O chute de um aluno no rosto de uma professora no Rio de Janeiro é tristemente simbólico. Representa a violência nas escolas que machuca, traumatiza e, no pior dos casos, como temos infelizmente visto recentemente, pode matar.
Os eventos de violência em unidades escolares têm se repetido de forma quase sistemática no país. Não são, obviamente, orquestrados, mas deve servir, no mínimo, de sinal de alerta: estamos colhendo os frutos da política do governo Bolsonaro, onde a educação foi vilipendiada e tratada com desprezo.
Some-se a isso, o retrocesso civilizatório de um governo protofascista que idolatrou armas, que estimulou a violência e o discurso de ódio, que ria da cara de quem morria de Covid-19.
O caso recente do chute na professora aconteceu em uma escola estadual. E aí, o simbolismo é maior, pois representa ainda o descaso do governo do Estado com os profissionais da Educação – uma categoria que acabou de sair de uma greve que durou 43 dias para reivindicar o que lhe é de direito: o pagamento do piso nacional da categoria.
Vale lembrar que o piso nacional dos profissionais do magistério da educação básica é estabelecido por lei federal (11.738/2008). O Rio de Janeiro, por não seguir a lei, é o estado que paga o pior salário do país.
Esse combo sinistro, aqui no Rio de Janeiro, dependendo do local, ainda é acrescido por operações policiais que suspendem aulas e ameaçam a integridade de alunos e profissionais da Educação.
A professora, corretamente, não quis ser identificada. Disse que, além de seu rosto, o chute também atingiu a todos os profissionais do ensino, a Secretaria de Educação e o governador Cláudio Castro. Ela está afastada da sala de aula, sem condições mentais de trabalho, com dificuldade para se alimentar e dormir. Toda solidariedade a ela.
O que precisa ficar claro definitivamente é que não interessa aos donos do poder um povo esclarecido, bem educado e que saiba pensar, porque isso representa uma ameaça a essa elite espúria que se perpetua no poder de forma patológica. Sejam eles de esquerda ou de direita as políticas referentes a educação nunca irão respeitar o professor.
Infelizmente os estudantes brasileiros (exceções confirmam a regra) demonstram pouco ou nenhum apreço pela educação, facilitando assim a concretização dos interesses desses parasitas que controlam o governo.