Após 20 anos interditado, Oratório da Rua do Carmo será reinaugurado em outubro

A relíquia católica é a única remanescente dos setenta e três oratórios existentes na cidade no tempo dos vice-reis, em torno dos quais - sempre acesos à noite - a população se reunia

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Obra de restauro do Oratório da Nossa Senhora da Boa Esperança, localizado no Centro do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Com reinauguração marcada para 15 de outubro, o Oratório da Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança, que pertence à Igreja da Venerável e Arquiepiscopal Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, localizada na Rua do Carmo, nº 38, no Centro do Rio, está em fase final de restauração. Depois de mais de 20 anos de ausência, o Rio de Janeiro passará a contar com a relíquia católica construída no final do século XVIII, em estilo colonial barroco, com materiais provenientes da Europa. A expectativa é de que a completa revitalização do monumento, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), aconteça até o final de setembro. Uma grande comoção nacional em prol do restauro do Oratório ocorreu depois da publicação de uma denúncia aqui no DIÁRIO.

O oratório é o único remanescente dos setenta e três oratórios existentes na cidade no tempo dos vice-reis. A condição foi assinalada pelo arquiteto Augusto Silva Teles, em um texto que ele escreveu 1979, a partir de escritos históricos.  A também arquiteta, conservadora e urbanista Yanara Costa Haas, ressaltou a importância da restauração e entrega do monumento à cidade e aos fiéis católicos.

“Ele foi o único que ficou funcionando completamente para as procissões públicas e as devoções à Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança, que é a santa que ocupa esse oratório. Há uma importância histórica de se restaurar e devolver isso para a população como um todo, não só como ornamento histórico e cultural, mas também a devolução a uma devoção católica, para quem é devoto da Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança”, afirmou a arquiteta em entrevista à Agência Brasil.

A revitalização do monumento teve início em, 10 de julho deste ano, depois de 60 dias de prospecções diagnósticas e aprovação do projeto de restauro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (Inepac) e Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), e da denúncia do DIÁRIO DO RIO.

“Todas as prospecções, inclusive as laboratoriais, nós levamos 60 dias e estamos levando 60 dias para fazer o restauro. Encontramos nessa estrutura muitas partes em cimento, a estrutura originariamente é feita com tijolos maciços e totalmente revestida com argamassas de cal. O que encontrei foram muitas argamassas de cimento no lugar onde a cal já não existia. Fizemos toda a remoção, inclusive de ornatos”, comentou Yanara Costa Haas, que trabalha na empresa Restauro Carioca e está à frente da equipe de revitalização da relíquia que, nos últimos 20 anos, ficou protegida por tela e um andaime suspenso para acesso à fachada da Rua do Carmo.

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O oratório estava assim há mais de 20 anos, antes de ser efetivamente iniciada uma restauração / Foto: Diário do Rio

“Ele estava íntegro, tinha uma fissura na cobertura, porque a cobertura em si abriu por conta do material que estava lá. Agora a gente já fechou e fez a remoção de toda a argamassa espúria e um trabalho desde o tijolo com uma argamassa nova nas mesmas técnicas originais”, disse Yanara Costa.

Construído em alvenaria e pedra, o oratório conta com fachadas para dois lados, decoradas com ornatos em massa, azulejos holandeses e alemães brancos e azuis e cantaria – blocos de rocha talhados. A relíquia está sobre um arco de pedra na parte superior da porta para uma servidão – passagem entre a antiga Catedral e a Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (hoje interditada), que ligava as ruas Primeiro de Março e do Carmo. A passagem, atualmente, está fechada com portões nas duas extremidades.  Apenas as igrejas podem usá-las. Na parte superior do oratório há uma cruz e embaixo da qual há uma redoma, ornamentada com azulejos, com a imagem da Nossa Senhora.

“Em Ouro Preto, Minas Gerais, tem muitas igrejinhas com oratórios em esquinas. Você vai passando pela cidade olhando para cima e encontra vários desses oratórios”, comentou Yanara, acrescentando que foi Pedro Álvares Cabral o propagador da devoção à Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança. “Essa devoção faz parte então de ter se criado um oratório para uma Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança. Os estudos históricos dizem que Cabral foi a primeira pessoa a trazer para o Brasil a devoção à imagem da Nossa Senhora”, explicou a arquiteta.

Yanara Costa Hass tem uma longa experiência em restauração de obras patrimoniais históricas, tendo atuado, por mais de 30 anos, como conservadora do Iphan. Há 11 anos, Yanara coordena a área de arquitetura do Sítio Roberto Burle Marx. A arquiteta trabalhou nas restaurações dos elementos pétreos do Palácio Itamaraty, no centro do Rio; na escultura em mármore carrara Meteoro do lago externo no Itamaraty, em Brasília; e no prédio da Agência Central dos Correios, na região da capital fluminense.

De uns tempos pra cá, a restauração de templos e arquitetura católica tem atraído muita atenção na mídia, como no caso da recém recuperada Igrejinja dos Mercadores, na rua do Ouvidor, a Igreja de São Cristóvão, de São Pedro no Encantado e também muito se fala na possível recuperação da Igreja de Nossa Senhora do Paraíso, junto ao INTO.

Com informações da Agência Brasil.

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1 COMENTÁRIO

  1. Que excelente notícia! Mas, torço também que seja reaberta a igreja de Nossa Senhora Da Imaculada Conceição e Boa Morte…na esquina da r. Rosário com Av. Rio Branco. Está fechada a mais de 03 anos…da Pandemia para cá.

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