Bolsonaro, sobre candidatura de Romário: ‘Tá na cota do Valdemar’

Para bom entendedor meia palavra basta: Romário *não* é o candidato de Bolsonaro ao Senado. O senador de tímida atuação no parlamento está mais para ‘vizinho de legenda’ do que para correligionário do presidente

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Romário não é um bom senador, sempre digo isso. Não esteve presente nas recentes lutas do Rio de Janeiro, seja dos royalties, da privatização do Santos Dumont, ou agora na questão das refinarias no Nordeste que podem tirar empregos e impostos do nosso estado. Se vangloria justamente do pior que há no universo parlamentar brasileiro: suas emendas orçamentárias para favorecer bases eleitorais. Isso sem contar sua candidatura a governador em 2018, em que foi uma verdadeira vergonha sua presença em debates. Como senador, é um excelente jogador.

E é como jogador que ele tenta caminhar, mais uma vez, para onde sopra o vento: em 2014 apoiou Lindbergh Farias (PT) como candidato a governador do Rio de Janeiro – na época ele era do PSB (Partido Socialista Brasileiro), que no 1º turno foi de Marina Silva para presidente, e Lindbergh para governador. Na época com a impopularidade de Dilma, já criticava a então candidata à reeleição, num momento em que a situação do PT junto à opinião pública começava a complicar. Reeleita por pequena margem, acabou perdendo o cargo logo depois.

Situação diferente de 2010 quando Romário foi candidato pela primeira vez a deputado federal: época dizia “Fiquei feliz de a Dilma ter sido eleita. Eu estava apoiando e acho que ela vai trilhar o caminho de Lula“. E sobre o PSB, que hoje tem Marcelo Freixo candidato a governador, “O PSB é um partido que elegeu seis governadores e tem uma força muito grande. É um partido moderno, e onde apoiou a Dilma, ela teve muito sucesso. Estou feliz de ter feito a escolha certa”.

Mas o vento agora soprou para a direita, e Romário se descobriu um conservador de primeira ordem, e em 2021 deu uma declaração criticando Lula e Dilma. “Eu faço parte de um partido que, hoje, é Bolsonaro. Se você me perguntar, eu acho que o Bolsonaro é um presidente que tem feito coisas positivas para o nosso país. Erra em alguns momentos, principalmente nesses últimos 2 anos com a pandemia. Deixou de ter algumas ações, na minha opinião falou algumas coisas que poderia não ter falado. Tomou algumas decisões que poderia não ter tomado. Mas eu, particularmente, eu convivi com o Bolsonaro 4 anos. Meus primeiros anos como deputado federal ele estava lá ainda. E o Bolsonaro é um cara muito sério. Isso eu posso afirmar. Um cara que tem coragem e não tem medo de se posicionar. Isso ele trouxe isso para a presidência. Antes do Bolsonaro, nosso país estava uma merda do caralho.” O palavreado é o de menos.

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E vale ressaltar que Romário é um político que não tem nada contra a velha política de verdade, apoiou Eduardo Paes, Crivella, Garotinho… onde há governo, estava lá o Peixe. Apesar de em Brasília, nada fazer, apesar do que acham os puxa-sacos de plantão. No máximo, consegue as famosas emendas ao orçamento, que é o que todos fazem. É como ser considerado bom atleta por comparecer ao estádio.

Não por acaso o presidente Jair Bolsonaro (PL) evita dar declarações de apoio direto a Romário. Em uma longa entrevista ao jornalista Claudio Magnavita, do jornal Correio da Manhã, Bolsonaro fica claramente desconfortável ao ser perguntado se “Romário é o seu Senador” pelo veterano colunista político. O presidente se afasta da questão e diz claramente que o Baixinho “é da cota do Valdemar da Costa Neto”, o controverso presidente da legenda que, ao menos hoje, é comum ao presidente e ao senador. Como para bom entendedor meia palavra basta, Bolsonaro deixa claramente no ar que, por ele seria outro candidato. Romário não é da sua cota.

E para quem está se esquecendo, estar na cota de Valdemar não é exatamente enaltecedor. Costa Neto foi julgado e condenado no escândalo do mensalão, ele que na época era grande aliado dos petistas Lula e Dilma. A condenação sofrida pelo ‘patrocinador’ da candidatura de Romário foi de 7 anos e 10 meses de prisão, cumprida em regime semiaberto e aberto. Em 2016, graças ao indulto dado por Temer, o “ex-criminoso” ficou em liberdade. O mensalão o levou a renunciar 2 vezes ao seu mandato de deputado federal: em 2005, quando surgiu o escândalo do mensalão e em 2013, quando da sua efetiva condenação pelos crimes na época descobertos. Mas ele não parou por aí: o “dono da cota” também foi investigado na Operação Porto Seguro e por fim denunciado no Petrolão. Digamos que ele não seria exatamente uma figura em cuja “cota” todo mundo queira estar…. e isto justifica o desconforto do presidente em falar sobre Romário, na interessante entrevista que deu a Magnavita.

Longe de ser um defensor das pautas conservadoras de Bolsonaro, bem ao contrário disso, seu estilo de vida afasta grande parte do eleitorado evangélico, que pode preferir Marcelo Crivella (Republicanos) ou Clarissa Garotinho (União Brasil). Inclusive, se Clarissa for candidata, deve contar com um grande cabo eleitoral, a Primeira-Dama Michelle Bolsonaro, que tem se aproximado muito da campista. Romário também tem uma história curiosa de problemas financeiros e uma suposta dificuldade de arcar com compromissos e pagar suas contas em dia, em que pese seu passado glorioso como exímio atleta futebolístico. Houve até uma brincadeira nas ruas, de que se associaria ao cantor Belo numa dobradinha eleitoral, quando este disse que queria ser candidato a deputado. A brincadeira fazia associação à suposta fama de mau pagador que ambos teriam.

Romário ainda está na frente nas pesquisas para o Senado, mas não é uma posição nada confortável, até por estarmos bem distante do pleito. O segundo pelotão sobe seguidamente nas pesquisas e começa a colar nele; e sem um apoio forte de Bolsonaro é capaz de o ex-jogador ser em 2023 um ex-senador.

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6 COMENTÁRIOS

  1. Qdo aposentei no BB, em 2007, com 51 anos, procurando algo a fazer, principalmente longe da área q actuava, mercado financeiro, comprei um táxi da Coopertramo, e foi um trabalho apaixonante, até a entrada do Uber em 2014, mas a Coopertramo era “dona” do setor ímpar do Sambodromo, e em 2017, no final do desfile forma uma fila gigante pra pegar um táxi dentro do setor ímpar, afinal estão todos exaustos, e já está amanhecendo, e qdo entrei na área fechada veio o Romario com mais 3 pessoas e, durando a fila, entrou no meu carro… Fiquei surpreso e acabei levando pra Barra. Em 2018 ele fez o mesmo entrando numa viatura q estava na minha frente… É um mal carater. Aqui o de moro há 4 anos, Portugal, não fazem isso.
    Enfim, Romario é um muleque egoista. Um CANALHA.

  2. Romário como senador de novo e melhor botar o Senador FB que tem mais tres anos para não fazer nada ou defender o PR quando ele precisar. Nunca mais voto em nenhum dos dois para nada .

  3. Realmente, o eleitor brasileiro impressiona…o sujeito entrou para política há anos, NADA FEZ, NADA FAZ…e, adivinhe: É um dos favoritos para ser reeleito para o senado…Assim, fica IMPOSSÍVEL, mudar alguma coisa na nossa política e isso a nível municipal, estadual e federal, os caras são praticamente os MESMOS há décadas e quando muda é parente ou “amiguinho” do anterior…Depois reclama das roubalheiras, da “qualidade” dos serviços públicos, dos valores dos impostos e taxas, da impunidade, mas COMO mudar se vc INSISTE em manter os mesmos fazendo as leis e administrando a máquina pública?

  4. Romário foi um bom jogador, como outros foram. Exímio atleta? NUNCA! Jogava bem quando queria e lhe interessava.
    Agora, na política . . . Romário, Valdemar, Bolsonaro . . . Deus os fez . . .

  5. Senador de tímida atuação?
    Bota muito tímida atuação nisso…
    O eleitor fluminense tem muito que se ferrar ainda até aprender a votar melhor.

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