Por André Delacerda.
Doce, marcante, serena, tocante, sensual, forte, debochada, espontânea, espirituosa e carioca…
Quando fui convidado para assisti o musical “Cazuza Jogado a Teus Pés” confesso que já fui com um pé atrás, imaginei logo que seria uma daquelas peças/musicais com uma caricatura ou sósia de Cazuza, e aquela mesma coisa de sempre, e é claro playback na certa.
Pois bem, lá fui eu, numa sexta-feira as 22:30 hs ao Teatro Cândido Mendes em Ipanema.
No inicio parecia vazio a entrada do teatro, o que aumentou mais a expectativa, porque geralmente quando está vazio, é porque não é tão bom. Mas logo foram chegando a fila, dezenas de casais, senhoras, famílias inteiras. O que me passou uma sensação muito boa.
As 23 horas entramos de fato no teatro. O Teatro Candido Mendes é intimista, estilo semi-arena, onde o público fica bem junto ao palco, quase como se estivesse participando. Me acomodei em um assento acima. Agora era só esperar o início do musical. Como observador, logo algo me chamou atenção. A produtora do musical recepcionando o público. Coisa que quase nunca vemos. Dou aqui mais um ponto positivo.
Olhei para o palco e vi alguns instrumentos musicais, pensei, das duas uma, ou vai ter uma banda aqui, ou vão fazer uma dublagem da banda do Cazuza. Logo após a acomodação do público e uma sirene informar que o espetáculo iria começar. As luzes foram atenuadas, e três músicos entraram no palco. Para minha grata surpresa, em minutos começavam a tocar. Bom!
No decorrer do musical, as canções do Cazuza iam e vinham, nas vozes de 5 interpretes – duas moças e três rapazes: Roberta Spindel, Hannah Jacques, Leandro Camacho, Thiago Pach e Pedro Henrique Lopes, este conhecido de outros musicais – em tons bem afinados e únicos, que as traziam com uma roupagem irreconhecível, pois era algo novo, que se manifestava em surpresa, e brilho no olhar da platéia. Que dava mais vida, tocava a alma. As canções as vezes era fortes, como a agressiva do rock, mas as vezes traziam uma serenidade de uma bossa.
O que vi foi uma perfeita integração entre o trio dos músicos – Artur Cruz, Marcos Maciel, Herbeth Souza – e os atores que estavam ali interpretando aquelas belas canções que falavam do ser, de rebeldia e sobretudo de poesia e amor. Por ser um espetáculo ao vivo – banda e cantores -, já é algo capaz de emocionar, de proporcionar momentos únicos ao espectador.
Melhor foi ver a concepção para as músicas de Cazuza. Pareciam que estavam vivas, com aquelas interpretações das letras em cenas pelos atores que as cantavam. Tudo era muito tocante, emocionante. A movimentação dos atores com os praticáveis dava uma mobilidade e um ritmo de renovação constante ao espetáculo
Podia-se ver os casais apertando as mãos na platéia com gesto de carinho, quando se falava de relacionamento. Um senhor sentando mais a frente com as duas mãos na face demonstrando que estava pasmo com o que via e ouvia, ao se cantar a vida. Duas senhoras quase em lágrimas, pelas as interpretações que falavam de amor. E o público esboçando entusiasmos em letras mais fortes.
Quanto aos cantores, foi muito bom vê-los com interpretações marcantes em solo, em duplas e em quinteto. Olhares marcantes, lágrimas, gestos, movimentação perfeitos no palco, que transmitiam amor, deboche e irreverência.
Haviam músicas em que o olhar dos atores parecia invadir cada um de nós do público. Era como se o ator estivesse falando conosco. Algo que nunca vi em um musical. Realmente fantástico!
E novamente em cada canção, estava a produtora lá no seu cantinho, cantando. Essa sensação de interação, foi um ponto a mais. Descobri também, que os diretores da peça estavam sentados a minha frente. Muito interessante.
Eu diria que “Cazuza Jogado a Teus Pés” é tão intimista, que a sensação que se tem é de estar participando das músicas no palco, de contracenar com os atores quando os mesmo saem em meio ao público.
O Diário do Rio recomenda este musical a todos os nossos leitores. E aqui, reafirmamos aquela primeira frase deste post:
“Doce, marcante, serena, tocante, sensual, forte, debochada, espontânea, espirituosa e carioca…”
São todos estes adjetivos que fazem de “Cazuza Jogado a Teus Pés” ser um sucesso.
Alias melhor foi ver os 3 minutos ou mais de palmas e o público ovacionando os atores.
Isso diz tudo.
Serviço:
“Cazuza Jogado a Teus Pés”
Sextas e Sábados: sempre as 23 hs
Teatro Cândido Mendes – Rua Joana Angélica ,63 – Ipanema
(21) 2267-7295