Colombo: a confeitaria de presidentes, artistas, intelectuais e rainhas

A trajetória da Confeitaria Colombo se mistura à história do Brasil. Foram inúmeras as personagens de destaque que passaram pelos seus salões

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Fachada da Confeitaria Colombo, no Centro do Rio - Foto: Carla Lencastre

Inaugurada em 1894, a Confeitaria Colombo é, sem dúvida, um dos estabelecimentos comerciais mais icônicos do Rio de Janeiro. A trajetória da Colombo se mistura à história do Brasil. Neste ano, Prudente de Morais se elegia presidente, o terceiro da Primeira República. A capital fluminense, por sua vez, passava por um grande momento de desenvolvimento e efervescência, dos quais o empreendimento era resultado e testemunha.

A ideia de criar a Confeitaria Colombo partiu dos portugueses José Manuel Lebrão e Joaquim Meirelles. A inauguração da casa, localizada na Rua Gonçalves Dias, no Centro da cidade, aconteceu no dia 17 de setembro daquele ano. No decorrer desses 159 anos, o negócio vicejou e expandiu-se para outros pontos da cidade, atraindo cada vez mais clientes anônimos e famosos, como Rainha Elizabeth, o ex-presidente Getúlio Vargas, o ex-governador Carlos Lacerda, entre tantos outros. Mais do que uma referência gastronômica e ponto de encontro, a Colombo era um patrimônio artístico e cultural.

Inteligente, José Manuel Lebrão elaborou uma estratégia para consolidar o espaço como um local frequentado por pessoas influentes ligadas à política, à literatura e à cultura brasileira. Para isso, convidava pessoas ilustres da época, como Olavo Bilac e Machado de Assis, que se tornaram clientes habitais. O pai da aviação, Santos Dumont; e o jurista Rui Barbosa, também viam na Colombo um local para se fazer uma boa degustação e travar boas conversas.

Foi em 1905, quase 10 anos após a sua inauguração, que os donos da casa decidiram produzir os seus próprios doces, como estratégia de enfrentamento aos produtos importados. E os frequentadores agradeceram, fazendo da marmelada –  primeiro doce fabricado pela Colombo em larga escala -, um grande sucesso.  

Ligados ao que acontecia de mais relevante na época, os proprietários da Colombo decidiram incorporar à sua programação o chá das cinco, famoso na Inglaterra e muito popular no início da década de 1920, no Rio de Janeiro. Para melhor servir à sua seleta clientela, os donos da confeitaria expandiram a unidade e construíram um salão superior, que começou a funcionar por volta de 1922.

As intervenções deram uma cara nova à Confeitaria Colombo, que ganhou contornos art nouveau. A sua grande claraboia e vitrais foram trazidos da França. Os espelhos foram importados da Bélgica. O mármore de Carrara foi encomendado da Itália. E o piso de ladrilhos hidráulicos veio de Portugal. Na casa também foi instalado um elevador, um dos primeiros do Rio. Muitos desses itens são mantidos até hoje, assim como as cadeiras e os balcões.

Claraboia da Colombo Rede Social da Confeitaria Colombo: a confeitaria de presidentes, artistas, intelectuais e rainhas
Claraboia da Colombo – Rede Social da Confeitaria

O requinte dos salões do Calombo tocava os corações presidenciais. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves eram frequentadores assíduos do lugar. Getúlio Vargas adorava o churrasco à gaúcha, tendo o pastel de Belém como o seu doce predileto. Juscelino Kubitschek, por sua vez, sempre pedia carré de porco. Já Tancredo Neves tenha preferência por camarão empanado e peixe empanado.

Em 1968, a Confeitaria Colombo deu um passo ultramarino importante. Durante um banquete a bordo do iate Britannia, foi servido como sobremesa, o delicioso sorvete de bacuri, fruta típica da região Norte do Brasil, ao qual a Rainha Elizabeth II se rendeu se pudores.

Orlando Duque garcom da Confeitaria Colombo Rede Social 1 Colombo: a confeitaria de presidentes, artistas, intelectuais e rainhas
Orlando Duque trabalha na Colombo desde os 14 anos /
Reprodução: Rede Social

A Colombo possui ainda um patrimônio de valor inestimável, o garçom Orlando Duque, funcionário mais antigo da casa, onde trabalha a quase sete décadas. Como começou a trabalhar na Colombo aos 14 anos, o garçom guarda memórias honoráveis da trajetória da confeitaria. Como as estratégias criadas pelo frequentador Carlos Lacerda para não se encontrar com o seu desafeto Getúlio Vargas, que gostava de usufruir da mesa 23, distante da qual Lacerda fazia questão de ficar. Orlando Duque também atendeu a Rainha Elizabeth. Foi na Colombo que ele conheceu sua futura esposa.

Com o sucesso firmado ao longo dos anos, a marca ganhou novos endereços. Atualmente, possui filiais no Forte de Copacabana, no Aeroporto Internacional Tom Jobim (RIOgaleão) e no Centro Cultural Banco do Brasil. A estratégia de crescimento levou a Colombo a atuar também em outras frentes, como a realização de eventos.

Para atender a toda essa demanda, a confeitaria necessita de uma grande quantidade de insumos para produzir todos os seus tradicionais pratos e guloseimas. Diariamente, são utilizados, em média, 2.500 ovos, 300 kg de farinha e 180 kg de açúcar. Mensalmente, a casa serve mais de 18 mil doses de café.

Com capacidade receber mais de 200 pessoas, os salões seculares da confeitaria podem ser alugados para a realização de eventos, como casamentos, almoços, jantares, aniversários e reuniões corporativas. Para atender a tais demandas, a empresa oferece ainda o serviço de buffet.

Interior da tradicional e elegante Confeitaria Colombo / Reprodução

Fonte: Revista Pequenas Empresas, Grande Negócios.

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