A política carioca volta a ser protagonista

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Palácio do Catete por Halley Pacheco de Oliveira

Por muito tempo, a política carioca perdeu o protagonismo que lhe é de direito – como em muitas outras questões do nosso país. A política nacional foi dominada ao longos das últimas décadas pelo PT e pelo PSDB, ambos originados em SP; seus principais líderes, Lula e FHC respectivamente, também são de lá.

Os sucessores desse antagonismo deram espaço a outros estados: Dilma ao Rio Grande do Sul, Aécio a Minas Gerais. A própria chapa do PSDB para a presidência do ano passado relembrava a antiga política do “café com leite”, que deu espaço a São Paulo e Minas, alijando o Rio de Janeiro. Curiosamente, esses dois partidos têm um histórico quase que inexpressivo no Estado do Rio de Janeiro, pois há mais de 16 anos o Governador não é filiado a nenhum deles. No município, a situação é ainda pior para ambos, posto que sequer candidatos competitivos conseguem lançar.

Bolsonaro e Jean

No entanto, de uns poucos anos para cá, o Rio de Janeiro tem sido protagonista na política nacional, sendo o berço de algumas das figuras mais relevantes (e controversas) do país. Atualmente, o maior opositor ao Governo Federal e representante da ala mais conservadora de nossa sociedade atende pelo nome de Jair Bolsonaro, o deputado federal mais votado do RJ. Mais surpreendente ainda é que o seu ‘arqui-inimigo’ na Câmara, o deputado Jean Wyllys (PSOL), é eleito pelo mesmo Estado. Não sei se os opostos se atraem, mas o Rio certamente tem alguma função nisso aí.

Constantino e Duvivier

Afinal, outros dois colunistas rivais são cariocas: Gregório Duvivier e Rodrigo Constantino! O primeiro, defensor da esquerda e do governo federal; o segundo, um bastião da direita e crítico ferrenho ao mesmo governo. Ambos são cariocas e, inclusive, já trocaram farpas através de seus artigos e postagens – ‘Greg’, por ex., é como Constantino apelidou seu desafeto. Bom, voltemos à política.

House of Cunha

O atual presidente da Câmara Federal e o nome mais relevante, neste momento, da política nacional também é do Rio: o deputado federal Eduardo Cunha. Após anos fazendo um papel de articulador do ‘baixo clero’ da Câmara, lançou sua candidatura este ano para romper com a hegemonia do PT na Casa e implementar um novo ritmo no funcionamento da mesma, com maior autonomia e celeridade, nas suas palavras. Controverso e polêmico, Cunha chama a si os holofotes da mídia e da sociedade, sendo adorado por uns e odiado por outros. Matérias e mais matérias pipocaram sobre seu histórico, comparando-o ao personagem Frank Underwood, da série House of Cards.

Eduardo Paes

Por fim, o nome que pode selar esse movimento: Eduardo Paes, atual prefeito reeleito do Rio de Janeiro. Filiado ao PMDB, o fiel da balança da política nacional, é um nome forte do partido para a disputa presidencial de 2018 – algumas notícias já anunciam sua pré-candidatura, que por enquanto está no campo da especulação. Atualmente, é bem avaliado pela população carioca e terá um divisor de águas na sua carreira no ano que vem: as Olimpíadas. Ali, estarão misturadas duas oportunidades únicas: (i) a de Paes atestar sua popularidade e se projetar definitivamente a nível nacional, e (ii) a do Rio recuperar a si um papel que lhe pertence por natureza de protagonista nacional. Gostem ou não, estes objetivos estão entrelaçados. Aguardemos.

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