Nesta quarta-feira (15/06), a secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio) confirmou o primeiro caso da varíola do macaco (monkeypox) na cidade. Trata-se de um homem brasileiro, de 38 anos, residente em Londres, que chegou ao Brasil em 11 de junho e procurou atendimento médico no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) no dia seguinte da sua chegada (12/06). Com a notícia, muitas pessoas se assustaram e buscaram saber mais sobre a doença.
Apesar de estar sendo muito falada, a doença não surgiu agora. A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano dessa variante foi registrado em 1970 no Congo. Posteriormente, foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental.
De acordo com o Instituto Butantan, esse tipo de varíola é causada por um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos. Trata-se de uma “zoonose silvestre” que, apesar de em geral ocorrer em florestas africanas, teve também relatos de ocorrência na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e, mais recentemente, na Argentina.
Porém, não há motivo para pânico. Segundo explicou o médico infectologista do Hospital Universitário de Brasúlia (UnB), André Bon, à Agência Brasil, “de maneira pouco frequente essa doença é grave. A maior gravidade foi observada em casos de surtos na África, onde a população tinha um percentual de pacientes desnutridos e uma população com HIV descontrolado bastante importante”.
O grupo que corre maior risco são as crianças. Quando a contaminação abrange grávidas, o risco de complicações é maior, podendo chegar a varíola congênita ou até mesmo à morte do bebê.
“Existem dois tipos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central). Embora a infecção pelo vírus da varíola dos macacos na África Ocidental às vezes leve a doenças graves em alguns indivíduos, a doença geralmente é autolimitada (que não exige tratamento)”, explica o instituto Butantan.
A varíola dos macacos é uma “doença febril” aguda, que ocorre de forma parecida à da varíola humana. O paciente pode ter febre, dor de cabeça, nos músculos e nas costas. As lesões na pele se desenvolvem inicialmente no rosto para, depois, se espalhar para outras partes do corpo, inclusive genitais. Casos mais leves podem passar despercebidos e representar um risco de transmissão de pessoa para pessoa.
No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis, informa o Butantan. Uma medida para evitar a exposição ao vírus é a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel.
O período de incubação da varíola dos macacos costuma ser de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, conforme relato do Butantan. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.
Macaco não é o principal hospedeiro
Apesar do nome, a principal suspeita é de que os hospedeiros do vírus sejam majoritariamente roedores silvestres africanos – ratos e esquilos das florestas ainda pouco conhecidos. O macaco até pode ser infectado, mas, ao que tudo indica, não é ele o principal hospedeiro natural. É importante ressaltar que os macacos – e quaisquer outros animais – não têm culpa pela doença e não devem ser alvo de nenhum tipo de ataques.
O nome surgiu em 1958, quando o vírus foi isolado pela primeira vez. Para isso, os pesquisadores utilizaram um macaco cinomolgo (Macaca fascicularis), espécie natural da Ásia.