Alberto Gallo – Especialista em infraestrutura e gestão pública
Na última semana, aconteceu em Roma, o XXVII Congresso Mundial da UNIAPAC, ou União Internacional dos Empresários Cristãos, que é a entidade de empresários e empreendedores, que se dedica ao estudo e difusão da Doutrina Social da Igreja. Estiveram reunidos, em torno de 800 empresários, para meditar sobre a vocação dos líderes empresariais na evangelização do mundo da economia. De como transformar a sociedade através de empresas com valores. O tema do encontro é “Coragem para mudar”, uma coragem para dar os verdadeiros passos necessários para alcançar esta nova economia. O empresário cristão tem a missão de influenciar a comunidade, governos e seus pares no sentido de uma sociedade do bem comum, e não para benefício de suas empresas, lucros e enriquecimento de uns poucos.
O Papa Francisco propôs em 2019 o conceito de nova economia, são provocações relevantes, que visam aumentar a confiança, cuidar da natureza, favorecer os pequenos negócios e trocas locais, valorizar as políticas inclusivas e assim devem ser convertidas em ações pelos empreendedores católicos, pois podem trazer enormes benefícios para a sociedade, para o meio ambiente, para a própria empresa e para todos os que estão vinculados a ela. Para que isto seja possível, é preciso que no país reine um ambiente de paz, harmonia, que favoreça os investimentos, o crescimento econômico e social.
O compromisso da Igreja, através de seus bispos e pastores e do povo cristão é da defesa dos valores morais, fundamentados na lei natural inscrita na consciência de todo ser humano e consolidados na Doutrina Social da Igreja. São estes valores que os empresários cristãos reunidos em Roma nos próximos dias pretendem estudar e colocar em prática para um mundo melhor. E que desejamos que se consolide democraticamente no Brasil pela escolha do povo. Os valores da vida, liberdade, família e tolerância. Debater ideias com respeito e tolerância, sim. E é oportuno, entender essas propostas da Igreja, que não estão ligadas ao momento acalorado de eleições e da discussão partidária. Ao contrário é esperado que os verdadeiros cristãos, vivam a cada dia a construção dos valores de inclusão e não apenas como um discurso para conquistar votos, conforme comentado por muitos líderes religiosos. E a clareza da Igreja de ser contrária a qualquer forma de marxismo e socialismo que propagam a luta de classes e confrontos por conta de pautas aguerridas das minorias que rasgam o tecido social.
Ao longo da história, muitos movimentos religiosos ou interpretações desordenadas foram condenadas pela ortodoxia (do grego – a reta verdade) da Igreja. O Arianismo, Nestorianismo, Monofismo e a Icnoclastia são exemplos de falsas doutrinas que foram combatidas pelas verdades da fé. E mais recente, no século XX, as ideologias marxistas do comunismo e socialismo foram condenadas pelos Papas Pio XII e todos os demais que o seguiram. A chamada Teologia da Libertação foi também considerada de modo equivalente às heresias; por sua visão materialista e ateísta, a luta de classes da escolha do pobre contra o rico e que propõe até “exterminar uma vida” na luta revolucionária pela vida (??!!). O marxismo religioso ainda propõe a revolução do oprimido e a ditadura do proletariado com a supressão da liberdade, a revolução cultural e o combate à família como centro de opressão. Também as ideologias sindicalistas, militaristas, o consumismo e hedonismo, que oprimem o ser humano são condenadas. A verdadeira doutrina cristã oferece ao mundo um modelo de organização social e política, que é a chamada Doutrina Social da Igreja, ou DSI. É uma alternativa ao marxismo já condenado. A democracia surge como modelo de governo e os valores humanistas como meios para gestão social. Desde o Papa Leão XIII no sec. 19 até o atual pontífice Papa Francisco a igreja vem oferecendo ensinamentos como encíclicas, exortações apostólicas, compêndios, cartas pontifícias, homilias; que apresentam toda a beleza da mensagem de Cristo para que os homens.
E dessa forma que a sociedade possa construir um modelo mais justo, com respeito à pessoa humana, a busca do bem comum e da solidariedade. É uma visão que se opõe ao marxismo e ao capitalismo como sistemas econômicos, que reduzem e instrumentalizam a pessoa humana. Em seu discurso, o Papa Francisco reforçou o compromisso da vocação da classe dos empresários e líderes da sociedade para orientar seu esforço nas mudanças sociais que o mundo tanto precisa, para incluir pessoas na prosperidade e também da proteção ao meio ambiente. Da coragem para mudar: “A Graça de Deus permite guiar as relações dentro do mundo dos negócios para se criar uma nova economia para o bem comum, mesmo diante de tantos desafios para colocá-la em prática”, ponderou o Papa
A Uniapac representa mais de 45 mil executivos da Europa, América Latina, América do Norte, África e Ásia. O organismo procura promover a visão dessa economia a serviço da pessoa e do bem comum. O Papa vai além e pede que também seja integrada a uma “economia de cuidado”, inclusive do meio ambiente, sem destruir a criação.
Esse é um dos pontos principais do Pacto assinado no fim de setembro, em Assis, por mil jovens economistas e empreendedores para melhorar o sistema econômico global. O Papa recordou essa ideia na audiência de hoje. Trata-se da “economia do Evangelho”, ou seja: uma economia de paz, que cuida da criação, a serviço da pessoa, que não deixa ninguém para trás, que reconhece e protege o trabalho decente e seguro para todos e na qual as finanças são amigas e aliadas da economia real e do trabalho.
No Rio de Janeiro os empresários cristãos se reúnem na ADCE/Rio, para troca de experiências, estudos da doutrina social e no programa “Empresas de Valor”. Interessados podem fazer contato pelo e-mail: galloinfra@gmail.com, que enviaremos maiores informações.
Nosso desafio é de mudar a visão de economia atual onde cada grupo só pensa em acumular riquezas e poder egoisticamente, sem parâmetros éticos ou humanísticos, para um novo tempo em que a vida e o acesso à vida digna possa ser um bem de todos.