
A ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), no Jardim Botânico, retomou o atendimento a alguns planos de saúde graças à parceria com a Rede Valsa, que passou a ser responsável pela gestão do hospital de reabilitação da instituição. O foco principal da nova fase é a desinternação de pacientes que necessitem de reabilitação de alta complexidade de forma intensiva. Além do hospital, os beneficiários dos planos voltaram a ter acesso a consultas e procedimentos como fisioterapia, RPG e outros atendimentos ambulatoriais especializados.
Com mais de 20 setores integrados em seu espaço, a ABBR mantém sua vocação de centro multidisciplinar. Entre os serviços disponíveis estão a fisioterapia, a terapia integrada (STI), a musicoterapia, a enfermagem e o serviço social. A instituição também conta com uma oficina ortopédica própria, que produz próteses, órteses e cadeiras higiênicas sob medida, funcionando em sintonia com os demais setores de reabilitação.
Maior centro especializado do país, a ABBR atende cerca de 1.200 pacientes por mês — a maioria (79,5%) por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) — e realiza cerca de 20 mil procedimentos mensais, incluindo atendimentos de baixa, média e alta complexidade. Só no ano passado, foram mais de 24 mil avaliações terapêuticas, 15 mil consultas médicas e mais de 5 mil dispositivos terapêuticos fabricados em sua oficina.
No entanto, o futuro do atendimento ao SUS é incerto. Segundo João Grangeiro, diretor médico executivo da ABBR, os valores repassados pelo sistema público não cobrem os custos da operação, gerando um déficit anual superior a R$ 7 milhões. “Hoje, recebemos R$ 10 por consulta médica e de R$ 17 a R$ 21 por atendimento fisioterapêutico de alta complexidade. Isso é insustentável. O déficit só tem sido coberto por doações de ex-pacientes e apoiadores da causa”, afirma.
Para manter sua sustentabilidade financeira, a instituição aposta em novas parcerias com o setor privado, que podem incluir desde a formação qualificada de profissionais até a ampliação da oferta de serviços especializados. “Temos um auditório excelente e instalações modernas que podem ser utilizadas como salas de aula, por exemplo. São possibilidades de geração de receita. E mesmo que o atendimento ao SUS diminua, continuaremos oferecendo serviços gratuitos. Somos uma instituição privada e sem fins lucrativos”, explica Grangeiro.
A parceria com a Rede Valsa, agora principal aliada da ABBR, permitiu uma ampla remodelação das instalações, com a modernização do parque tecnológico e aquisição de equipamentos de ponta. O novo modelo de gestão também abriu caminho para outras colaborações, como com a Mediare — clínica voltada para facilitação pedagógica de crianças e adolescentes com foco em autismo — e com o Dr. Jorge Moura, referência nacional em hidroterapia, que assumiu a coordenação da terapia aquática da casa, realizada em uma piscina de mais de 70 metros quadrados.
Apesar dos avanços estruturais, um detalhe chama atenção de quem passa pela sede da ABBR: o letreiro da fachada permanece coberto. O motivo é uma exigência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que ainda analisa a nova proposta de fachada da instituição.
