Qual é a conexão entre a Paris de 2019 e o Haiti de 1962? A resposta é tão clara, quanto complexa. E o filme “Zombi Child” do diretor francês Bertrand Bonello aponta para uma resposta.
Em 1962, Clairvius, um jovem homem haitiano, é vítima de um feitiço vodu que o transforma em um zumbi. Em 2019, Melissa, uma menina haitiana de 15 anos, se matricula em um colégio interno francês, só de meninas que são filhas de membros da Legião da Honra. Seus pais morreram no terremoto haitiano de 2010, e a sua única parente viva é a sua tia, uma sacerdotisa do vodu Haitiano que mora por perto. Enquanto Mellissa vai se acostumando com sua nova vida no internato, Clairvius vai entendendo a sua condição de morto-vivo.
E essas linhas do tempo, eventualmente, se encontram.
“Zombi Child” estreou em Cannes com ótimas criticas. E Bonello fez um ótimo trabalho em conseguir juntar uma série de referências paralelas para costurar um filme que é completamente original.
Pegando um pouco de coisa de filme de gênero, com clássicos do horror, e uma dosezinha daquela “ingenuidade teen feminina” que a gente vê tão bem nos filmes da Sofia Coppola, o filme te enche de expectativas e acaba subvertendo todas elas.
A gente está vivendo uma época legal para o cinema onde o cult e o mainstream, o “trash” e o sofisticado, tem andado cada vez mais um do lado do outro.
“Atlantique” da Senegalesa Mati Diop estreou em Cannes também, e faz um lindo jogo de cena, misturando ideias de filme de gênero com filme de arte, para falar de temas parecidos com os de “Zombi Child”, mas com conclusões bem diferentes.
Com “Zombi Child”, fica a dica aí do Canal Like (530 Claro), para uma ótima sessão dupla no NOW.