Papo de Talarico: Uma viagem para a Terra Negra dos Kawa

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A Terra Negra dos Kawa em texto de Alvaro Tallarico
A atriz Kay Sara em cena do filme (divulgação/Primeiro Plano)

Como explorar nossas riquezas de forma sustentável respeitando o meio ambiente e os povos originários? O Brasil precisa encontrar soluções para progredir sem subestimar ou esquecer a sabedoria ancestral. O que não pode acontecer é o domínio de garimpeiros ilegais e organizações estrangeiras com fins escusos sobre terras brasileiras.

O longa nacional A Terra Negra dos Kawa acaba por abordar esse assunto de uma forma lúdica e ares de ficção científica. No filme, um grupo de cientistas faz escavações em terrenos no interior do Amazonas e acha uma terra preta fértil com poderes energéticos e sensoriais. Faz pensar nas assim chamadas medicinas indígenas como sananga, rapé, ou Ayahuasca, também conhecido como Santo Daime, dentro da linha religiosa.

O filme mostra indígenas contemporâneos que procuram manter seus conhecimentos antigos e ainda se conectam com tecnologias atuais, criando novas formas de se comunicar. Será esse o caminho? Algo como o afrofuturismo? Ao mesmo tempo, vivem de uma forma tranquila e sem pressa, se reúnem com parentes e trocam experiências positivas.

A obra cria uma aura de suspense e ganha tons sobrenaturais e extraterrenos na medida em que avança, mas sem grandes surpresas. Por outro lado, a noção de que somos todos um só e estamos ligados a cada pessoa e ao planeta em que vivemos salta em diversos momentos numa visão espiritual e universalista.

Desmatamento

O filme conta ainda com a participação especial de figurantes e não atores oriundos do Haiti, que contam uma história trágica. Manaus é uma das cidades brasileiras que mais recebeu imigrantes haitianos, por causa do terremoto que ocorreu no país caribenho em 2010 .

Algo que refleti com mais força após ver A Terra Negra dos Kawa foi sobre outra coisa que não pode acontecer: a Amazônia ser berço para criação de gado. O consumo de carne vermelha é cada vez mais relacionado a diversas doenças, além do fato da sensciência comprovada desses animais. A agropecuária é responsável direta ou indiretamente por mais de 90% do desmatamento mundial. Não dá para ser assim.

Afinal, o filme do diretor Sérgio Andrade, após participar de festivais como a Mostra de São Paulo e o Festival do Rio, estreia em circuito nacional dia 20 de abril. No elenco estão Mariana Lima, Felipe Rocha, Marat Descartes, e os Kawa, vividos por atores indígenas da mesma família, Severiano Kedassare, Emerlinda Yepario, e os filhos Kay Sara e Anderson Kary-Bayá, da etnia dos Tarianos. O longa também apresenta atores indígenas das etnias Saterés, Tikuna e Tukanos.

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