O bicheiro Rogério Andrade é alvo da Operação Pequod, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil do RJ, contra lavagem de dinheiro. Agentes buscam cumprir 25 mandatos de busca e apreensão nesta sexta-feira, (10/02). Além disso, a Justiça mandou bloquear R$ 40 milhões em bens e valores.
Também são alvo de buscas o filho e o irmão de Rogério Andrade, Gustavo e Renato.
De acordo com as investigações, cerca de R$ 42 milhões são decorrentes de patrimônio adquirido com o dinheiro da exploração de jogos de azar. Há indícios ainda de que o contraventor usava empresas legalizadas, cuja arrecadação era lícita, para incluir dinheiro oriundo do jogo do bicho, máquinas de caça-niqueis e bingos. Um dos alvos da busca e apreensão, de acordo com o jornalista Franklin Toscano, é o refinado restaurante Gajos D’Ouro, em Ipanema, endereço nobre da Zona Sul – Rogério é sócio majoritário e administrador do restaurante.
Foram identificadas também, até o momento, duas empresas de fachada: Planet Boat e Rai Holding.
Além do sequestro de bens imóveis e móveis, como iates e carros de luxo, a 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio determinou buscas e apreensões em 26 endereços. Há na lista desde o apartamento de Rogério, na Barra da Tijuca; uma casa no condomínio Portogalo, em Angra dos Reis; uma fazenda na Bahia; o restaurante Gajos D’Ouro e até a quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na Zona Oeste.
Nome da operação
O nome da operação é uma referência a um romance publicado em 1851 e escritor Herman Melville. O navio Pequod afundou com o comandante e a tripulação toda ao tentar capturar a baleia Moby Dick. Rogério Andrade tem como hábito se exibir em iates de luxo, um deles avaliado em R$ 10 milhões, e pescar em potentes embarcações.
O inquérito foi presidido pelo Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) e pela 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada.
Operação Calígula
O bicheiro foi preso em agosto do ano passado, 2022, a mando da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, do Tribunal de Justiça do Rio, dentro da Operação Calígula. A decisão citava investigações que indicavam que uma pessoa ligada a Rogério pagava propina para policiais de delegacias especializadas.
A Operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ, teve mais de 30 denunciados, 14 presos e Gustavo e Rogério como foragidos. O nome de Rogério chegou a constar da lista dos mais procurados da Interpol.
Rogério seria o chefe da organização criminosa que contava ainda com o ex-PM Ronnie Lessa. Gustavo, filho do bicheiro, aparecia como o número 2 na hierarquia criminosa. E também era chamado de Príncipe Regente.
Mesmo com as acusações, em dezembro, o ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deferiu uma liminar para substituir a prisão por medidas cautelares. Assim, Rogério deixou o presídio de Bangu 8.