Em julho, comecei a mergulhar na pesquisa das casas do Machado de Assis, buscando me conectar com seu legado. Foi então que descobri essa joia na Lapa, onde ele residiu de 1874 a 1875.
Ao adentrar aquele lugar, pude imaginar como se as palavras de suas obras flutuassem pelo ar. Ali, naquelas paredes, ele deu vida ao seu segundo romance o “A Mão e a Luva“. Foi ali também que algo dentro de mim despertou, a vontade incansável de conhecer todas as suas casas, de seguir os passos desse gênio literário.
Pode parecer uma paixão extravagante, um objetivo incomum, mas para mim, é a realização de um sonho, de uma aventura. Uma imersão profunda no Rio Antigo que ainda tem a marca do seu encanto nos escombros das ruas vulgares e que passa despercebido aos olhares desatentos.
Ah, aquele dia foi uma verdadeira aventura. Rindo com a ironia do destino, o Google me levou a dois números diferentes da casa do Machado na Lapa. Inicialmente, visitei o endereço marcado oficialmente pela prefeitura. Lá, conheci o Seu Francisco, uma figura peculiar que, ao invés de me fornecer informações claras, acabou me confundindo ainda mais (vocês também terão o prazer de conhecê-lo no destaque “Casa do Machado” no meu perfil do Instagram). No entanto, relendo “Machado de Assis: um estudo crítico e biográfico” de Lúcia Miguel Pereira, me deparo com informação de que em 1874 moravam Machado e Carolina na Rua da Lapa nº 96 (atual nº 264), mudando-se no ano seguinte para o nº 90 (atual nº 242) da mesma rua no segundo andar. Então me pergunto: será que o seu Francisco tinha razão?
No final das contas, valeu a pena visitar ambos os números: o marcado pela Prefeitura do Rio e o do seu Francisco. Cada passo que dei naquele dia ficará gravado para sempre na minha memória, pois cada história vivenciada é parte essencial da própria narrativa. Lembro-me da conversa com seu Francisco, da companhia animada da minha amiga, do intenso calor que abraçava a cidade naquele dia. Tudo fez parte de uma jornada repleta de perrengues e recompensas, culminando na realização de conhecer a casa do grande escritor que tanto admiro.
Você consegue perceber que carregamos conosco as histórias das outras pessoas e as entrelaçamos com as nossas? Para mim, visitar a casa onde Machado de Assis escreveu e viveu com sua amada Carolina foi mais do que uma visita turística, foi uma experiência transformadora. Naquele momento, tornei-me um pouco mais eu mesma, um pouco mais a Fernanda que estou destinada a ser.
E no seu caso, há algum local do Rio Antigo que te faz se sentir mais você?
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Bela matéria! Se perguntar para a molecada de hoje, eles vão saber quem foi Machado de Assis?
se a casa do machado está assim, imaginem de outras personalidades que fizeram e fazem nossa cultura? lamentável.