O Rio é uma cidade “privilegiada” com uma tarifa de ônibus do Brasil mediana: R$ 4,05. Não é nem a maior, nem a menor, mas significa mensalmente o comprometimento médio de 17% da renda de um trabalhador que receba um salário-mínimo.
Se isso resultasse em um transporte decente, com horários regulares, veículos em bom estado e em número suficiente, seria aceitável, mas não é nossa realidade. Em junho deste ano, apenas 43% da frota do BRT circulava, sendo que apenas 34% das estações estavam em funcionamento. Eu quis ver de perto e fui fiscalizar. Pesquisa realizada pela minha equipe nas estações mostrou a insatisfação do carioca com o transporte, 90% dos ouvidos não estavam satisfeitos com o serviço prestado pelo BRT.
Nos ônibus de linha a situação é ainda pior. O sistema atravessa uma crise sem precedentes, com o sumiço dos ônibus em todas as regiões da cidade. A queda de 50% no número de passageiros, agravada pela pandemia de Covid-19 e a má qualidade do serviço, já levou três dos quatro consórcios que atuam com transporte de ônibus do Rio a entrar com pedido de recuperação judicial na justiça.
Em mais uma tentativa de recuperar o setor, a prefeitura propõe, através de um Projeto de Lei complementar, a reestruturação da política tarifária do transporte por ônibus na cidade do Rio de Janeiro. A nova tarifa passaria a ser composta pela soma do valor arrecadado com a passagem com a receita de outras fontes, além de permitir o subsídio público, para cobrir os custos reais do serviço. A nova política determina que as empresas serão remuneradas pela quilometragem, e não mais pelo número de passageiros – que beneficiava rotas que circulavam em regiões mais populosas. Isso acabaria com aquela velha história de que rota lucrativa tem que passar no Centro ou em Copacabana, e se passar no dois, melhor.
Preocupada com a possibilidade de que não apareça nenhuma empresa interessada ou qualificada para gerir o BRT, e que ela tenha que realmente assumir diretamente o controle do serviço de ônibus, a Prefeitura apresentou proposta também para poder contratar diretamente os funcionários de empresas concessionárias de serviços públicos por até três anos.
Essas propostas abrem precedentes que, com certeza, serão estendidos futuramente não só ao BRT, mas a todo o sistema de transporte público da cidade do Rio de Janeiro. A Câmara está preocupada e eu também.
Já há previsão de que a Comissão de Transportes e Trânsito da Casa convoque uma audiência pública para analisar melhor as propostas. É preciso ficar bem claro para a sociedade como isso tudo vai acontecer. É preciso que a Prefeitura tenha total transparência de seus números e de suas atividades. Vamos ficar de olho. Vamos fiscalizar.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
De quem é a culpa desse desastre de trasporte caótico, de vocês políticos, que subornam os empresários para ganhar vantagens ou vice versa. Quem sofre com tudo isso é o povo, que humildemente paga seus tributos e não ver nada de bom acontecer. O Rio de Janeiro infelizmente tem se tornado a cidade da corrupção, uma cidade destruída pela política da vantagem, do roubo, corrupção e desorganização. Eu amo essa cidade como todo carioca, mas infelizmente não tem um político que tenha vergonha na cara. Tudo fica pra depois das eleições, não se empregam o dinheiro que tem, nos transportes de massa que tanto ajudaria o carioca e fluminenses.