Rodrigo Rezende, 49 anos, típico carioca da Zona Sul, nascido no Leblon e criado no Jardim Botânico, é o atual presidente da Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira e sabe da importância de pensar o Carnaval, muito além do seu período de calendário.
Apaixonado por praia, surf e, é claro, Carnaval, Rodrigo Rezende, logo, desde cedo, se tornou figura presente em diversos blocos tradicionais do bairro de sua moradia, como o Suvaco do Cristo. Sua veia carnavalesca, também, foi herança de família. Rodrigo Rezende, é filho de Luiz Eduardo Rezende, um jornalista que foi jurado do sambódromo por 27 anos.
Atraído pela cultura, Rodrigo Rezende é formado em produção e atuou fortemente no cenário musical independente, chegando a ser responsável pela agenda de shows do lendário Circo Voador, onde também foi membro da diretoria entre 2004 e 2009.
Trabalhando com projetos culturais ligados a música no Rio de Janeiro e em outros estados brasileiros, em 2010 Rodrigo Rezende começou na organização da folia de Momo auxiliando a organização dos amigos e vizinhos no bloco Vagalume O Verde, do Jardim Botânico.
Em 2012, teve a ideia de unir vários músicos e produtores independentes que agitavam o Carnaval. A reunião se transformou na Liga Carnavalesca dos Amigos do Zé Pereira, que reúne nove dos principais blocos da retomada do Carnaval de rua.
Como presidente da Liga do Zé Pereira, Rodrigo Rezende a descreve como uma amostra da diversidade que reflete o carnaval de rua carioca: blocos de samba tradicional, de bairro, temáticos e outros que não se encaixam em nenhum perfil.
“O objetivo da Liga é ajudar na organização geral dos blocos, fortalecendo o posicionamento junto às forças públicas e a captação de recursos para manter a tradição dessa autêntica e festiva manifestação popular”, declara Rodrigo Rezende.
Atualmente, a Liga dos Amigos do Zé Pereira é considerada uma das associações carnavalescas mais organizadas da cidade. E, esse ano arrastou a marca superior de 1,5 milhão de pessoas. A entidade é formada pelos blocos: Orquestra Voadora, Cordão do Bola Preta, Céu na Terra, Vagalume O Verde, Toca Rauuul, Quizomba, Laranjada, Último Gole e A Rocha.
Com a retomada dos blocos de rua em 2023, Rodrigo Rezende marcou a sua atuação frente a três importantes projetos carnavalescos: a produção do desfile do tradicional Cordão do Bola Preta, a direção artística do Casa Bloco (organizando shows e oficinas) e o Carnaval nas Redes, da prefeitura do Rio.
“O carnaval de rua do Rio é a festa mais democrática do mundo. E o bloco de rua oferece essa diversidade. É um momento de brincadeira e sorrisos com pessoas totalmente diferentes, que estão ali pelo mesmo propósito: se divertir. Passamos um período muito difícil, e, agora, foi um momento de retomar os abraços e nos reencontrar, valorizando a qualidade empática do carioca folião. Essa é a maior magia do carnaval”, afirma Rodrigo Rezende.
E como balanço da festa em 2023, Rodrigo Rezende é categórico, ao afirmar que o Carnaval precisa ser amparado por leis, que ultrapassem temporalidade de gestores.
“O carnaval de 2023 foi emocionante, um carnaval de reencontros como chamamos nosso projeto deste ano. Acredito que não poderia ter sido melhor, muita gente preocupada com a retomada, de ficar grande demais, mas ficou estável em termos de público. O que precisa melhorar para o ano que vem é a agilidade da Riotur na gestão.” posiciona-se Rodrigo Rezende.
Essa questão está diretamente relacionada ao excesso de regramentos, que segundo Rodrigo Rezende pode afugentar os blocos tradicionais que não querem chegar a um nível alto de profissionalização, sem a intenção de se tornar uma verdadeira S.A.
E a sensibilidade de compor um Carnaval plural, também no quesito de gestão dos blocos, permitindo espaços distintos para seus diversos tamanhos, deve se tornar uma estratégia mais bem articulada envolvendo todos os atores da festa.
Pois é… o exitoso Carnaval de 2023 já passou… mas a cabeça dos amantes e protagonistas da festa que é a cara do Rio – sobretudo quando permite que os foliões se apoderem dos espaços de sua cidade – já começa a fervilhar pensando em aperfeiçoar o que já está bom, mas, pode atingir ainda mais excelência em 2024.
E que bom que temos profissionais como o Rodrigo Rezende que vive e trabalha com seriedade, não só nos quatro dias da folia, mas empenha-se outros 361 dias para que um dos maiores espetáculos da Terra ocorra de forma deslumbrante, consciente e alegre.