Com a atual popularidade, o presidente Jair Bolsonaro consegue até levar um candidato para o 2º turno, mas a rejeição pode impedir que este candidato vença. Talvez esta seja a razão pela qual o governador Claudio Castro (PL) tenta se afastar sutilmente do Bolsonarismo em entrevista ao Jornal Valor desta segunda-feira, 31/5.
Ele fez questão de dizer que sua estratégia é ser ele mesmo, “um cara do diálogo, conversar com todo mundo. Não faz sentido agora que eu mude meu perfil. E vou mudar por causa de um ou de outro? Não faz sentido“. E quando perguntado sobre as diferenças de pensamento com Bolsonaro martela: “Estou focando muito na gestão, e não estou me metendo nas confusões. Estou fugindo. O Rio já tem confusões demais“. Castro diz que tem dialogado muito com o presidente, em tudo. “Com a a Petrobras estamos conseguindo vitórias que antes, mesmo quando era muito mais alinhado, não teve. Pelo menos comigo, o presidente tem sido uma pessoa de altíssimo diálogo, e nossas pautas são 100% técnicas“.
O governador também diz não estar tratando sobre 2022 com o presidente, que está apenas 8 meses como governador e antes ne conhecia o presidente. Mas lembra que Carlos Bolsonaro foi vereador com ele e com Flávio Bolsonaro tinha a relação de se encontrar. Mas que “A nossa grande afinidade hoje é os dois pensarem no bem do Estado do Rio de Janeiro… Tanto que os elogios que ele tem feito a mim são elogios de gestão. Ele é um cara preocupado com Rio“.
Castro também que ainda não tem afinidade pessoal com o Bolsonaro, mas que ela está se construindo. Que afinidade de ambos é o Rio de Janeiro, e que o presidente tem se mostrado muito sensível às pautas do Estado. E que com o leilão da Cedae, “mesmo com toda a pressão… isso vai criando uma afinidade muito mais de admiração do trabalho que outras coisas“.
Quando perguntado se é aliado de Jair Bolsonaro, responde que é na gestão “Sou, com certeza. Sou porque, meu Estado precisa demais. O Rio precisa umbilicamente do Governo Federal, não tem como não estar perto… Estou só há oito meses. Normalmente quem tem esse tempo não pensa em processe político. Eu entrei mais perto da eleição, mas tem muita coisa pela frente. Hoje meu pensamento é na gestão“
Relação com Eduardo Paes
Na entrevista também falou de sua relação com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e diz que conhecem há 500 anos, e se falaram a vida toda. “Na política nunca conseguimos. Ensaiamos estar juntos nas eleições, mas nunca conseguimos. Apoiei ele em 2012 quando eu fui candidato [a vereador]. E fora isso a relação é mais pessoal que política“. Quanto ao fato de Paes ter ido para o PSD no lugar do governador, ele diz isso foi uma decisão do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, que não queria ser tachado como aliado do presidente.
Quanto ao entrevero que ambos tiveram 2 meses atrás, quando Paes disse que o governador queria fazer a Castrofolia, ele disse que “Aconteceu uma questão pontual, que discordamos. Eduardo é muito visceral em tudo, sempre foi. A relação é boa, tranquila. Em um momento ele subiu o tom, mas logo depois desceu e uma depois estávamos falando“.
Quanto a um apoio de Paes em 2022, Castro diz “Tem que perguntar para ele. Se ele quiser me apoiar, estou de braços abertos. Ele é que tem que querer.”
Eleições 2022 e reeleição
O Valor também quis saber se ele será candidato a reeleição, a resposta foi que “Provavelmente, só se o trabalho acontecer bem, mas é um caminho. Só se não decolar“. Também disse que não há chances de ir para o TCE, possibilidade sempre aventada, nem será candidato a deputado federal. “O Estado não merece ter três governadores num período. É uma descontinuidade de trabalho enorme.“
E que não caberá as pesquisas sua decisão, e sim ao seu coração. “…eu achar que eu tenho mais a colaborar ou que já fiz o meu papel“.
Ele também espera encontrar mais estrutura no PL do que tinha no PSC. Diz que o partido tem o vice-prefeito da capital (Nilton Caldeira), 22 prefeitos, incluindo o de São Gonçalo e o de Itaboraí e o de Mesquita. Além disso outros prefeitos devem migar para o PL que deve chegar a 35 prefeitos no Estado do Rio. Além disso são 4 deputados federais, a bancada total é de 30 deputados, e 2 tem dos 3 senadores do Rio de Janeiro.
Recursos da Cedae para Infraestrutura
Na entrevista Claudio Castro também falou sobre os recursos conseguidos no leilão da Cedae, “…a maior concessão da história do Rio, a segunda maior do país, só perdendo para a das telecomunicações“. E ele espera que o Rio vá ficar com R$ 7 bilhões em 2021, mais R$ 2,8 bilhões, em 3 anos outros R$ 3bilhões. O que totalizaria R$ 14 bilhões nos cofres do estado.
O governador promete que todo o dinheiro será usado em obras de infraestrutura, e não para o pagamento de folhas, pelo menos enquanto estiver como governador. Perguntado sobre o que é prioritário, diz que está conversando com os prefeitos e fala do cluster automotivo no Sul Fluminense, que com dois viadutos junta os municípios de Resende e Porto Real, o que geraria o interesse de empresas irem para a região, o custo é de R$ 30 milhões. Além disso diz que quer gastar R$ 60 milhões no Arco Metropolitano.
“O que não quero é viver um Processo Olímpico parte 2. O que é isso? Enquanto tiver dinheiro e tiver obra, tem emprego. Quero trabalhar em ações que me proporcionem trazer empresas, aumentar a capacidade de o Rio atrair novos empregos“.
Falou muito de investimento no modal rodoviário e nada sobre ferrovias. Terminar o metrô? Não. Levar trem pra Itaguaí? Nada. Eletrificar ramais a diesel? Também não. Assim fica difícil ver o estado evoluir.