O tradicional Banco Cédula, que já funcionou como uma grande financeira na época do boom das lojas de empréstimos e durante décadas atuou emprestando dinheiro à empresas conhecidas tomando seus imóveis como garantia, pode estar prestes a ser vendido. A informação ainda não está confirmada, mas o mercado aponta que o ex-CEO de Bait e Gafisa, Henrique Blecher, estaria negociando a aquisição do banco, que tem sede na rua Gonçalves Dias, próximo à Confeitaria Colombo.
O banco foi fundado, em 1960, por Michael Stivelman, um sobrevivente do Holocausto que começou a vida como joalheiro no país. Através de seu braço imobiliário, o Cédula participou de conhecidas transações no ramo, como a venda dos imóveis da Rua da Carioca ao Opportunity – a instituição que era dona das casas devia-lhe por um empréstimo – e a venda da Casa Julieta de Serpa, no Flamengo, cujo antigo jardim dava para outra rua e virou um grande empreendimento imobiliário. A instituição se fez conhecida no comércio como tendo pouca burocracia para fazer empréstimos a empresários.
Segundo o jornal O Globo, Henrique Blecher estaria em negociação com a família do fundador do Cédula, o qual deve ser usado por Blecher como uma instituição “casca”, aproveitando a sua licença bancária para a estruturação de ações voltadas para o mercado imobiliário. É sabido que a obtenção de licença (carta patente) do Banco Central para abrir um novo banco é algo demorado é difícil, levando mais de três anos para concretizar-se, normalmente. Por isso, os bancos pequenos são tão cortejados, e o Cédula teve sua atuação reduzida nos últimos anos, talvez face à idade de seu fundador e principal executivo.
O veículo teria procurado o empresário, que não confirmou as informações que circulam no mercado. Franklin Pereira e Lúcio Botelho, diretores do banco, também foram procurados pelo jornal, mas não foram encontrados. É natural que transações como esta sejam sigilosas, segundo especialistas.
De acordo com o Banco Central, o Cédula conta com R$ 118 milhões em ativos totais, R$ 92,8 milhões em passivo circulante, além de um patrimônio de R$ 25 milhões. Ainda de acordo com o BC, a instituição teria registrado um prejuízo de R$ 928 mil, no primeiro semestre de 2023.
Em 2022, uma ordem de despejo contra o tradicional restaurante La Fiorentina, com sede na Avenida Atlântica, colocou novamente o Cédula em evidência, pois o imóvel ocupado pelo restaurante havia sido dado em garantia em um contrato de empréstimo não pago e anteriormente firmado com a instituição bancária. O imóvel foi leiloado.
Com Informações: O Globo