Diante dos últimos episódios de terror vividos por cariocas e fluminenses na Avenida Brasil, quando a via foi fechada como resultado de um ataque dos bandidos do Complexo de Israel, na altura da Cidade Alta, contra policiais miliares que faziam uma operação contra o roubo de cargas e veículos, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Leste 1, lançou em sua rede social, um manifesto pedindo paz para a capital fluminense.
No documento, a entidade lamentou as mortes de pessoas rumo ao trabalho ou ao lazer. Como aconteceu no ataque, resultou em três mortos, que levaram tiros na cabeça; e três feridos por armas de fogo. A CNBB ressaltou a gravidade dos acontecimentos, reforçando que eles impõem uma rotina de terror que deixam os cidadãos amedrontados e enclausurados nas suas casas.
“Nos últimos dias, uma série de atos de violência eclodiu em diversos municípios do Estado do Rio de Janeiro, especialmente na Região Metropolitana, aterrorizando cidadãos de bem ao evidenciar o forte clima de insegurança em que estamos mergulhados. Próximo a nós, há pessoas sendo mortas enquanto vão ao trabalho ou ao lazer, outras fechando-se em suas casas e adoecendo de medo e pânico”, disse a entidade no comunicado, enfatizando que a liberdade religiosa está em perigo nas regiões dominadas pelas facções criminosas, que atacam templos, fiéis e religiosos:
“A sociedade experimenta profunda instabilidade e até lugares de culto a Deus estão sendo vandalizados, com o perigo do cerceamento da liberdade religiosa. Diante dessa realidade, nós, bispos católicos do Estado do Rio de Janeiro, regional Leste 1 da CNBB, repudiamos com veemência a violência que ameaça a vida e a dignidade de nosso povo. Manifestamos também nossa solidariedade e proximidade a todas as vítimas da violência e aos que, de algum modo, são atingidos por ela”, disse o bispado fluminense.
Na nota, os religiosos disseram que todos, sem exceção, têm responsabilidade por criar um ambiente de paz e fraternidade no Rio de Janeiro, desde a população, passando pelos governos nos seus diferentes âmbitos de poder.
“Fazendo-nos voz de nosso povo, clamamos: As coisas não podem continuar como estão. Não se pode permitir que a violência continue a se alastrar. A boa promoção da paz é uma responsabilidade de todos os cidadãos. Cada um tem que fazer a sua parte em vista dela. Mas cabe especialmente ao governo, nas três esferas da sua organização – Municípios, Estado e Nação – e no exercício dos três âmbitos do poder – Executivo, Legislativo e Judiciário -, garantir, a liberdade e a superação da violência. A eficiência dos governantes é medida prioritariamente por sua capacidade de garantir a segurança dos cidadãos”, afirmou a instituição no documento.
Por fim, os religiosos citaram o apelo de fé e comunhão do Papa Francisco em sua recente encíclica: Dilexit Nos 28, sobre o amor humano e o Divino Coração de Cristo:
“Só a partir do coração é que nossas comunidades serão capazes de unir e pacificar os diferentes intelectos e vontades, para que o Espírito nos possa guiar com a rede de irmãos, porque a pacificação é também uma tarefa do coração. O coração de Cristo é êxtase, é saída, é dom, é encontro. N’Ele tornamo-nos capazes de nos relacionarmos uns com os outros de forma saudável e feliz, e de construir nesse mundo o reino de amor e de justiça. O nosso coração unido ao de Cristo é capaz desse milagre social”, comentou o Santo Padre.