Comerciantes somam prejuízos com invasões noturnas no Centro do Rio

Gastos com manutenção e segurança chegam a superar valor dos objetos furtados em alguns casos

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Mais imóveis são arrombados no Centro a cada dia
A onda de invasões e arrombamentos tomou conta de tal maneira da área portuária que vândalos são vistos à luz do dia, portando pés-de-cabra, e roubando pedaços de imóveis.

Mesmo com décadas de tradição no Centro histórico, lojistas denunciam que estão sofrendo ataques a estabelecimentos no período noturno e que as invasões têm causando não só subtrações como gastos a mais com itens de segurança. A rotina, considerada mais recente mesmo para donos de estabelecimentos quase centenários, tem provocado também pavor por conta de risco de incêndios, já que os objetos almejados pelos ladrões são, muitas das vezes, ligados à eletricidade e até ao gás. “Eles não se intimidam com câmeras e fico apavorada, além de contabilizar mais um prejuízo, mesmo com os investimentos em segurança. Temo que um dia tudo pegue fogo“, relata uma comerciante da Rua do Ouvidor, que não quis se identificar. Recentemente, o Mc Donald’s da rua Sete de Setembro também sofreu um arrombamento noturno.

Vizinho à Ouvidor, mais um empresário lamenta o arrombamento da porta metálica de sua loja, que ainda causou um déficit maior do que a TV de 43 polegadas levada por bandidos. “Só para ajeitar minha porta, foram mais de R$ 3 mil. Fora o furto de uma televisão que custa, aproximadamente, R$ 2,3 mil“, calcula.

O problema é antigo, segundo uma outra vítima, que conta o que já viu pelas câmeras. “Aqui começou na pandemia. Sempre o mesmo perfil: cracudos. Adoram levar bebidas, nunca é comida. Já reforcei portas, coloquei grades de janela, mas eles estão astutos. Precisamos de mais segurança“, detalha.

Mas, nas proximidades do Largo da Carioca, a estatística teria assustada uma comerciante que considera que o problema tem aumentado e muito. “Em 12 dias, eu contei 30 ‘visitas’. Está demais“, resume a mulher, que ainda teme represálias que nem os demais furtados.

Uma loja na Rua da Quitanda, 23 também foi invadida no último mês e os cracudos roubaram toda a fiação, torneiras e pedaços do antigo letreiro. Nesta loja funcionou a antiga Bagaggio.

Em outubro, câmeras da região filmaram um mendigo que arrombou dois prédios na região, bem próximo aos ataques deste ano. Há quem acredite que se trate de grupos organizados.

De acordo com o comandante do 5° BPM (Praça da Harmonia), Silvio Pekly, informou que, assim que tomaram ciência dos crimes, dedicou policiais para o local e ainda garante que o serviço de inteligência está também trabalhando no caso.

Ao DIÁRIO DO RIO, a Guarda Municipal afirma que atua em todo o Centro do Rio com equipes da 1ª Inspetoria, Unidade de Ordem Pública do Porto Maravilha e equipes dos Grupamentos de Operações Especiais e Tático Móvel, que reforçam as ações de patrulhamento preventivo das demais unidades, além do Grupamento Especial de Trânsito, que pode coibir delitos durante a fiscalização de rotina, porém, não respondeu sobre questionamentos de reforço na região, conforme questionados.

Em nota, o órgão ainda completa que “a Guarda Municipal atua com foco no ordenamento urbano e na coerção a delitos em apoio às forças policiais. Quando os guardas flagram crimes em andamento, eles executam a prisão e conduzem os acusados para a delegacia mais próxima da região onde aconteceu o delito“.

Em São Paulo, um saque feito por usuários de drogas a uma loja de eletrodomésticos provocou o fechamento do estabelecimento, por conta do prejuízo estimado em R$ 300 mil, e causou repercussão. Após o episódio, a Prefeitura de São Paulo anunciou aumento de 500 guardas municipais para o Centro. No Rio, desde julho do ano passado, a Guarda Municipal voltou a operar 12×36 para aumentar, assim, o efetivo nas ruas do Rio, mas muitos reclamam que os agentes pouco são vistos nas ruas. “Virou artigo raro e ajuda a intimidar a ousadia destes caras“, salienta uma cliente da Rua Gonçalves Dias, Maria Alves, de 23 anos.

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VIAAmanda Raiter
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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.

2 COMENTÁRIOS

  1. O Rio de Janeiro tem que se separar do Brasil.
    Não podemos, e não devemos, mais sustentar o Brasil com os nossos lucros do petróleo e gás. Chega de vermos municípios de estados que se beneficiam com os lucros bilionários do nosso petróleo e gás (como SP, MG e Sul do Brasil) mais que os nossos municípios, nosso estado e nossa população fluminense.

  2. Isso é resultado do Projeto Par instalado no terreno do IASERJ.
    Trazer toda população de rua do Rio de Janeiro para o Centro sem ter abrigo suficiente é fomentar esse tipo de crime na região.

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