Mais um prédio é alvo de mais um ‘mendigo arrombador’ no Centro do Rio

A crescente onda de invasões, arrombamentos e furtos a imóveis durante a noite no Centro do Rio preocupa comerciantes, enquanto enriquece os donos dos ferros velhos e piora a confiança dos que investem na região

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Um Rio Antigo, mas também de velhos arrombamentos e invasões. É assim a realidade de comerciantes das principais ruas do nosso Centro Histórico: Ouvidor, Uruguaiana, Miguel Couto e Rosário. Nem os prédios comerciais ocupados têm poupados pela ação de criminosos, que buscam furtar mercadorias, arrancar portas, peças de ferro, cadeados, calhas. Instrumentalizados sempre pelos ferros velhos clandestinos que atuam na região da Central, São Cristóvão e Frei Caneca, nas barbas das autoridades.

De acordo com uma comerciante, que não quis se identificar para garantir a segurança de seu estabelecimento, um dos mais tradicionais do Rio, ela teve que contratar segurança para vigiar o lado de fora, vigia para a parte de dentro e reforçar a segurança do local com mais de 30 câmeras. “A Despesa é enorme. Na Rua Gonçalves Dias, tem invasão toda semana. Roubo inclusive. Ali a maioria das lojas sofreu com isso e tentaram entrar em um prédio, mas não conseguiram”, conta, desolada. Sua empresa já foi alvo dos bandidos diversas vezes.

Enquanto as câmeras tradicionais parecem não intimidar os já apelidados “mendigos arrombadores” da região, uma lojista da Rua da Carioca acredita que, na verdade, são grupos organizados. “Não são bem mendigos. Usam os mendigos como instrumento ou como parte da estratégia. É algo mais organizado”, opina.

Nos arredores, há diversos pontos de atenção, além da alta concentração de mendigos e viciados, como as invasões, que, segundo levantamento feito em meio a ocorrências policiais, são grande foco de crimes de todo o tipo, desde maus tratos a animais, lei maria da penha, furtos e roubos, além de tráfico, contrabando e falsificação. Um dos maiores focos de crime em invasões é a rua Visconde de Inhaúma e parte da Teófilo Otoni. Desde 2016, além do policiamento ostensivo tradicional dos três batalhões em toda a área, a região conta também com o Centro Presente, que foi implantado após o sucesso do Lapa Presente e conteve onda de arrastões que ocorria nos arredores da Rio Branco quase que diariamente. A criminalidadr aparente e diurna diminuiu muito.

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Invasões travestidas de gestos políticos ou de militância são um câncer no tecido urbano do Centro do Rio. São imóveis quase sempre a um passo de desmoronar, que servem de abrigos para criminosos enquanto estas organizações que vivem de incitar o crime faturam alto em cima da miséria alheia.”, pontua Wilton Alves, que trabalha na administradora Sergio Castro, com mais de 2.000 imóveis administrados na região central. Alves explica que muitos dos prédios que desmoronam, como ocorreu semana passada no Arco do Teles, acabam caindo por culpa da ação destes bandidos, que furtam suas valhas – quase sempre de cobre ou ferro – expondo seus telhados à ação da chuva, que acaba corroendo todo o madeirame, levando à ruína os casarões. “Quase todos os casarões que desabam no Centro perderam a impermeabilização e foram corroídos pela chuva após o furto de calhas e peças de metal. E todo mundo assiste inerte à destruição de nosso patrimônio cultural”, explica.

Na semana passada, o secretário estadual de Governo, Bernardo Rossi, anunciou a doação de 1,3 milhão de litros de combustível para a frota de programas como Lei Seca e Segurança Presente, em uma visita dos deputados General Pazuello e Índia Armelau.

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Mendigo arrombador fez uma tentativa de furtar um prédio na Gonçalves Dias, no Centro antigo

Em nota, a assessoria da Polícia Militar informa que a corporação atua por meio de suas unidades operacionais reprimindo os crimes de dano, furto e roubo a equipamentos urbanos e ao patrimônio (fios e cabos elétricos, placas, portões e outros itens) através do patrulhamento ostensivo e na atuação diante de situações de flagrante e que as ações da SEPM são planejadas com base em informações de inteligência, sendo pautadas por critérios técnicos e pelo previsto na legislação vigente, atuando de forma conjunta com as delegacias da Secretaria de Estado de Polícia Civil.

O saldo operacional da Polícia Militar revela o grau de complexidade enfrentado diariamente pelos policiais militares. Somente no ano de 2023, a corporação prendeu mais de 25 mil e 550 criminosos e apreendeu mais de 3.280 adolescentes envolvidos com a criminalidade. Mas, eles voltam.

Ainda de acordo com o órgão, para reduzir a incidência de furtos de bens públicos e privados não podem se limitar ao policiamento ostensivo em vias urbanas. A legislação penal vigente, por exemplo, tem favorecido a reincidência desses crimes. Para se ter uma ideia, um estudo elaborado pelo 1º Comando de Policiamento de Área (CPA) da Secretaria de Estado de Polícia Militar constatou que, entre 1 de janeiro e 31 de agosto, foram efetuadas 1953 prisões e 459 apreensões de adolescentes envolvidos em prática de roubo e furto. Desse total de pessoas conduzidas às delegacias da área, 287 (11,9%) eram reincidentes.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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