Dani Monteiro: Dia do Orgulho LGBTQIA+

'Para exaltar a vida, precisamos falar sobre morte. Sobre as muitas mortes de lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, intersexuais e outros em nosso país'

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No dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. É o dia em que soltamos o grito pela igualdade de direitos, por respeito à diversidade, por menos violência, pelo reconhecimento das identidades de gênero e o fim da discriminação contra homossexuais e pessoas trans no país. É sobre o direito à existência, portanto, que trato aqui.

Para exaltar a vida, precisamos falar sobre morte. Sobre as muitas mortes de lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, intersexuais e outros em nosso país. O Brasil, no quesito garantia da vida dessas populações ostenta índices capazes de nos ferver o sangue. Segundo relatório do “Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+”, pelo menos 316 pessoas LGBTI+ morreram em nossas terras por causas violentas em 2021.

Transfobia é crime no Brasil desde 2019. Apesar disso, somos ainda o país que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo. Estamos no topo desse ranking lastimável há 13 anos consecutivos, conforme o relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados globalmente levantados por instituições trans e LGBTQIA+. Em números, o TGEU aponta que 70% de todos os assassinatos registrados ocorreram nas Américas do Sul e Central: 33% deles no Brasil.

A falta de dados oficiais nos leva a crer que a realidade pode ser ainda mais cruel. As organizações da sociedade civil que atuam no monitoramento de dados e no suporte a essas populações são a fonte mais segura. E são exatamente elas que apontam sempre para a existência de casos não reportados e mesmo de mortes com motivação transfóbica que não chegam a ser registradas como tal pelos sistemas governamentais de segurança pública.

Quando os governos escamoteiam dados e querem nos calar, nós podemos, sim, dar respostas, podemos dizer que o que está aí já não nos serve. Mas precisamos estar juntos, precisamos ser muitos. E somos muitos. Diferentes e muitos. Com um pouco mais de amor, vamos muito além de um único dia de protesto.

Demos vivas à diversidade! E aproveito para dar vivas a uma das maiores ativistas pelos direitos trans no Brasil, a inigualável Alessandra Ramos Makkeda, cuja partida precoce nesse 2022 arredio nos deixou em estado de profunda tristeza. Mas a alegria de tê-la tido conosco é tão maior que decidimos carregá-la conosco. Para sempre, Alê. Esse 28 de junho será todo seu.

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1 COMENTÁRIO

  1. Além destes, tantas outras vítimas da incapacidade da sociedade de igualdade com o diverso sofrendo outros tipos de violência e sem poder viver com boa qualidade as suas vidas.

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