O bairro de Ramos tem som próprio. Não só do samba da Imperatriz Leopoldinense, campeã do Carnaval de 2023, mas de muitas outras amplificações.
Contudo, o samba passa na frente. Além da Imperatriz, há o Cacique de Ramos, fundado em 1961, que tem sede em Olaria, mas leva o nome do bairro. Do Cacique saíram incontáveis nomes do samba e da música popular brasileira, como Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, entre outros.
Quem compôs o hino de Ramos foi ninguém menos que Pixinguinha, um dos maiores artistas da história da música em todo o mundo. Este fato se deu em 1965, quando o bairro celebrou 80 anos de existência. A letra foi do professor Alberto Lima e tinha a frase “Ramos, Ramos, nós te adoramos”.
Pixinguinha morou em Ramos. De acordo com dados divulgados disponíveis no site do Instituto Moreira Sales, “em 30 de maio, a Rua Belarmino Barreto, onde Pixinguinha vivia com Betty [esposa] desde 1939, é rebatizada com o nome de Rua Pixinguinha, por iniciativa do político Odilon Braga, um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN). A festa de inauguração da placa tem direito a um palanque montado em frente à casa de Pixinguinha e discursos como o do prefeito do Rio de Janeiro, Francisco Negrão de Lima, que depois se aventura bebendo cachaça e tentando tocar pandeiro. No meio de toda a confusão, a placa desaparece (feito que depois seria reivindicado pelo pesquisador Lúcio Rangel, com sua mania de colecionar objetos dos grandes nomes da música brasileira). Foi preciso encomendar uma segunda, que seria afixada no muro com os dizeres ‘Rua Pixinguinha (musicólogo)’. Não se sabe quem foi responsável por qualificar Pixinguinha como ‘musicólogo’, mas é provável que a pessoa tenha tomado essa decisão (equivocada) por achar que ela daria mais status ao homenageado do que chamá-lo de ‘músico’, ou ‘arranjador’, ou ‘compositor'”.
(Prefeito bebendo cachaça e se atrevendo a tocar pandeiro… essa história continua acontecendo hoje em dia).
Outro compositor histórico que tem forte relação com Ramos é Heitor Villa-Lobos. Ele frequentava o bairro para visitar amigos e por lá acabou conhecendo sua esposa, Lucília Guimarães Villa-Lobos. Villa-Lobos foi um dos fundadores do bloco carnavalesco Recreio de Ramos.
Em 2009, a Imperatriz Leopoldinense, com o enredo “Imperatriz… só quer mostrar que faz samba também”, homenageou o bairro de Ramos na Sapucaí.
Em 2023 voltou a ser campeã do Carnaval para reforçar toda a musicalidade do bairro. Aumenta o volume que Ramos está em festa. Merecido demais.