Andréa Nakane: A face mascarada e tradicional do Carnaval Carioca

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre o carioca no Carnaval

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Foto: Divulgação/Revelação de Bento Ribeiro

Muitos cariocas têm medo. Outros admiram as vestimentas coloridas e os acessórios, que incluem bolero bordado, luvas, apito, bexiga para bater no chão e até uma espécie de sombrinha. Muitos incluem até aromatização nas fantasias, que exalam perfumes distintos.

Seu nome não é único… são conhecidos como Bate-bola, Clóvis, Rodados ou Bicho-papão do Carnaval, e tornaram-se um dos mais tradicionais personagens da folia de Momo no Rio.

Seu ingresso no carnaval carioca tem algumas versões. Uma delas remete ao começo do século passado, quando os eruditos chamavam os foliões fantasiados de “Clown”, vocábulo em inglês que significa “palhaço”. Porém, como os brasileiros da época, não eram muito familiarizados com a língua inglesa, passaram a chamar os “Clown” de “Clóvis”.

Outra história menciona que seu surgimento sofreu a influência da colonização portuguesa e de outras festas como a folia de reis e seus trajes coloridos. E há ainda indícios que escravos libertos, que por vezes eram perseguidos impiedosamente pela polícia, vestiam as fantasias para poder brincar livremente o carnaval e, usavam a batida enérgica da bola no chão para protestar contra a opressão e preconceito. Há um detalhe, nesse período a bexiga era confeccionada com a tripa dos bois, hoje o material é sintético.

Geralmente a diversão é em grupo, predominantemente, compostos de homens, moradores do mesmo bairro, com idade entre 25 e 40 anos que se unem para brincar o carnaval com trajes temáticos. As turmas possuem um líder –responsável pela decisão do tema e organização de festas e saídas – e nomes criativos como Inspiração, Zorra Total, Tropa do Beco, Foice, Kuka, Bombardeio, Abusados, entre tantos outros.

Assim, como acontece no futebol, a paixão pelo Bate-Bola passa de pai para filho, principalmente nos subúrbios cariocas, nas zonas norte e oeste e também na baixada fluminense. Em 2012, a Prefeitura declarou os grupos de Bate-Bolas como Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial.

 O decreto foi fundamentado pela importância desses grupos como personagens típicos do carnaval que traduzem o estilo alegre e irreverente das comunidades festejarem. E, ainda, a capacidade popular de produzir uma manifestação tradicional como forma de resistência à massificação da folia.

Thiago Madureira Pereira, 39 anos é um legítimo e entusiasta representante desse divertido costume. Desde 2003, seu grupo Revelação de Bento Ribeiro anima as ruas do seu bairro.

“Aqui no subúrbio carioca, crescemos pensando em sair de bate-bola, é uma paixão que vem de berço, que passa de pai para os filhos e com isso ficamos ansiosos para chegar a hora da saída, e acender fogos para mostrar o bate-bola para todos.”, declara Thiago Madureira Pereira.

Para o Carnaval 2023, Thiago Madureira Pereira não deixa escapar nenhum spoiler com relação ao modelo da fantasia que irá usar, mas não deixa de prometer novidades na performance do grupo, justamente para surpreender os demais coletivos adversários.

“Espero que seja um Carnaval de paz e harmonia para todos, e que a Turma Revelação, de Bento Ribeiro, seja a mais bonita como sempre”, diz confiante, Thiago Madureira Pereira.

É isso aí… muita diversão, com muita irreverência e paz, no melhor “carioca way of life” proporcionando, assim um Carnaval memorável, resgatando nossas melhores tradições, no ritmo da festa que é um dos maiores espetáculos populares da Terra.

Vamos colocar a fantasia e extravasar nosso espírito repleto de alegria lúdica!

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Andréa Nakane é carioca, apaixonada pela Cidade Maravilhosa, relações públicas, professora universitária, Doutora em Comunicação Social e Mestre em Hospitalidade.Embaixadora do RJ. Vive há 20 anos em Sampa e adora interagir com pessoas singulares que possam gerar memórias afetivas construtivas.

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