‘Cracudos’ deixam rastro de destruição no recém restaurado Convento do Carmo, no Centro

A bela iluminação cênica do histórico prédio, que acendia sua linda fachada e chamava atenção para a beleza da sua arquitetura foi roubada por ladrões. Agora, a calçada em frente ao monumento virou um queijo suiço, em mais uma vitória dos ferros-velhos clandestinos sobre a sociedade

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Todo o calçamento em frente ao Convento do Carmo virou um queijo suiço, causando risco a pedestres e subtraindo do carioca a linda iluminação cênica que fazia a histórica edificação brilhar / Foto: DIÁRIO DO RIO

Depois de passar nada menos que quatro anos em obras que restauraram suas antigas características arquitetônicas, o histórico Convento do Carmo, na rua Primeiro de Março acabou reinaugurado há menos de um ano, em março de 2023. Minuciosamente restaurado, o imóvel chama atenção dos passantes pela sua beleza colonial, e à noite atraía muita gente para ver sua linda iluminação cênica, que deixava sua fachada fulgurante numa região que está em franca revitalização. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) investiu nada menos que R$ 30 milhões de reais na recuperação do prédio, que foi residência de D. Maria I, rainha de Portugal, depois que a corte portuguesa mudou-se para o Brasil, em 1808, e lá abriu seu Centro Cultural da Procuradoria Geral do Estado, com biblioteca, salão de exposições e um bistrô, todos abertos ao público.

Infelizmente, o brilho da atração que era a iluminação externa cênica do antigo convento já se apagou, antes mesmo da obra completar um ano. No decorrer da última semana, os já famosos ladrões de peças de metal, luminárias, grades e tudo o mais que possa ser vendido a peso a algum dos ferros velhos que atua ilegalmente na região do Centro, arrancaram, um a um, todos os holofotes de luz modernos que haviam sido enterrados com todo o cuidado em meio ao calçamento de granito histórico que fica na frente do Convento. Com fio, lâmpada, vidro e tudo, os cracudosque já destruíram mais de uma vez a estátua do General Osório, restaurada completamente mais de uma vez em 10 anos – vandalizaram toda a iluminação, e novamente a bonita edificação perde seu destaque e protagonismo por conta do abandono e desprezo à histtória no Rio de Janeiro.

Os buracos estão lá pra quem quiser ver (e tropeçar neles). Além de tudo, um risco à mobilidade de idosos, deficientes e mesmo da população em geral. Algumas das pequenas crateras foram enchidas de areia de forma completamente mambembe e tosca, na tentativa de evitar acidentes. Mas o imóvel, vizinho à antiga Catedral da Cidade e que atrai tanta atenção dos turistas parece ter perdido de vez sua iluminação, e agora o calçamento histórico em granito bruto na frente dele se tornou uma espécie de queijo suíço, um desprestígio para uma das mais respeitadas instituições do Estado e uma mancha no roteiro turístico do Rio.

Convento do Carmo restaurado 'Cracudos' deixam rastro de destruição no recém restaurado Convento do Carmo, no Centro
O belíssimo convento do Carmo, logo após ser restaurado, em Março/23

Logo em frente, já foram roubadas a espada empunhada pela estátua do General Osório e o gradil que circundava o monumento e pesava cerca de 80 quilos, assim como diversas incrições em bronze afixadas no mármore, retiradas pelos vagabundos para serem receptadas por comerciantes inescrupulosos de metais cujo endereço é conhecido de todos. O gradil havia sido fundido com os canhões capturados pelo Brasil quando da vitória brasileira sobre o ditador Solano López, do Paraguai. Em outra ocasião, porcalhões haviam pichado o monumento histórico. A região, apesar de ter mancha criminal reduzida, e ótimos índices de segurança nos ultimos meses, continua deserta nas madrugadas, o que possibilitou a ação dos bandidos que destruíram totalmente a iluminação do bem.

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O principal foco do projeto de reforma do antigo Convento, construído pelos frades carmelitas em 1620, foi a restauração de suas esquadrias em madeira de lei, pisos, forros, e pinturas, elementos da arquitetura colonial. Atraem a atenção seus arcos em tijolos de barro, que conferem uma ambientação toda especial ao bistrô que lá foi aberto. Ao mesmo tempo, foram incorporadas novas soluções que possibilitaram agregar um projeto contemporâneo, sem perder de vista as características históricas do prédio.

No andar térreo da construção de três andares, a obra resgatou a originalidade dos arcos que emolduram os dois grandes ambientes, onde foram instalados o bistrô e o salão de exposições. No primeiro andar, os aposentos que serviram à rainha D. Maria I tiveram o piso, com tábuas de madeira de pinho de riga trazidas em navios da Europa, completamente restaurado, assim como a cor das paredes e as pinturas que adornam o ambiente. O prédio casa perfeitamente com o conjunto arquitetônico da região, que é tombado pelo Iphan; todo o entorno é tomado de obras barrocas, imperiais e coloniais, com Igrejas e Centros Culturais, assim como edificações emblemáticas do naipe do Arco do Teles, queridinho dos cariocas nos finais de semana.

A reforma também revelou a estrutura das paredes internas do primeiro piso, com vigas de madeira entrelaçadas, que lembra a preocupação dos europeus com os abalos sísmicos que devastaram Lisboa em 1755. Ao lado dessa lembrança trágica, a obra também descortinou uma delicada pintura na parede que imita uma divisória em madeira – técnica artística conhecida como trompe l’oeil (em francês), que cria uma ilusão de ótica e transforma a figura em três dimensões. Há, ainda, paredes erguidas com pedras coladas com óleo de baleia. 

As escavações feitas no prédio para a instalação de novos sistemas de água e esgoto desenterraram dezenas de achados arqueológicos utilizados no dia a dia pela família real portuguesa: louças francesas e inglesas, garrafas de vinho, talheres de prata, moedas, pentes, cachimbos e fragmentos de cerâmica. Esses utensílios da família real serão reunidos e organizados para uma exposição no próprio convento ainda este ano.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Ninguém obriga esses trastes e lixos sociais a darem o primeiro trago, picada, cheirada, ou fumada. Essa gente começa a usar droga por vontade própria. Depois, se tornam parasitas que destroem as cidades. Por que essas drogas não os fazem pular de pontes? Temos uma enorme entre o Rio e Niterói. Solução rápida e limpa. Tá certo que a Baía de Guanabara é um nojo, mas uns 100, 200, 500, 1000 corpos não fariam a menor diferença.

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