Chico Alencar: A institucionalização da bandidagem

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Algumas reportagens publicadas na imprensa nos últimos dias nos dão conta do tamanho da podridão que assola a máquina pública no estado do Rio de Janeiro. O câncer se alastrou de tal forma que virou metástase.

A mais recente dessas notícias veio a público no dia 4 de abril. O Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro deu parecer favorável à cassação da chapa do governador Cláudio Castro por abuso econômico na eleição de 2022. E ainda pede sua inelegibilidade por 8 anos. Cabe agora ao TRE julgar a ação.

O processo trata do escândalo das folhas secretas do Ceperj e da Uerj. O UOL denunciou o caso e identificou beneficiados que admitiram ser funcionários fantasmas. Em ano eleitoral, foram mais de 20 mil contratações sem concurso e sem transparência.

Caso seja cassado, Cláudio Castro entrará para o rol dos governadores que foram afastados ou presos nos últimos anos no Rio de Janeiro. Será o sétimo.

A outra notícia foi publicada há pouco mais de uma semana no “Correio Braziliense”, no blog do jornalista Vicente Nunes. Ela mostra que dados levantados pela Polícia Federal, com base nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, apontam que pelo menos metade dos deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) tem ligação com o crime organizado, sejam as milícias, sejam os traficantes.

Segundo o jornalista, “muitos policiais da PF se referem à Assembleia do Rio como a casa institucionalizada do crime, onde as leis são feitas para atender, sobretudo, aos interesses das organizações comandadas por bandidos. ‘As demandas da população em geral ficam em quinto plano, pois não rendem dinheiro’”, teria dito um agente que mergulhou no assunto.

Para mapear todo o esquema criminoso dentro da Alerj, os policiais vêm cruzando informações colhidas durante as investigações do caso Marielle com processos que estão encalhados ou foram “esquecidos”. Com isso, acreditam que terão condições de, muito em breve, desarticular parte dos esquemas que aterrorizam a população do Rio.

É por isso que o caso Marielle não é ponto de chegada, mas de partida para desarticular o crime organizado no estado. Ainda tem muita ponta solta, o que pode ser melhor trabalhado a partir da prisão dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa.

Diante dos últimos fatos revelados pelas investigações da PF, surgiu o manifesto “Com milícia não tem jogo”, que tem por objetivo a construção de uma frente política que não tolera ou normaliza as relações entre a milícia e a política.

Precisamos romper com essa cultura, enfrentar esse marco de poder e refundar o Rio de Janeiro sobre bases democráticas e socialmente justas.

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3 COMENTÁRIOS

  1. PSOL é o ÚNICO partido que se posiciona abertamente contra as milícias.

    Mas o carioca se importa com isso?

    “Com milícia não tem jogo”. O que isso significa? Como o carioca se atrai e se engaja com isso?

    O PSOL assim como a ex querda (ex esquerda) não consegue se comunicar e propor algo que pareça ao cidadão comum algo desejável.

    Enquanto isso, a extrema direita, a alt right nada de braçada sozinha com as suas “mitadas”, suas frases de efeitos, seus discursos morais vazios.

    Não me surpreenderia a extrema direita ganhar as eleições deixando até o hábil Eduardo Paes pra trás.

  2. Sem conter a atuação das igrejas evangélicas, esqueça; a bandidagem miliciana só vai crescer. Para começar a reduzir a força dessas igrejas, sugiro retirar todas as concessões públicas de rádio e televisão, afinal o Estado é laico, e veículos institucionais de mídia e de comunicação que abertamente pregam valores religiosos ferem a Constituição. Rever a estrutura tributária das igreja e principalmente dos pastores também ajuda na redução da influência desses aproveitadores. Muitos desses parlamentares da ALERJ são umbilicalmente ligados a essas empresas da fé. É preciso enfraquecer toda a estrutura.

    Sem enfraquecer as igrejas, esqueça.

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