Nos temp(l)os dos farós
Com 140 peças trazidas do Museu Egípcio de Turim (Museo Egizio), na Itália, e mais 89 de outras coleções, o CCBB abre neste sábado (12) “Egito Antigo: do cotidiano à eternidade”, em que, além de belas peças de arte, mostra, por meio do estilo, dos materiais, dos recursos técnicos disponíveis e, especialmente, das referências usadas, aspectos da cultura e da religiosidade no Egito antigo, tal como sua influência sobre a vida cotidiana dos egípcios em um período que vai de 4 mil a 30 anos antes de Cristo.
A forma como a natureza condicionava fatores da vida e inspirava a formação religiosa também é fortemente contemplada na mostra que se divide em três seções – Vida Cotidiana, Religião e Eternidade –, cada qual marcada por três cores e intensidades de iluminação. Além as peças originais da antiguidade – muitas descobertas em escavações do século 19 e início do século 20 –, há réplicas, como da tumba da rainha Nefertari, esposa de Ramsés II, e uma pirâmide cenográfica, na rotunda do térreo do CCBB, medindo 6 metros. “Tem uns camelos em escala de tamanho proporcional, para o visitante ter ideia da altura das pirâmides originais, que chegam a 104 metros”, explica o holandês Pieter Tjabbes, que organizou a exposição junto com o italiano Paolo Marini, curador do Museo Egizio.
Para facilitar a compreensão do significado das peças, um filme de 4 minutos sobre a história do Egito antigo é mostrado no início da exposição, subindo o primeiro andar do CCBB.
Trata-se uma história desenvolvida principalmente do primeiro faraó, Menés (entre 3.100 a.C. e 3.000 a.C.) a 30 a.C., após a derrota de Cleópatra pelo Império Romano, na Batalha de Alexandria – Quase 3 mil anos de relativa estabilidade política, prosperidade econômica e desenvolvimento artístico, com grande influência na moda, no design e na arquitetura.
Outros filmes mostram descoberta da tumba do Tutancâmon, no século 20, a uma reconstrução de templos em 3D.
Há de brilhar
Um deus, além de um astro, o Sol, a cada vez em que brilhava mais uma vez, iniciava mais um dia. Era quando seus primeiros raios de luz surgiam do akhet (horizonte) para iluminar Kemet, a terra negra (Egito). A manhã também a exposição, em seu ambiente de iluminação mais brilhante, Entre paredes amarelas, pequenos adornos e objetos de uso pessoal, como roupas, pentes, caixas e frascos de cosméticos ilustram parte da Vida Cotidiana egípcia, e ajudam a entender alguns de seus aspectos, da vestimenta à nutrição e à saúde, como as pinturas ao redor, feitas justamente para protegê-los dos raios do sol nos períodos de luz mais forte.
O amarelo está associado também ao ouro, do qual seria feita a pele dos deuses, assim como ao tom ocre bastante usado na 18ª Dinastia (1550-1295 a.C.), em Deir el-Medina, vila onde viviam trabalhadores das tumbas do Vale dos Reis, origem da maior parte da informação sobre o dia a dia dos egípcios antigos.
À suave luz dos deuses
Com a luminosidade dando lugar à penumbra, a Religião politeísta da época dos faraós é ambientada em verde, cor relacionada ao renascimento e à regeneração, tal como à pele do deus Osíris, rei dos mortos, e ao papiro, feito a partir de planta ue identificada com o rio Nilo e que, segundo os ritos, representava uma nova vida.
A luz suave simula a dos templos, onde os cultos eram praticados e os sacerdotes escreviam os textos sagrados. O tamanho médio dos objetos varia entre estatuetas de divindades, como o amuleto da deusa Ísis (664-332 a.C.), de 7,7 cm, à maior peça da exposição, a estátua de Sekmeht (1390-1353 a.C.).uma deusa solar, representada com a cabeça de uma leoa, que – já não tão suave – praticava a guerra e a vingança, encarregada por Rá de castigar a humanidade por sua desobediência aos deuses.
Gatos, cães e falcões eram outros animais ligados aos ritos religiosos, sendo, inclusive mumificados, além de representados como divindades e assim registrados em suas estátuas e desenhos.
Repleta de sarcófagos e com peças de múmias, a terceira seção da mostra ilustra como os egípcios já cultivavam a ideia de vida eterna e a preservação do que julgavam continuar vivo após a morte. Marini explica que eles não eram os únicos a praticar cultos de sepultamento na Antiguidade, pois o mesmo ocorria nas civilizações da Mesopotâmia (onde hoje fica o Iraque), mas “estas não tinham como mumificar os corpos devido à maior umidade da região”, a qual favorece o desenvolvimento das bactérias que comiam os cadáveres.
A mumificação era tratada como uma proteção do corpo para continuar a vida após a morte. Os órgãos eram retirados, tratados e guardados em vasos especiais, pois os egípcios acreditam que precisavam preservá-los para assegurar a vida eterna. Somente o cérebro era descartado. Já o coração, a “casa da alma”, era recolocado na múmia.
Vesti azul
Entre paredes azuis, a Eternidade é representada pela noite, quando, de acordos com os ritos egípcios, a deusa Nut engolia o Sol. O azul também é a cor do lápis-lazúli, mineral precioso valorizado pelos egípcios e que tem lugar da história da perenidade do aspecto das obras expostas. Na contramão da escuridão noturna, diversas placas de pedras e, especialmente, sarcófagfos permanecem coloridos depois de dois a seis milênios.
A preservação das colorações é uma atração em si na exposição sobre o Egito. Curiosamente, ela se deve em boa parte ao fato de que, na maior parte do período coberto pela exposição, ainda não havia recursos como a tinta a óleo, cujo registro mais antigo data em torno de 650 a.C.. “Eles usavam minerais, como pedras, e areias de diferentes colorações”, explica Paolo Marini. Depois de descobertos nas escavações, sarcófagos, placas e objetos levados para museus como o de Turim passaram por processos com aplicação de componentes químicos que ajudam a conservar sua coloração, mas “nenhuma pintura adicional”, como ressalta o curador.
EGITO ANTIGO – DO COTIDIANO À ETERNIDADE
CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro (em frente à Candelária). Tel.: 3808-2000. Deste sábado, 12 de outubro, a 27 de janeiro de 2020. De quarta a segunda, das 9h às 21h. Entrada gratuita.
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Eventos
Gamboa de Portos Abertos
No espírito do que já ocorre em Santa Teresa – e com nome espertamente adaptado em trocadilho –, a Gamboa abre, e todo este fim de semana, a segunda edição seu festival aberto de artes, com homenagem especial ao escritor Machado de Assis.
Além dos artistas abrindo seus ateliês à visitação, haverá programações especiais nos espaços culturais, por todo o bairro, em um total de 24 locais, entre pontos como o AquaRio e o Hospital dos Servidores.
O festival circuito gastronômico e apresentações musicais e de outras expressões culturais, em bares, livrarias e espaços públicos, como a tradicional Praça Coronel Assunção – mais conhecida como Praça da Harmonia), onde, às 16h40 do domingo (13), o professor Alcmeno Bastos comanda roda de conversa “Machado, a polca, o sucesso e a dor do artista”.
A Praça da Harmonia, nos traços e cores de Fernando Mendonça (Reprodução/Facebook)
O escritor também é lembrado em outras apresentações, como a montagem teatral de seu conto “O Alienista” com Gustavo Ottoni, às 22h de sexta (11), na Casa Lilith (Rua Pedro Ernesto, 52, loja. Tel.: 97299-4688). Ao todo, são mais de cem atrações, que a produção disponibiliza em programação completa, com mapa e tudo.
Nos jardins do MAM (Av. Infante Dom Henrique, s/nº, Aterro, altura do Castelo), a edição 2019 do festival de multiplicidades artísticas e até esportivas acontece durante os dias quase inteiros de sábado (12) e domingo (13), sempre das 10h às 23h, indo da exibição de artes plásticas e feira de moda a barracas e gastronomia e rodas de conservas.
Diversas exposições acontecem de forma paralela e a tradicional Cinemateca do MAM participa, com uma programação acoplada ao Arte Core, sempre ambientado com o som selecionado por DJs de peso, como BNegão, no sábado, Marcello MBGroove, Tata Ogan e Marcelinho da Lua – no domingo.O diferencial, porém, está no skate, do qual o local é um considerável point alternativo à Praça 15, e que terá o Campeonato de Manobras Britney’s Crew, nas categorias masculina e feminina, entre 16h e 17h de sábado e domingo.
(Eventos gratuitos, bons para economizar após o Rock in Rio!)
Música
Uma das maiores revelações do jazz atual, a cantora de 27 anos, natural de Dallas e radicada em nova York, faz sua estreia brasileira em grande estilo no Theatro Municipal, com músicas dos álbuns “Social Call” (2017) e “Love and Liberation” (2019), como “Legs and Arms” e “I Remember You”, além de versões para sucessos de Stevie Wonder e outros compositores do r’n’b americano.
Theatro Municipal. Praça Floriano s/n°, Cinelândia. Tel.: 2332-9191. Sexta (11), às 20h. Ingressos de R$ 40 a R$ 180. Capacidade: 2.236 espectadores.
Martinho da Vila
Com participações da filha Maíra Freitas (voz/piano) e do acordeonista Kiko Horta, o sambista perfila sucessos com “Ex-amor”, “Devagar, Devagarinho”, “Disritmia”, “Madalena”, “Canta, Canta, Minha Gente” e o samba-enredo “Festa no Arraiá”, com o qual a Vila Isabel foi campeã do carnaval. Martinho é acompanhado pela banda Família Musical: Juliana Ferreira (vocais), Wanderson Martins (cavaquinho), Cláudio Jorge (violão), Ivan Machado (baixo), Victor Neto (sopros), Paulinho Black (bateria), Marcelinho Moreira, Bernardo Aguiar e Gabriel Policarpo (percussões).
Vivo Rio. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro, altura do Castelo. Tel.: 2272-2901. Sábado (12), às 21h (abertura da casa às 19h). Ingressos entre R$ 45 e R$ 200.
Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro
Sob regência de Tobias Volkmann, os músicos homenageiam o Dia das Crianças com “A Onça, Os Guinés e os Cachorros”, de Clovis Pereira e Cussy de Almeida, sobre texto de Ariano Suassuna; “Abertura em Ré maior”, do padre José Maurício Nunes Garcia; e o “Concerto para piano nº21, de Mozart.
Sala Cecilia Meireles. Largo da Lapa, 47. Tel.: 2332-9223. Sábado (12), às 16h.
Marcelinho Moreira
Depois de tocar com Martinho de Vila no sábado, o músico solta a voz já na tarde de domingo (13), mostrando seu lado autoral entre a Lapa e a Glória, em canções como “Nunca Mais Vou Jurar”’, gravada com Zeca e Arlindo, e “Rumo ao Infinito”, gravada por Maria Rita, além de parcerias com o próprio Martinho, como “Filosofia de Vida” e “Samba sem Letra”.
Beco do Rato. Rua Joaquim Silva, 11, Lapa. Tel: 2508-5600. Domingo (13), a partir das 13h. Ingresso: R$ 25 / R$ 40 (com feijoada).
Teatro
Nelson Rodrigues por ele mesmo
Comemorando seus 90 anos de idade, Fernanda Montenegro apresenta a versão adaptada e dirigida por ela no teatro para leitura “Nelson Rodrigues por ele mesmo”, livro homônimo de Sônia Rodrigues, escritora e filha do maior dramaturgo brasileiro.
Sesc Ginástico. Av. Graça Aranha, 187, Castelo. Tel.: 4020-2101. Domingo (13), às 19h. Entrada: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia).
Folhas de vidro
No texto de Philip Ridley, com direção de Michel Blois e Alexandre Varella, membros de uma família tentam dar sentido a suas vidas após morte de seu patriarca, cujas lembranças os atormentam.
Teatro Poeira. Rua São João Batista 108, Botafogo. Tel.: 2537-8053. Quinta a sábado, às 21h. Domingo, às 19h. Entrada R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). Até 3 de novembro.
Mojo Mickybo
Diego Morais dirige a peça de Owen McCafferty, em que Pedro Henrique Lopes e Cirillo Luna interpretam dois meninos que, pertencendo a lados opostos de uma cidade dividida vivem uma amizade improvável.
Teatro XP Investimentos. Jockey Club. Av. Bartolomeu Mitre 1.110, Gávea. Tel.: 3807-1110. Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 20h. Entrada: R$ 70 (inteira) / R$ 35 (meia). Até 27 de outubro.
Quando as pessoas andam em círculos
Gustavo Bicalho assina o texto, com Daniel Belmonte, e dirige, com Henrique Gonçalves, a peça da Artesanal Cia. de Teatro abordando as histórias de jovens que, durante uma festa, precisam enfrentar questões pessoais. Com Bruno Jablonski, Cirio Acioli, Gabriel Rochlin e outros.
CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (em frente à Candelária). Tel.: 3808-2020. Quinta a segunda, às 19h30. Entrada: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia). Até 25 de novembro.
Cinema
Filmes que estrearam nesta semana:
10 de outubro de 2019 / 1h 57min / Ação, Ficção científica
Com Clive Owen e Mary Elizabeth Winstead, no elenco, o novo thriller de ficção científica dirigido por Ang Lee traz a decadência do melhor assassino do mundo, vivido por Will Smith. Velho e menos confiável, ele passa a ser o alvo, quando seus chefes decidem eliminá-lo, criando um clone mais forte e jovem, que tem a missão de matá-lo.
10 de outubro de 2019 / 2h 30min / Drama
A vida de Theodore Decker (Oakes Fegley) sofre uma reviravolta a partir de um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, no qual sua mãe é morta e ele acaba levando consigo um anel com o brasão de sua família e o quadro “O Pintassilgo”, que estava em exposição. Com Nicole Kidman e direção de John Crowley.
Daniel de Oliveira é Stênio, plantonista de um necrotério que possui o dom de se comunicar com os mortos, até que, em uma das conversas, o cadáver revela segredos sobre a própria vida dele.
Animação com a história de Zoé, uma menina de dez anos, cuja vida muda quando ela encontra o portal para o Reino de Elymia, na Pedra da Gávea, e precisa aprender a usar a magia para derrotar bruxos, dragões e monstros.
10 de outubro de 2019 / 1h 31min / Drama
A escritora Ana Clara (Vanessa Gerbelli) vive em conflito com seus próprios contos, que eles se misturam com sua vida real, da adolescência à idade adulta.
Liderados por seu porta-voz Laurent Amedeo (Vincent Lindon), os 1,1 mil empregados de uma fábrica se revoltam quando seus donos resolvem fechá-la totalmente, descumprindo um acordo feito dois anos antes.
Greta (Brasil, 2019)
Enfermeiro de 70 anos, Pedro (Marco Nanini) sequestra Jean (Démick Lopes), paciente recém-chegado ao hospital público onde trabalha, em Fortaleza. Ele o abriga em sua casa, a fim de abrir uma vaga para receber sua melhor amiga, Daniela (Denise Weinberg), artista transexual que enfrenta graves problemas de saúde. Direção de Armando Praça.
Luna (Brasil, 2019)
Luna (Eduarda Fernandes) e Emília (Ana Clara Ligeiro) se conhecem no primeiro dia de aula do último ano do colégio e se tornam grandes amigas, até que uma foto íntima da primeira é vazada nas redes sociais.
(Locais e ingressos online em links nos nomes de cada filme)
Exposições
Darwin: Origens e Evolução
Estreia nesta sexta (30), com 295 peças que vão de acervos históricos a obras de arte atuais, mostrando a trajetória do naturalista inglês Charles Darwin até a Teoria da Evolução das Espécies, incluindo sua passagem pelo Brasil, em 1832. Museu do Meio Ambiente. Rua Jardim Botânico, 1008. De terça a domingo das 10 às 18 horas (com entrada até as 17 horas). Até 30 de outubro.
(Divulgação)
Ai Weiwei – Raiz
Uma imensa instalação com mil bicicletas em frente ao cultural dá as boas vindas à exposição do chinês, que inclui uma imersão pela cultura brasileira em seu método de trabalho. CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro (em frente à Candelária). Tel.: 3808-2020. Até 4 de novembro, de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h.
Diversas
Animais coloridos, lendo livros, são o mote da mostra que Augusto Herkenhoff expõe até 12 de novembro no espaço Zagut (Shopping Cassino Atlântico. Av. Atlântica, 4240, loja 315, Copacabana-Posto 6). Tel.: 2235-5946. Das 10h às 13h e das 14h às 18h, de segunda a sexta. Sábado, das 10h às 13h. Até 12 de novembro.
Carlos Vergara – Prospectiva
Museu de Arte Moderna. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo (altura do Castelo). Tel.: 3883-5630. Terça a sexta, das 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Até 12 de janeiro de 2020. Entrada: R$ 14 (inteira) / R$ 7 (meia). Grátis às quartas-feiras.
Zanine 100 anos – Forma e Resistência
Museu de Arte Moderna. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo (altura do Castelo). Tel.: 3883-5630. Terça a sexta, das 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Até 17 de novembro. Entrada: R$ 14 (inteira) / R$ 7 (meia). Grátis às quartas-feiras.