Alessandro Pavan, 41 anos, é natural do interior de São Paulo, Campinas e há 5 anos, em função de sua profissão, analista de sistemas, foi transferido para o Rio de Janeiro e optou por morar em Laranjeiras.
Toda mudança de cidade ao mesmo tempo que pode ser uma aventura prazerosa, traz consigo uma certa insegurança, justamente pelo desconhecido que lhe aguarda.
Sentir-se acolhido e especialmente integrado a uma determinada comunidade é um dos recursos que podem ser utilizados para mitigar esse receio. Em um centro urbano, as ligações com seus pares mais próximos, os vizinhos, infelizmente, acabam sendo entrelaçadas em contatos muito superficiais e até mesmo automáticos.
Com o advento das redes sociais, há diversas possibilidades de resgate desse espírito de pertencimento. Especificamente abordando o facebook é possível encontrar comunidades de bairros, permitindo que moradores daqueles territórios possam estar mais unidos e dessa forma, muito além de pedir uma xícara de açúcar, trocar ideais, recomendações, estender as mãos uns aos outros, enfim, viver realmente o espírito da boa vizinhança.
Alessandro Pavan é um exemplo não só da importância de ser acolhido, mas da maneira que pode transformar essas conexões, além da sua função utilitária e funcional, como um espaço apaziguador de tantas intolerâncias, conflitos até mesmo agressivos, que geram inimizades e energia muito negativa para todos.
Justamente no momento inicial da pandemia, Alessandro Pavan criou um personagem, o FQ (omitiremos o codinome, para justamente não estragar a brincadeira) com viés de muito humor que interage com a comunidade do seu bairro, com um verdadeiro caráter de propiciar momentos alegres, mais leves e menos conturbados.
FQ, que se intitula CEO, tem suas postagens cunhadas com temas atuais e que geralmente extraem sorrisos, com pitadas hilárias. Por exemplo, em uma participação de FQ em dezembro passado, ele postou uma coxinha de galinha, salgado muito amado pela maioria das pessoas, com recheio transbordando de passas e indagando: Algum advogado online pra me dizer quantos anos de cadeia pega um monstro desse? Isso é um crime bárbaro !”
Esse post deve 661 reações, 229 comentários e 20 compartilhamentos.. tudo muito orgânico, autêntico, o que sabemos que é raridade nesse meio tecnológico.
Em outra postagem FC requisita: “ Vizinhos boa noite, alguém pode me emprestar 40 gotas de Luftal ? Estou com gases… Att”
E assim Alessandro Pavan criou uma identidade que faz sucesso entre o grupo e suas participações acabam por gerar boas interações e com muita diversão.
“A maioria das pessoas que eu interajo são pessoas de idade, que estão presas dentro de casa há um tempo expressivo, muitos sem contatos presenciais com seus familiares, e isso acabou ajudando a elas a se distraírem, e consequentemente vem colaborando na superação desse momento.” , revela Alessandro Pavan.
Claro que há alguns membros do grupo que até já reclamaram com os administradores, pois desconfiam desse personagem e não gostam dessa abordagem, mas o número é mínimo se comparado com as curtidas e engajamentos de tantos outros integrantes em cada participação do FQ na comunidade. E Alessandro Pavan sabe que agradar gregos e troianos é utopia plena e por isso mesmo não se sente incomodado.
Alessandro Pavan, ou melhor, seu personagem FQ, não pretende conhecer pessoalmente seus vizinhos, já que manter a fantasia com relação a essa persona é vital para a continuidade da comunicação despretensiosa que está gerenciando. Além disso ele confessa que sua namorada é muito ciumenta e isso poderia gerar prejuízos imensuráveis…rsrs
Já bem familiarizado com a cidade, Alessandro Pavan declara que o que ele menos curte no Rio é a desigualdade social que resulta na maioria dos problemas que maculam a beleza do município e, confessa que o que mais gosta no carioca way of life é o próprio carioca, que, segundo sua percepção, é um povo mais aberto à amizades, menos desconfiado, com alto astral e muito solidário.
E a gente acompanhando a trajetória do Alessandro Pavan, por meio do seu personagem CEO, já tem quase uma certeza absoluta, que mesmo ele sendo paulistano, já incorporou a alma do carioca e pode ter o orgulho de pertencer a essa tribo que puxa o ssss, lança moda despojada, aplaude o pôr do sol e não desiste jamais, apesar de todos os trancos que recebe.
Ah… Alessandro Pavan, muito importante… é biscoito, viu? Não é bolacha… bolacha aqui é outra coisa!!!!
Vai um biscoito Globo, aí?
Nós não temos bolacha, mas não falta em nenhuma lanchonete o infame tapa na cara…