Ah, a magia da sétima arte. Quem não gosta de um cinema? Ou teve alguma experiência marcante a partir dessa arte coletiva? Lembro de minha mãe me levando ao Pólo Um, em Madureira, para ver Batman, O Retorno. A fascinante Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer provocando um homem-morcego vivido por Michael Keaton. Quando saí do cinema ainda pedi para minha mãe comprar o gibi do filme. Nada mais era do que toda a história que eu tinha acabado de assistir, só que em quadrinhos. O amor pelo cinema vem de menino. Um bom tempo depois ainda lembro dos belos cinemas que rodeavam a Praça Saens Peña, na Tijuca. Quantos bons momentos. Até ver filme ruim era bom.
Especialmente nos anos de 2019 e 2020, até o surgimento da pandemia, pude participar de diversas cabines de imprensa. Ou seja, quando jornalistas, críticos de cinema, e afins, podem ver os filmes nas salas de cinema antes deles serem lançados para o grande público. Parando para pensar agora, creio que foi um sonho realizado. Aliás, enquanto escrevo, a saudade bate mais forte. A sala escura e toda a atenção voltada para aquela tela brilhante e gigante, a passagem para mundos novos.
Inclusive essa semana percebi que não estou sozinho nessa saudade do cinema. Saiba que o movimento #JuntosPeloCinema realizou, em maio de 2020, uma pesquisa online com mais de 27 mil pessoas no país para saber sobre um possível futuro retorno às salas de cinema. A saber, o público jovem, de 16 a 24 anos, é o que deve retornar mais rápido às salas. Olha só, 75% dos jovens colocam o cinema como prioridade de entretenimento no retorno das atividades, ficando acima até de passeio ao ar livre, o qual ocupa o segundo lugar da preferência, com 37,5% dos votos. Além disso, 80% dos jovens ainda afirmam que, no futuro, a frequência de ida ao cinema deve se manter igual ou maior ao que era antes da pandemia.
E aí está onde fui abraçado – à distância – pelo povo brasileiro. De acordo com 70% de todas as pessoas pesquisadas, o que mais sentem falta é a experiência do cinema, algo que não é possível reproduzir em casa, e esse é o fator específico que mais impacta a agilidade do retorno às salas. 98% associa o cinema com sentimentos positivos. As palavras mais associadas à experiência foram: diversão, filmes e pipoca. Olha só, foi exatamente o que citei antes. Até ver filme ruim é bom. Cinema é viajar sentado, percorrer caminhos, viver outras vidas.
Por falar em viajar sentado, engraçado perceber o movimento dos drive-ins. Aquele cinema das antigas visto de dentro do carro. Vários estados do Brasil aderiram, enquanto alguns cobram preços exorbitantes e surreais, como cem reais, outros oferecem de graça. A Lagoa Rodrigo de Freitas vai ter um, deu no Diário do Rio.
No fim das contas, o que me resta é aguardar, ver filmes em casa tem o seu valor, porém, a possibilidade oferecida por uma sala de cinema é outra coisa, tem sabor de pipoca e aroma nave espacial.