Com maior alta mensal desde 2013, preços dos alugueis comerciais indicam abalo ao ‘home office’

Os escritórios com aspecto mais moderno e com taxas de condomínio abaixo de R$ 15,00 por metro quadrado têm incrementado este mercado, que estava no marasmo até recentemente e agora ensaia uma alta

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Edifício-Sede do Banco Central do Brasil na Av. Presidente Vargas no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. - Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Desde novembro de 2013, quando o valor dos aluguéis comerciais registrou uma alta relevante, o indicador das locações de escritórios não apresentava avanços significativos. Mas em abril deste ano, o aluguel comercial atingiu a maior alta mensal desde então, com um acréscimo de 1,11%, com o preço do metro quadrado (m²) deste tipo de imóvel no Rio batendo R$ 43,57.

A alta de mais de 1% em abril representou uma grande aceleração do ritmo, uma vez que, em março, o avanço foi de apenas 0,63%. As informações são resultado de uma sondagem realizada pelo Índice FipeZap, que avalia todos os meses a oscilação dos preços em salas e conjuntos comerciais de até 200 m², inicialmente em 10 cidades selecionadas.

O FipeZap também identificou uma alta de 7,69% no aluguel de imóveis comerciais nos últimos 12 meses – tempo mínimo de um contrato de locação comercial. O aumento, que tem sido registrado desde agosto de 2021, seria resultado da retomada econômica no período pós-pandemia, segundo o Índice. Empregadores, desde então, têm reavaliado as alternativas do trabalho híbrido e do presencial. Mas, no atual cenário, ainda não é possível avaliar uma tendência de suspensão total do home office, por exemplo.

Advertisement

“É cedo para dizer que o trabalho híbrido e o home office estão perdendo espaço [para o presencial]. Ainda assim, o retorno de muitos colaboradores para o escritório – mesmo que apenas em alguns dias na semana – tem impacto no aquecimento do mercado comercial”, disse Paula Reis, economista do DataZAP ao site da Exame.

A Sergio Castro Imóveis, uma das maiores empresas do ramo na cidade, registrou alta de 27% no chamado índice de velocidade de locações de salas comerciais. Responsável pelo segmento na empresa, o Diretor Lúcio Pinheiro explica que “nos edifícios que têm aparência boa, elevadores novos e andares até 300m2, tem ocorrido uma boa alta nas locações, quando o valor do condomínio não é impeditivo“. Pinheiro cita o caso do tradicional edifício Ministro Afrânio, na Avenida Rio Branco, número 177, esquina com a Rua da Ajuda, em frente ao Teatro Glauce Rocha. “Temos feito inúmeras locações no prédio, que, além de ser em frente ao metrô da Carioca e uma vista muito bonita, tem o condomínio abaixo dos R$ 15,00 por metro quadrado, um achado no Centro”, explica, dizendo que tanto o Afrânio como o Sloper Corporate (na Uruguaiana, recém limpa dos camelôs clandestinos) tem os condomínios mais em conta da cidade, e são prédios com aparência de novos. Lucio também comemora locações de andares em Copacabana e no Leblon, onde, afirma, os valores de locação ultrapassam R$ 300,00 por cada metro quadrado locado.

A retomada econômica, de acordo com a pesquisa, também impactou positivamente as vendas de imóveis comerciais, que valorizaram 0,24% em abril, acima da elevação de 0,02% no mês de março, configurando a maior elevação nos preços de venda em seis anos. Segundo o FipeZap, em janeiro de 2018, o indicador apontou um avanço de 0,55%.

A capital fluminense e Niterói, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, teriam sido as cidades a registrarem o maior avanço nos preços médios dos aluguéis em nível nacional, com 2,68% e 1,56%, respectivamente.

“Com o aumento do dinamismo no mercado de trabalho no Rio de Janeiro, há também maior demanda por aluguéis comerciais e, devido à demora na adaptação da oferta e às restrições de espaço para a construção de novos empreendimentos, o que resulta em um forte aumento de preços”, observou ainda a economista do DataZAP, acrescentando que a recuperação do setor de turismo, desde a pandemia, acima da taxa brasileira também impactou as relações comerciais fluminenses. Pinheiro explica que muitas empresas tem avaliado deixar cada vez mais de lado o home office, quando encontram um bom custo benefício para os escritórios.

No que diz respeito aos maiores aluguéis por metro quadrado, a média nacional ficou em R$ 43,57/m², conforme o levantamento do FipeZap:

São Paulo: R$ 51,91/m²

Florianópolis: R$ 45,19/m²

Rio de Janeiro: R$ R$ 43,16/m²

Quanto às cidades com a maior alta no preço das vendas de imóveis comerciais, Salvador e Rio de Janeiro lideram o ranking, com +0,76% e +0,75%, seguidas por Curitiba, que registrou um avanço de 0,74%. A média de preços ficou em R$ 8,4 mil/m².

Já as cidades que registraram os maiores preços de venda por metro quadrado em abril foram:

São Paulo: R$ 10,04 mil/m²

Rio de Janeiro: R$ R$ 8,83 mil/m²

Florianópolis: R$ 8,22 mil/m².

Metodologia do Índice FipeZAP

O FipeZAP, índice que acompanha os preços de imóveis residenciais e comerciais. é calculado a partir de informações coletadas em anúncios de imóveis para venda e locação veiculados nos portais ZAP (VivaReal e Zap Imóveis).

No segmento residencial, a avaliação toma como base anúncios de apartamentos prontos em até 50 cidades selecionadas. Já no comercial, os anúncios usados se referem a salas e conjuntos comerciais de até 200 m², localiados em 10 cidades selecionadas.

Pela metodologia, os preços dizem respeito a anúncios para novos contratos de aluguéis. O Índice, no entento, não considera em seu cálculo a correção dos aluguéis vigentes, uma vez que os valores sofrem reajustes contratuais períodicos.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Com maior alta mensal desde 2013, preços dos alugueis comerciais indicam abalo ao 'home office'
Advertisement

5 COMENTÁRIOS

  1. Só trabalho presencialmente obrigado e se incomodo for grande, vou para uma empresa que tenha home office.

    Os empresários têm a liberdade de escolher, eu com 30 anos de experiência na minha área também.

    Brasil tem uma elite do atraso mesmo. Enquanto o mundo todo tinha acabado com a economia baseada em escravidão, seguia o Brasil por anos ainda com isso. Enquanto o mundo se industrializa, o Brasil continua do Agro é tec, Agro é pop, Agro é tudo. Enquanto o mundo todo nem se discute isso de home office, o patrão no Brasil ainda faz questão do seu funcionário perder tempo de vida em deslocamento desnecessário e olhar pra cara dele 8h por dia.

  2. Só jogar o gado as feras no “walking dead” que se tornou o Centro não resolve, pois alguma coisa irá se perder nisso. Quem sabe essa depressão econômica em que o Brasil está indo a toda faça com que as pessoas e empresas ocupem a região. O futuro alí é uma estrutura de baixa qualidade para a baixa renda.

  3. Mauro tem razão. Esta evidente que o Home Office veio pra ficar. Midia forçadora de barra só favorece a especulação. O centro do Rio é um deserto e ainda vem a mídia dizer que preços aumentaram? Tolinhos…..

  4. E este jornal patrocinado pelo mercado imobiliário segue sua cruzada contra o home office…

    Como diria Vanessa DaMata:

    “Não tem mais jeito…”
    “Acabou…”
    “Boa sorte…”
    “Good Lucky…”

    O home office é uma realidade (velha) consolidada.

    Agora, rumo a jornada de 6h diárias de trabalho e depois 4 dias de trabalho semanal.

    Os melhores empregos e melhores funcionários exigem o home office. Igual vc ir num lugar “bom” e não aceitarem pagamento por Pix.

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui