Conselheiros do TCM reprovam contas de Crivella de 2019

Essa é a primeira vez na história da corte que um prefeito tem suas despesas rejeitadas

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Foto: Reprodução

Nesta quarta-feira (16/12), os conselheiros do Tribunal de Contas do Município (TCM) rejeitaram as contas do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) relacionadas a 2019 por 5 votos a 1. Antes da pandemia, que teve início em março deste ano, as contas da prefeitura do Rio já mostravam sinais de desequilíbrio. Essa é a primeira vez na história da corte que um prefeito tem suas despesas rejeitadas.

O conselheiro Luiz Guaraná, relator do processo, manifestou seu voto contrário a Crivella em um documento com 216 páginas. Crivella acompanhou o julgamento da sessão por videoconferência e defendeu seu governo numa exposição oral que levou quase 50 minutos. Na véspera da votação, o prefeito protocolou novos documentos para consideração dos conselheiros, já fora do prazo legal para recursos. Ele ainda não se manifestou sobre a decisão do TCM.

Por conta de uma série de problemas constatados, a decisão seguiu orientação de órgãos técnicos da corte. Pelo segundo ano consecutivo, Crivella deixou de quitar precatórios (dívidas judiciais) no valor de R$ 126,4 milhões, descumprindo inclusive uma determinação do próprio TCM relativa às despesas de 2018, que orientavam a necessidade de não atrasar os pagamentos.

Além disso, o ano passado fechou com um rombo de R$ 4,24 bilhões nas contas, os cofres públicos tiveram que arcar com quase R$ 25 milhões em multas por atrasar o pagamento de dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com o relator, dados do Tesouro Nacional relativos a contas de 2019 de todo o país mostraram que o Rio era na ocasião a segunda capital mais endividada do país. ”Ressalta-se que não está incluído na dívida consolidada o valor da insuficiência financeira de R$4,24 bilhões”, diz um trecho do relatório.

Logo após a leitura do relatório, Crivella fez uma longa sustentação oral defendendo a sua gestão. O prefeito disse que adotou outras medidas como reduzir de 331 homens para 158 agentes o efetivo da Casa Militar como medida de contenção. Desses 136 eram bombeiros e PMs. Esse efetivo caiu para 17 com a economia da recursos.

Crivella alega ainda que assumiu em dificuldades financeiras, argumentou que Paes deixou dívidas para a atual gestão. Porém, ao julgar as contas de Eduardo Paes em 2016, o TCM entendeu que o então prefeito deixou em caixa R$ 38,9 milhões em caixa para Crivella.

Sobre 2020, a Controladoria Geral do Município tem até março de 2021 para fechar o relatório contábil. A equipe de transição do prefeito eleito Eduardo Paes estima que o rombo possa chegar a R$ 10 bilhões. A atual gestão nega que o valor seja esse, mas também não divulga projeções.

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