Chuva contribui para extinção de incêndio no Parque da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro

Polícia Federal e ICMBio investigam causas; indícios apontam ação criminosa

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As chuvas que atingiram o Sudeste do Brasil ajudaram a extinguir o incêndio que consumia parte da vegetação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na região serrana do Rio de Janeiro. O fogo, que começou no dia 10 de setembro, foi controlado na terça-feira (17), conforme confirmou o chefe do parque, o biólogo Ernesto Viveiros de Castro, à Agência Brasil.

A área atingida, conhecida como Travessia Cobiçado x Ventania, era de difícil acesso, o que complicou o trabalho de combate às chamas, realizado por uma equipe de 60 pessoas, incluindo 36 profissionais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e 24 bombeiros. O trabalho contou com o apoio de aeronaves e trincheiras para conter o avanço do fogo.

Investigação aponta possível origem criminosa

A Polícia Federal e o ICMBio investigam as causas do incêndio. Segundo a administração do parque, já foi identificado o ponto de origem do fogo em áreas rurais vizinhas, com fortes indícios de que o incêndio tenha sido causado de forma criminosa. Viveiros de Castro já havia levantado essa suspeita em entrevistas anteriores. A administração do parque reforçou que não houve registros de raios ou outras causas naturais na região no período.

Com o fogo extinto, uma avaliação mais detalhada será realizada para medir as dimensões dos danos e o tempo necessário para a recuperação da vegetação. O parque, que abrange 20 mil hectares protegidos e é administrado pelo ICMBio, se estende pelos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim, e é conhecido por suas cachoeiras, trilhas e pela presença do icônico pico Dedo de Deus.

“Reforçamos que é proibido o uso de fogo neste período de seca, seja para queimar lixo ou limpar áreas agrícolas. Essa prática é perigosa e sujeita a punições severas”, informou a administração do parque.

Brasil enfrenta onda de queimadas

O incêndio na Serra dos Órgãos faz parte de um cenário mais amplo de queimadas no Brasil. De janeiro a agosto de 2024, as chamas devastaram 11,39 milhões de hectares, de acordo com o Monitor do Fogo, projeto do MapBiomas. Apenas no mês de agosto, o país perdeu 5,65 milhões de hectares, área equivalente ao estado da Paraíba.

Na última terça-feira (17), os chefes dos Três Poderes se reuniram em Brasília para discutir o agravamento das queimadas e possíveis soluções. A reunião, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contou com a participação dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.

Origem criminosa e medidas de combate

Durante o encontro, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a gravidade das queimadas e reforçou que, à exceção de causas naturais, “qualquer incêndio é caracterizado como criminoso”. Ela ressaltou que está em vigor uma proibição nacional do uso do fogo para limpeza de áreas.

A Polícia Federal está investigando possíveis ações coordenadas por criminosos. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública em seis estados – Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Roraima e Acre – para atuar no combate às queimadas por um período de 90 dias.

Impacto na saúde pública

As queimadas não afetam apenas o meio ambiente, mas também a saúde pública. Com as nuvens de fumaça se espalhando por diversas regiões do país, aumentam os casos de doenças respiratórias e os riscos de problemas mais graves, como o surgimento de câncer devido à exposição prolongada aos componentes tóxicos liberados pelas queimadas.

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