O sucesso dos filmes italianos geralmente é certo. Em coprodução com o Brasil, o filme conta a história de Tommaso Buscetta, um mafioso da região da Sicília, que após se arrepender de seus pecados mudou-se para o Brasil para viver no Rio de Janeiro. Quando ele conhece Maria Cristina de Almeida Guimarães, interpretada por Maria Fernanda Cândido, encontra nela uma parceira apaixonada que faz de tudo para viver ao lado de seu grande amor.
O roteiro é principalmente baseado no arrependimento de Tommaso, e delação que ele faz aos juízes Falcone e Borsellino, para que entendessem a lógica da Cosa Nostra e pudessem prender outros líderes da máfia italiana.
Apelidado de Masino, o protagonista é interpretado por Pierfrancesco Favino, ator consagrado do cinema italiano contemporâneo. Ele tem boa presença e representa bem o papel de um mafioso, sem deixar de lado as feições de alguém que ama e cuida da própria família. Essa é uma característica comum e presente nos filmes de máfia, e que foi retratada de uma forma direta e genuína.
Apesar de ser uma história muito interessante, não posso dizer que tive uma conexão profunda com a montagem da história. Em alguns momentos, a história foi contada de forma muito rápida, como se quisessem jogar no público as informações de uma vida inteira em apenas duas horas. Ao contrário de outros longas inspirados em histórias reais, neste o recorte não me pareceu bem um recorte, e sim a folha de papel inteira.
Por outro lado, temos cenários únicos, com direito a gravações lindas tanto na Itália quanto no Brasil, mas principalmente no Rio de Janeiro da década de 1980. E apesar de ter sido filmado quase cerca de 40 anos depois, os recursos usados eram como os do passado. Ao invés de usarem drones como tantos profissionais têm feito nos últimos tempos, imagens aéreas foram feitas com helicóptero em movimento. Isso deu um tom de antigo e passa a sensação de realmente estarmos voltando no tempo.
“O Traidor” foi muito bem recebido pelo cinema italiano, tendo sido vencedor de seis prêmios David di Donattelo, sendo eles de melhor filme, melhor roteiro original, melhor ator, melhor diretor, melhor ator coadjuvante e melhor edição. Para saber se você concorda ou não com isso, é só assistir ao filme nos cinemas a partir desta quinta-feira (14).