Epidemias de dengue como a decretada na última quarta-feira pelo governador Cláudio Castro não são exatamente novidade no Rio de Janeiro. Desde o ano passado, já se esperava, pelo que os órgãos públicos de saúde e também de meteorologia anunciavam, que o verão viesse com chuvas recordes, altas temperaturas e o consequente aumento de casos da doença. Temos agora a epidemia oficialmente decretada, após quatro mortes e número de casos notificados beirando os 50 mil. O número, no entanto, chega a ser vinte vezes maior que o esperado tanto para a capital como para a Baixada Fluminense. Sejamos sinceros: quem você acha que é vítima em potencial do Aedes aegypti?
Também não é novidade a relação entre a doença e a pobreza e péssimas condições sanitárias. Não à toa, as duas primeiras mortes na capital ocorreram na favela da Maré, Zona Norte, e em Senador Camará, na Zona Oeste. Já são quatro mortos e, pela fala do governador, continuaremos contando casos e mortes, apesar da vacinação já ter sido iniciada. Quanto mais pobre a região, maior a chance de o morador não ter socorro a tempo, e esse é um assunto sobre o qual também precisamos falar: o sistema público de saúde está preparado para garantir a todos o atendimento devido?
Não é de hoje que especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas voltadas para o controle da dengue. Não sabemos como chegaremos até março, quando as águas tendem a se acalmar e o calor dar uma trégua, mas ainda no ano passado, antes mesmo de o verão começar, já se sabia que a estação favorece a proliferação do mosquito e do vírus que provoca a doença. Mesmo com as informações disponíveis, houve um aumento alarmante de casos em 2023 em relação ao ano anterior. No último mês de outubro, por exemplo, cinco municípios já viviam em situação de epidemia da doença, segundo o InfoDengue, o sistema de alerta desenvolvido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Hoje, não são apenas Angra dos Reis, Resende, Nova Iguaçu, São Pedro da Aldeia e Rio das Ostras que padecem, mas o estado inteiro, inclusive a capital e suas favelas.
Voltando mais no tempo, sabemos que os primeiros registros da dengue no Brasil ocorreram no início do século passado, mas foi a partir da década de 1980 que a doença começou a se espalhar de forma descontrolada pelo país adentro. Desde então, de tempos em tempos, a ameaça volta a nos tirar o sono e de alguns, a vida.
O estado do Rio enfrentou quase uma dezena de epidemias desde então. Relembro aqui o ano de 2008, quando tivemos de enfrentar o caos nos hospitais, e as mortes, que chegaram a 273 em todo o estado, um índice de letalidade 20 vezes maior que o percentual tolerado pela Organização Mundial de Saúde.
Vale lembrar que, naquele ano, a Baixada Fluminense foi uma das áreas de maior proliferação e infestação pelo Aedes aegypti. Sim, essa mesma Baixada onde, hoje, só aumentam as carências e onde só crescem as demandas por atendimento e condições mais humanas e dignas. Ao contrário do que deveria ser, as políticas públicas efetivas são cada vez menos expressivas, reflexo do abandono e do descaso com as populações que vivem nesses municípios.
Precisamos de uma reforma sanitária efetiva e urgente no sistema de saúde que dê prioridade à prevenção de doenças? Sim, e parece que muitos já se deram conta disso, falta a ação, e essa, depende de todos nós.
Verdade!
O mosquito agora odeia pobre e só sobrevoa comunidades, como fazem helicópteros da polícia…
Dengue tem a ver com ignorância, e não com pobreza!
Cuidado com água parada que forma criadouros de mosquito é questão de cada um indivíduo.
A exemplo das enchentes que muito tem responsabilidade no descarte inapropriado de lixo.