O primeiro dia de desfiles do Grupo Especial foi fortemente afetado pela chuva e, caso ela não se repita no segundo dia, a agremiação campeã deve sair da segunda-feira. Mesmo assim, a Mocidade, a Vila Isabel e, principalmente, o Salgueiro se destacaram. As duas primeiras escolas, Viradouro e Mangueira, não foram bem e a Grande Rio teve altos e baixos. Abaixo uma análise mais detalhada de cada desfile:
Viradouro
A Escola mostrou que é grande, do tamanho do Grupo Especial, e passou na Avenida com muita alegria e garra. O samba é o mais bonito desse ano e o refrão empolgou. Porém, a chuva atrapalhou bastante a qualidade das alegorias e fantasias, assim como o som da bateria. A permanência da Viradouro na elite da folia dependerá muito do desempenho das outras agremiações menos abastadas e da ocorrência de chuva na segunda-feira.
Mangueira
A Mangueira sempre emociona com sua Velha Guarda que é um enorme patrimônio, ainda mais quando fala da própria história. A bateria foi muito bem, mas o saudoso Jamelão faz falta como intérprete. A Escola teve dificuldades com a entrada de carros alegóricos na pista e uma tela de LED passou por sérios problemas e falhava a todo momento, mas, por outro lado, sofreu menos com a chuva do que a Viradouro, pois o volume de água que caía do céu diminuiu na Sapucaí enquanto a verde-e-rosa passava. Assim, não deve ficar entre as campeãs, mas não corre risco de rebaixamento.
Mocidade
O toque do carnavalesco Paulo Barros foi nítido desde o início do desfile, comprovando mais uma vez que ele possui um estilo próprio bem definido, com truques na comissão de frente, alas coreografadas, alegorias com muita interação humana, etc. O samba um pouco travado da Mocidade parece até ser proposital para que o foco de quem assiste seja dedicado à observação das surpresas da apresentação e à leitura das mensagens mostradas. Por falar nisso, os balões de conversa que iam explicando o significado de cada ala foram uma interessantíssima novidade, que facilita o acompanhamento do enredo e populariza a compreensão dos temas. Estará na briga pelo título, mas não parece que será a principal favorita. Deve estar entre as campeãs sem sustos.
Vila Isabel
A Escola aproveita bem a homenagem ao maestro Isaac Karabtchevsky para falar da música clássica e misturar o erudito com o popular, desenvolvendo com competência um tema que poderia ser difícil. O samba não compromete, mas não é dos melhores. A agremiação se beneficiou de ter desfilado sem chuva e teve fantasias e alegorias muito bonitas, com grande luxo e elegância que atraem atenção, além de boa combinação de cores, mas pode ser punida por estourar o tempo regulamentar. Corre por fora pelo título e tem boas chances de se situar entre as seis campeãs.
Salgueiro
A agremiação apostou em um enredo de fácil compreensão ao falar de Minas Gerais e sua culinária. A furiosa bateria salgueirense foi muito bem como de costume e o uso de utensílios de cozinha na percussão demonstrou criatividade e bom-humor. O samba poderia ser melhor, até mesmo pelo tema rico, mas tem um bom refrão. A Comissão de Frente era muito interessante e inovadora, com uma espécie de cobertor de LED. As fantasias tinham bom gosto e soluções criativas. Já algumas alegorias pareciam um pouco confusas, embora muito bem feitas. A Escola teve problemas na dispersão e teve que acelerar o desfile no final. Já está entre as campeãs e pode se colocar como favorita ao título, dependendo do desempenho das escolas que desfilarão na segunda-feira.
Grande Rio
A representante de Duque de Caxias abriu seu carnaval com uma ótima Comissão de Frente, comandada pela equipe que proporcionava os truques de Paulo Barros na Tijuca nos últimos anos. O samba passou alegre na Avenida, mas não tem uma grande letra. As alegorias eram mais simples do que as das concorrentes mais fortes. Está credenciada a não correr riscos na apuração, mas terá tido sorte se ficar entre as campeãs.