Área abandonada na Praça da Cruz Vermelha aguarda projeto ‘Inca do Futuro’ há mais de 10 anos

Mais de uma década se passou desde a promessa do "INCA do Futuro" e desde então a população local lamenta a ausência de progresso e o espaço abandonado, que acaba gerando diversos transtornos

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Manifestantes em Frente ao Antigo IASERJ / Foto: Rafael Daguerre - Mídia1508

Uma vasta área na Praça da Cruz Vermelha, no coração do Centro do Rio, delimitada pela Avenida Henrique Valadares e pelas Ruas Conselheiro Josino e Washington Luís, segue desocupada há mais de 10 anos. Este terreno, originalmente cedido pelo Estado à União, já foi ocupado por anos pelo Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (IASERJ), o qual foi demolido no final de 2012 para dar espaço ao projeto do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Na época, o plano envolvia a construção de um complexo de pesquisa, com um custo estimado em R$ 500 milhões, que centralizaria as atividades atualmente dispersas em 18 unidades do instituto na cidade. No entanto, mais de uma década se passou desde então a população local lamenta a ausência de progresso e o vasto espaço abandonado, que acaba gerando diversos transtornos. A insegurança, em particular, se tornou um problema que afeta a a região.

Com mais de 14 mil metros quadrados, essa área ocupa praticamente todo o quarteirão adjacente à sede do INCA. E após inúmeras reclamações, o terreno, que anteriormente estava apenas cercado por tapumes, finalmente foi murado. O matagal que havia tomado conta foi cortado, mas retornou a crescer. Os residentes locais relatam preocupações com a segurança e o aumento dos assaltos na região.

Um grande polo de venda de materiais de construção das Ruas Frei Caneca e General Caldwell, nas proximidades do terreno, sofreu um grande baque com os efeitos da crise econômica que assolou o Estado desde 2015. A pandemia também veio a contribuir com o esvaziamento da região, que tem uma quantidade enorme de lojas vazias, anteriormente ocupadas por pequenos e gigantes comerciantes do segmento.

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, o arquiteto e urbanista, professor da PUC-Rio, Roberto Anderson, expressou sua preocupação com o abandono: “Eu sinto muito que o governo do Sérgio Cabral tenha aceitado desvestir um santo para (não) vestir outro. A causa do Hospital do Câncer é nobre. Mas ali havia um hospital funcionando e hoje não há nada, só um terreno vazio. Essa ausência de atividade em quase toda a quadra degrada a vizinhança. As calçadas no entorno são intransitáveis, pela sujeira que se acumula naturalmente e por aquela deixada pela população de rua. É inacreditável que tanto tempo já tenha se passado sem uma solução.”

Quando finalmente a extensão do hospital do câncer for edificada, será muito importante que o projeto da nova edificação considere a existência de sobrados e prédios pequenos da vizinhança, assim como a grande sinagoga, sem romper de forma abrupta essa escala.” complementou

Conhecido como o “INCA do Futuro” o projeto visa reunir todas as unidades de saúde e pesquisa do instituto, atualmente dispersas em prédios localizados em Vila Isabel, Santo Cristo e no Centro do Rio, em um único local. E desde o início, o objetivo era centralizar as áreas de pesquisa, assistência médica, ensino, prevenção, vigilância e detecção precoce do câncer.

Segundo uma reportagem do Jornal Extra, em 2015, o INCA que estava em fase de elaboração um edital de licitação para a contratação de uma empresa que daria continuidade às obras. Naquele mesmo ano, foi assinado um contrato emergencial com duração de 90 dias para escoramento do solo, a fim de evitar desmoronamentos. E apenas a fase de escoramento saiu do papel.

Enquanto as obras continuam no campo das ideias, os pacientes enfrentam a sobrecarga das unidades do INCA. A falta de vagas no instituto força os pacientes a se direcionarem para outras instituições, incluindo algumas que não são federais, complicando ainda mais a situação de saúde pública na cidade.

O destino do “Inca do Futuro” permanece incerto, enquanto a população carioca aguarda ansiosamente a concretização desse projeto.

Em nota, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esclareceu que as obras foram retomadas e estão em andamento. E além disso, reforçou que segue zelando pela manutenção da área. Leia a nota na íntegra:

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) esclarece que a retomada das obras do Campus do INCA foi incluída no Novo PAC do Governo Federal e a atualização dos projetos está em andamento, ajustando-se às modificações de Normas Técnicas e legislações pertinentes em relação ao projeto original da obra paralisada em 2015.

Nesse contexto, o INCA esclarece que segue realizando as ações de preservação do local, com a manutenção do muro de proteção, iluminação do perímetro e a limpeza do espaço, sendo esta última feita periodicamente.

O Campus INCA será um moderno e completo centro de desenvolvimento científico e de inovação tecnológica para o controle do câncer no País. Ele vai concentrar as áreas de pesquisa, assistência, educação, prevenção, vigilância e detecção precoce e integrar as unidades do Instituto, facilitando aspectos de logística e investimentos tecnológicos.

O INCA reforça ainda que o empreendimento promoverá a revitalização do ambiente externo ao empreendimento, trazendo mais fluxo urbano, iluminação e segurança para o entorno.”

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