Chico Alencar: Gallotti, eterno em sua arte!

Vereador do PSOL presta homenagem ao cantor e compositor Eduardo Gallotti, falecido nesta semana

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O cantor e compositor Eduardo Gallotti em roda de samba no Trapiche Gamboa, em 2016 — Foto: Guito Moreto/Agência O Globo

Na madrugada desta quinta-feira (12), morreu Eduardo Gallotti, grande músico e uma querida figura humana. Perda imensa! Foi, em sua breve passagem, um virtuoso mestre das cordas e do gosto de viver.

O Gallo, apelido que ganhou dos amigos, foi meu amigo e antigo aluno no Colégio São Vicente, nos anos de 1980, onde nos saraus realizados no colégio tomou contato, graças às fitas cassete gravadas pelo irmão, com os sambas de Cartola, Noel e Candeia.

A partir dali, não parou mais. Gallotti foi fundamental na retomada das rodas de samba como expressão genuína da cultura carioca. Uma geração inteira se acostumou e teve como referência a presença dele nas mesas, comandando com seu cavaquinho a cantoria da rapaziada. Esteve no Mandrake, no Severina, no Sobrenatural, nas rodas do Empório 100 – no início da retomada da Lapa –, no Clube dos Democráticos, no Samba do Peixe, na Rua do Ouvidor. 

Alegrou muita gente com seu vasto repertório. Amante e pesquisador do chamado “samba de raiz”, introduzia na roda músicas por vezes pouco conhecidas, mas que, por causa dele, passaram a ganhar o reconhecimento do pessoal. 

Além das rodas, Gallotti foi um ativo participante dos blocos de rua, compondo sambas e dando apoio aos desfiles com seu inseparável cavaquinho. Compôs para o Simpatia É Quase Amor, Barbas, Suvaco do Cristo, Bloco de Segunda. 

Nos últimos meses, estava debilitado por conta das cirurgias a que foi submetido na tentativa de debelar um câncer agressivo nas cordas vocais. Mesmo hospitalizado, não esqueceu do cavaquinho. Seu quarto, claro, foi o mais animado. Nas redes sociais, tem um vídeo em que aparece tocando o instrumento ao lado de um enfermeiro empunhando um pandeiro. Esse era o Gallotti.

Por sugestão de vários de seus amigos, eu e meu colega de bancada do PSOL na Câmara de Vereadores, Tarcísio Mota, vamos propor um projeto para que no quarteirão entre a rua Primeiro de Março e a Travessa do Comércio seja criado o Espaço Eduardo Gallotti. O local ficou famoso pelas concorridas rodas de samba promovidas pelo querido músico que faleceu ontem.

Eu o vejo numa roda de samba do Céu, com sua arte eterna. Em plena voz, livre das dores, sem sofrimento, sob os cuidados do Todo Poderoso Amor. Siga em paz, irmão!

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