Dani Monteiro: A luta que segue contra a extrema direita e a barbárie

Vencemos, por enquanto, a extrema direita que tantos estragos causou aos nossos corpos e nossas consciências nos últimos quatro anos

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Dani Monteiro será a presidente da Frente. Foto: Rafael Wallace/Alerj

A primeira semana do ano foi intensa. Todos nós, de alguma maneira, respiramos um ar aliviado. Quando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a faixa de Aline Souza, negra, catadora de recicláveis, a emoção que, eu sei, você também sentiu, vai nos acompanhar por muito tempo. Vencemos, por enquanto, a extrema direita que tantos estragos causou aos nossos corpos e nossas consciências nos últimos quatro anos. Mas não vencemos porque quisemos, vencemos porque lutamos.

E é sobre a luta que vamos travar a partir de agora que precisamos conversar. Não haverá milagres, que não existem por si, não haverá mudanças bruscas, mas temos sinais evidentes de que temos força e de que somos capazes de ir além. A eleição de outubro foi a prova de que nós somos capazes, quando unidos, de virarmos um jogo tão desfavorável para o nosso lado.

Vencemos por agora, por esse instante de que tanto precisávamos para recompor nossas esperanças, nossa saúde, nosso equilíbrio, nossa tolerância. Com a respiração menos ofegante e menos aflitos, podemos, enfim, olhar para os lados e para os próximos, porque há muito por fazer para que alcancemos, de verdade, a sociedade justa e igualitária que podemos e precisamos nos tornar.

Alguns primeiros passos são animadores. O Brasil tem agora um ministro dos Direitos Humanos e Cidadania de quem podemos esperar as melhores intenções e uma prática efetiva pela garantia de dignidade e respeito a todos, indiscriminadamente. Negro, Silvio Almeida sabe bem sobre as feridas e as mortes que a discriminação e o preconceito podem causar. Como ele bem ressaltou em seu discurso de posse, todos nós existimos, somos valiosos e temos importância para o país.

Os danos contra a vida, contra as minorias marginalizadas, contra as mulheres, contra a vastidão de negros que existem nesse país são muitos e não são de agora. É um processo histórico que precisa ser interrompido. Esse tem sido um dos principais embates que tenho travado na presidência da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj: a reparação é urgente. O Rio de Janeiro, em particular, precisa de atuação enérgica contra as matanças e chacinas que vitimam, principalmente, seus jovens negros.

Nós já sabemos que a verdadeira democracia só se dá quando se tem efetivado o pleno respeito à vida e à dignidade e garantidas as condições mínimas ao exercício da cidadania. Por isso, precisamos mudar a lógica capitalista e indiferente à vida que nos trouxe até aqui. E já temos a lição de que assim como não vencemos por mera vontade, nós não mudamos porque nós queremos. Nós mudamos porque nós lutamos.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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