Rosemeyre Maciel Abdalla, 58 anos, carioca, moradora de Ipanema, atriz e diretora, desde menina revelou-se apta a trilhar o universo artístico.
Durante o período que viveu parte de sua infância, no litoral de São Paulo, em Santos, com dez anos Rose Abdalla já fazia aulas de canto e violão, mas ao receber um convite de um colega para acompanhar o ensaio de uma peça teatral na escola, ela se encantou com o universo cênico e atendeu seu chamado, não mais se distanciando do mesmo.
Rose Abdalla até chegou a cursar arquitetura, mas seu enlace com as artes há muito já tinha sido sacramentado. Essa trajetória na graduação é similar a tantos outros artistas, que pela pressão e convenção da família, os orientava em investir em uma formação tradicional, para não ficar à mercê da inconstância da vida de artista, que ora tem trabalho, ora não tem… mas no mundo volátil da atualidade, poucas são as profissões que carregam essa garantia, porém a situação continua se repetindo com muita frequência como outrora.
Rose Abdalla tem já uma sólida carreira, no cinema, televisão e principalmente no teatro, o qual considera como sua grande escola cênica.
No cinema atuou em grandes sucessos como Tropa de Elite 2 – o inimigo agora é outro, de José Padilha, Feliz Natal, o primeiro longa metragem de Selton Mello, Arca de Noé e strovengah – amor torto, ambos de seu grande amigo e incentivador, André Sampaio.
A televisão também já foi alvo de suas incursões artísticas, mas é no teatro, que Rose Abdalla tem sua aliança plena.
“Eu tive grandes mestres nacionais e estrangeiros, mas meu grande mestre, meu mentor maior em teatro foi o Abujamra, Antônio Abujamra. No Rio eu tenho uma companhia de teatro que se chama Fodidos Privilegiados, tem 20 anos, e eu estou nessa companhia há 17. Foi o Abu que batizou o nome do grupo. Fodidos porque fazem teatro no Brasil, Privilegiados porque fazem teatro no Brasil e conseguem fazer”, conta Rose Abdalla.
Na pandemia, Rose Abdalla, sobretudo na primeira onda, permaneceu boa parte do tempo em sua residência, de onde promoveu algumas lives, fez uma leitura dramatizada de Ata-me as Mãos aos Pés da Cela, uma livre adaptação de Medéia, gravada na plataforma Zoom e de uma peça Follow-me baby na Pandemia, toda gravada em casa, com celular e ambas com o vírus Sars-CoV2 (Covid-19) inserido na dramaturgia. No segundo semestre de 2020, Rose Abdalla fez uma novela na Record, Amor Sem Igual.
Em 2021, Rose Abdalla gravou uma breve participação em Genesis, novela da Record e está em duas peças online, Follow-me baby e Unplugged, gravadas no teatro e selecionadas pela Lei Aldir Blanc RJ, disponibilizadas no YouTube e, nesse momento, Rose Abdalla participa da 4º temporada do seriado Sob Pressão, em gravação e sem data confirmada para a estréia na Rede Globo.
Mesmo profissionalmente não permanecido estagnada, Rose Abdalla confessa que : “Do ponto de vista pessoal, é como a canção do Cazuza , dias sim dias não. Um vazio barulhento interno me consome, dependo de aglomeração tanto para trabalhar como me divertir e desopilar o fígado, amo estar no palco, no set ou estúdio, como adoro estar na platéia de um teatro ou cinema … aglomeração é a palavra chave da minha existência, e encarar mais um ano quiçá dois, tem sido duro, bem dura essa realidade porque inclusive meu ofício proporciona arte, educação, cultura e aglomeração tudo junto e misturado, e chega um momento que online cansa, é muita energia investida sem retorno do público, que é a grande fonte para recarregar a bateria.”
Rose Abdalla, assim, vai seguindo, atuando, fazendo o que gosta, vivendo de sua arte, mas repleta de saudades do contato, do face-to-face com o público.
Sua relação com o Rio de Janeiro é tão intensa quanto com o seu ofício.
Rose Abdalla se considera uma sortuda por viver na cidade, dona de uma natureza esplendorosa, divina e maravilhosa. Mas, lamenta a política violenta que só dilacera sua terra natal, permitindo que a ausência de investimentos básicos na saúde, educação e cultura, originem não só um povo doente, acuado e muitas vezes descrente, mas também uma cidade que clama por mudanças para alterar o rumo no qual está sendo conduzida e que há muito vem sendo castigada e destratada.
Mas, como Rose Abdalla acredita que Artes e Rio, evoquem um casamento perfeito, digamos, que é possível uma guinada, um renascimento de todo esse caos percebido e sentido.
Certamente, um pensamento presente na mente e no coração de cada carioca, que assim como Rose Abdalla, sabe o privilégio que é viver nessa cidade incomparável, que brilha, até mesmo com as luzes apagadas, regozijando-se com os aplausos e incentivos de todos nós, que a admiramos e a temos como palco de nossas vidas.
Por isso aplausos para o Rio e também para Rose Abdalla!
Acompanho a Rose faz tempo — começamos a carreira na mesma época e também já contracenamos — e adorei muito ler essa matéria com ela. Sou fã declarado. Rose merece todos os aplausos do mundo.
A primeira vez que vi Rose Abdallah no palco, foi em 2006, pelo projeto Palco Giratório, e fiquei encantada com tanto talento e disciplina. Ainda bem que, na época, fui o anjo que acompanhou a Cia. e nos tornamos muito amigas. Não perco 1 espetáculo que ela atue. Além de Diva e amiga, minha maior fonte de inspiração poética.