Cariocas sofrem com recusa ilegal dos bancos em receber pagamentos

A prática considerada ilegal é de coagir os clientes a realizarem suas transações exclusivamente online ou em caixas eletrônicos, casas lotéricas, e até supermercados, proibindo-os de usar o caixa das agências

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Imagem meramente ilustrativa da fachada do Bradesco (Foto: Reprodução)

Após a denúncia publicada pelo DIÁRIO DO RIO, na segunda-feira (03/04), referente à recusa de receber e fazer pagamentos de clientes em uma agência do Banco Bradesco no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, alguns leitores resolveram se manifestar sobre a série de irregularidades no mesmo sentido que vêm sendo vivenciadas por eles em agências bancárias de diversas instituições por toda a cidade.

O imbróglio em questão, aconteceu com a empresa Gann Negócios, que presta serviços administrativos e teve uma operação de pagamento na agência negada pelo Gerente Geral da unidade da Voluntários da Pátria. De acordo com os funcionários do Banco Bradesco citados, a negativa se deu por conta de uma nova ordem que teria sido dada pela inspetoria e pela diretoria, que exigiriam a diminuição do número de autenticações. Pagamentos, só virtuais, mesmo que o cliente tenha saldo e conta na agência. “Só pode autenticar agora se o cliente tiver algum problema com a internet”, comentou a bancária do caso abordado na reportagem.

Também relatamos que o mesmo vem acontecendo em diversas outras agências bancárias do bairro de Copacabana, também na Zona Sul do Rio, de acordo com a Sociedade Amigos de Copacabana (SAC), que há muito tempo recebe reclamações de moradores sobre as unidades locais que não realizavam mais o pagamento de contas no caixa. Vale notar que Copacabana tem um número grande de idosos que têm dificuldade em operar a internet ou desconfiam desta modalidade de serviço.

Nas publicações do DIÁRIO DO RIO, que fazem alusão ao assunto, foi possível constatar que há uma grande quantidade de pessoas insatisfeitas com o serviço, ou a falta dele, prestado pelas agências bancárias, além da falta de empatia com os clientes que por diversos motivos preferem realizar transações de forma presencial e com os que possuem limitações aos recursos tecnológicos.

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A publicação das matérias teve enorme audiência e gerou milhares de comentários nas redes sociais. Aparentemente, os cariocas têm sofrido com o mesmo problema: comentários como “os bancos têm que entender que temos pessoas da geração passada que não conseguem mexer em um celular, não querem depender de ninguém. A nossa geração sim sabe fazer as coisas pelo celular, mas os antigos não”, podem ser lidos aos montes.

Um outro relato – quase inacreditável – na rede social dizia: “Não é só Copacabana, há uns meses atrás eu tinha um boleto que estava escrito que só poderia ser pago no Bradesco. Fui primeiro na agência Cocotá, a mais próxima de casa e um funcionário falou que só os caixas eletrônicos estavam funcionando (na época) e falou para eu ir na outra agência do Cacuia. Fui caminhando, chegando lá tinha uma fila para entrar e uma moça na porta. Quando eu cheguei na porta ela falou que não faziam pagamentos. Primeiro questionei e mostrei o boleto que estava escrito e ela me falou pra pagar nas Casas Bahia que lá tinha um caixa que era do Bradesco. Deu raiva porque vc fica igual um ping e pong”.

Outro internauta confirmou a prática que vêm se tornando cada vez mais comum nas agências desta instituição: “Pelo que sei, a taxa de incêndio deveria ser paga no Bradesco, tentei pagar em frente ao Norte Shopping e eles me empurraram para pagar no Carrefour”.

Dentre as centenas de comentários no mesmo sentido, alguns internautas aproveitam a situação para desabafar sobre a falta de inclusão e má prestação de serviços das instituições bancárias em geral. Praticamente todos os bancos privados comerciais são citados. Por conta da quantidade de relatos, estima-se que o proceder popularizou-se pelas agências espalhadas por toda a cidade. Confira a seguir, alguns prints exemplificando:

Do ponto de vista da lei:

O DIÁRIO DO RIO conversou com o advogado Daniel Campanário, do Santesso & Campanário Advogados, que há anos atua em prol do direito do consumidor. O profissional acusa irregularidades e ilegalidade por parte do Banco Bradesco e de qualquer outro que assuma essa prática.

“O consumidor pode escolher a forma de atendimento, seja on-line, no caixa eletrônico ou nos guichês de atendimento. Inclusive, é importante destacar que no artigo 3o da Resolução 3.694 do Banco Central consta que é vedado às agências bancárias restringir, dificultar e recusar a prestação de serviços aos clientes e usuários de seus produtos”, relata Campanário.

Além de ir contra as diretrizes do Banco Central, o advogado frisou que a prática é vedada também pelo Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, a instituição bancária estaria sujeita a punições e ao pagamento de indenizações por danos materiais e morais, conforme o caso.

O vereador do Rio pelo PTB, Rogério Amorim, comparou a situação com o fato de bares e restaurantes estarem oferecendo cardápios apenas por meio de uma versão digital por QRcode. Após a pandemia, algumas medidas que foram adaptadas para a realidade da época permaneceram, entretanto, muitas delas não são funcionais ou inclusivas.

“Como sempre, é a tal da “pandemia” que fez o banco reduzir o número de funcionários presenciais enquanto tenta “educar” seus clientes para usarem os serviços online. É a desculpa esfarrapada de todos que tentam na verdade cortar custos usando a pandemia como estandarte de boas intenções”, relatou o político em sua coluna no DIÁRIO DO RIO.

Um projeto de lei submetido no dia 4 de abril à Assembléia Legislativa do Rio, de autoria do deputado Rodrigo Amorim (PTB), faz referência aos casos abordados pelo DIÁRIO e proíbe a recusa dos bancos ao atendimento de seus clientes, estabelecendo multa de 1000 ufirs por cada descumprimento por parte dos bancos, aproximadamente R$ 4.300,00. ”Fica determinado que as instituições bancárias, localizadas no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, devem disponibilizar os mesmos serviços nos atendimentos presencial e não presencial ou on-line.”, diz o projeto 622/2023, em seu artigo primeiro.

Procurado, o Bradesco enviou a seguinte nota: “O Bradesco não restringe atendimento e a escolha do canal para realização da transação é uma opção do cliente. O Banco disponibiliza os canais digitais para pagamentos de contas e outros serviços -, como internet, telefone e as máquinas de autoatendimento do Bradesco e do Banco 24Horas. Outra opção de atendimento é por meio das unidades de Bradesco Expresso que funcionam em estabelecimentos comerciais, com horários ampliados e, algumas unidades, aos finais de semana”.

Também procurados, o PROCON-RJ e o PROCON Carioca prometeram verificar a denúncia.

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11 COMENTÁRIOS

  1. Bom Dia!
    Verdade, o Bradesco de Santa Cruz -Rio de Janeiro, próximo ao Shopping Santa Cruz se recusa a receber Boleto no Caixa, mandam a pessoa para a Lotérica, e tem um Banner na entrada do Banco dizendo que valores até 2.000 só é pago no Banco Express que ficam dentro de algumas Loja de Eletrodomésticos. Ignoram QQ pedido do cliente. Nem te deixam entrar na Agência, quando fazem o Posso Ajudar .

  2. RECLAMEM NO BANCO CENTRAL!

    Bancos tem recordes de lucros BILIONÁRIOS na pandemia até hoje e se recusam a prestar serviço para o qual são pagos.
    Passem cheque, abram reclamações no Banco Central e acumulem provas e vão no Juizado Civil.

    Todos que passaram por isso deverão reagir. Reage Carioca!

  3. RESUMO:
    eles fazem o que querem porque quem tem que fiscalizar e tomar medidas, não o fazem. porque? pelo simples motivo de serem patronos de campanhas políticas dos patrões dos diretores etc… do banco central.

  4. Um dia na agência em Nova Iguaçu aconteceu comigo que o funcionário bem mal educado não queria deixar entrar na agência e realizar o serviço com o caixa que era depósito de dinheiro com moedas e o caixa eletrônico não recebe. Fui numa outra agência bem próxima e diferença gritante de atendimento com educação. E consegui depositar na boca do caixa.

  5. Não é apenas no Rio, isto ocorre em todas localidades, é uma vergonha! o banco já nem de esforça para esconder a sacanagem e desrespeito aos clientes, o pior de tudo, é as respostas padrão que nunca dizem nada com nada! E o Banco Central, que já foi um fiscal atuante destes abusos, é vergonhosamente complacente, o negócio dele hoje é apenas manter a taxa de juros elevada, para satisfazer os improdutivos!

  6. É um absurdo!!!Idosos tem dificuldades, e esses vagabundos não tem a menor empatia!!!Acontecem golpes contra idosos a todo momento!!!Vcs envelhecerão tbm,seus filhasdaputa!!!

  7. É um absurdo!!!Idosos tem dificuldades, e esses vagabundos não tem a menor empatia!!!Acontecem golpes contra idosos a todo momento!!!Vcs envelhecerão tbm,seus filhasdaputa!!!

  8. Esses bancos querem que a gente faça tudo pela internet, mas não baixam as tarifas, se eles estão economizando ao fechar agências e diminuir os número de funcionários, o certo era cobrar tarifas mais baratas, não é o que se vê, os malandros continuam lucrando bilhões! O Bradesco é uma piada, não sou cliente, mas tenho cartão Amex, eles simplesmente avisaram que não vão mais disponibilizar o extrato pela internet, mas não dizem como o cliente vai saber quanto deve, já que recebo o extrato em papel bem depois do dia do vencimento, graças aos correios (que agora não vão ser mais privatizados), é uma piada, o BC tinha que aprumar esses bancos, pois eles fazem o que bem entendem, jogam o cliente pro alto.

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