Papo de Talarico: ‘Matar ou Morrer’ na Justiça Federal

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crítica teatro Matar ou Morrer Foto de Guga Melgar
foto: Guga Melgar

Matar. Ou Morrer. Imagine se o famoso escritor de “Os Sertões”, Euclides da Cunha, retornasse para conversar com seu algoz Dilermando de Assis? Euclides era casado com Anna Emília (1872-1951), que acabou tendo um caso com Dilermando. Apaixonaram-se. Isso resultou em muitas mortes, sofrimento e, agora, mais de um século depois, os dois personagens, que se tornaram inimigos, surgem no palco do Centro Cultural da Justiça Federal, sob a direção de Ary Coslov, no espetáculo “Matar ou Morrer – Dilermando de Assis e Euclides da Cunha”, em cartaz até 27 de agosto.

Na obra, uma juíza, interpretada com a maestria tradicional de Maria Adélia, vira a mediadora desse reencontro fictício e complicado de Euclides e Dilermando. Ambos são representados, respectivamente, por Sávio Moll e Marcelo Aquino. As atuações são incríveis. Sávio Moll traz toda a irascibilidade descontrolada de Euclides à tona, enquanto Marcelo, por outro lado, expressa a doçura de Dilermando, um homem apaixonado e injustiçado.

A tragédia da Piedade

A “tragédia da Piedade”, fonte principal da peça, envolveu toda a sociedade brasileira em 1909. Euclides, após a traição de sua esposa, toma a decisão de lavar sua honra e, bradando “matar ou morrer”, tenta matar o amante, Dilermando, porém, o escritor é quem morre. Advogada e membro da Academia Carioca de Letras, a autora do espetáculo Miriam Halfim entrega um texto cativante, que favorece a reflexão sobre honra e falsas notícias, e dá a base para os atores brilharem em cima do cenário de Marco Flaksman que brinca com um espelho crivado de balas, cujos reflexos atingem o espectador, naquele local fora do tempo e do espaço, um tribunal imaginário, favorecido pela iluminação inspirada e eficaz de Aurélio di Simone. A direção de Ary Coslov não deixa a bola cair, ou seja, mantém a dinamicidade entre as trocas de lugares dos protagonistas, fazendo um bom uso do palco e nos colocando como jurados.

A convite da minha amiga e crítica de teatro, Paty Lopes, fui ver “Matar ou Morrer – Dilermando de Assis e Euclides da Cunha”, e tive uma ótima surpresa. É aquele tipo de teatro transformador e inteligente, onde tudo exala capricho e que merece ser visto. Está em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal (CCFJ). É o local perfeito para uma peça que tem uma juíza, e um tipo de acareação, além disso, no subtexto, percebemos tantas outras mensagens além das já citadas, como pelo desarmamento, respeito mútuo, e, acima de tudo, a favor da paz.

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Ah, por fim, fica a dica, chegue antes e veja as diversas exposições gratuitas do CCFJ: “Um caminho de duas mãos”, “Amarelo: emergência e afetos” e “Boas práticas em domesticação”.

SERVIÇO

“Matar ou Morrer – Dilermando de Assis e Euclides da Cunha”

Data: em cartaz até 27 de agosto
Horários: quinta e sexta, às 19h – sábado e domingo, às 18h
Local: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco 241, Centro
Ingressos: R$50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)

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