguiu extrair de uma única fonte – sua mãe – piadas tão diversas, interessantes e gostosas de ouvir. Em meio ao turbilhão de vendas do longa ‘Minha mãe é uma peça 3’ ele conseguiu, nesse outro espetáculo, trazer um roteiro fresco e com piadas novas. E isso é espantoso, visto que o “produto” Déa Lúcia vende a exatos 15 anos.
Para quem acompanha a carreira do comediante desde o início como eu, é gostoso de ver o quanto ele amadureceu profissionalmente, principalmente quando perdeu o medo de abraçar a causa LGBTQ’s. Em ‘O filho da mãe’, ele aproveita o gancho da presença de Déa para alertar pais e mães sobre a necessidade de acolher seus filhos LGBTQ’s, porque caso eles não o façam, ninguém mais o fará. A pauta família sempre foi importante para o artista, e agora com o nascimento dos filhos Romeo e Gael, Paulo alcançou outro patamar.
Com 6 milhões de pessoas no cinema com o terceiro filme de Minha mãe é uma Peça, mais de 15 milhões de bilheteria com os três filmes, encerramento de um espetáculo despretensioso como esse com um público de 3.100 pessoas na Barra da Tijuca e novos projetos em mente, temos um dos maiores artistas da atualidade no Brasil. E já ficou provado que, não importa o que ele invente, irá continuar atraindo atenção e carinho do público, e consequentemente, ganhando muito mais dinheiro. Errado não está.