“Começamos nos guetos das grandes capitais. Movimento dos pretos e de seus ideais. Somos filhos de Ketu, somos originais. Hip Hop é feito com tempero de paz. Dançamos por aí, grafitamos murais”, já cantava o grande Rael da Rima sobre a origem e o desenvolvimento da cultura hip hop. Vocês que me acompanham há um tempo sabem que esse é um tema alicerce não só do mandato, mas também da minha vida. Hoje, com muita alegria, posso celebrar com vocês mais uma vitória do movimento.
Aliás, o hip hop é muito mais do que um movimento artístico que comemora 51 anos de existência. É uma manifestação cultural que, desde seu nascimento, ecoa a realidade das periferias, favelas e subúrbios e transforma realidades. No Brasil, o hip hop encontrou solo fértil para florescer e se consolidou como uma das expressões mais potentes da cultura popular. E muito se engana que é só de rima que o hip hop se sustenta: são quatro vertentes – graffiti, DJing, MCing e breaking. O hip hop é arte. E a gente sabe muito bem onde encontrar arte, não é mesmo? Na maioria das vezes, em museus.
O hip hop não é visto por aí em exposições aqui no Rio, não é? O hip hop, que desempenha um papel fundamental na construção de identidade e na luta por direitos, ocupa as ruas e as praças, muros e calçadas. Mas, agora, vamos ocupar também as instituições. Venho há tempos contribuindo com legislações em prol da cultura, como a instituição do Programa Estadual do Hip Hop nas Escolas e o reconhecimento das rodas culturais e batalhas de rima como Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Mas é só o começo. Muitas vezes invisibilizados, desta vez os artistas do hip hop estão aos olhos do Estado, na Casa do Povo. A voz da periferia, a arte que vai além do entretenimento, tocando nas feridas sociais e propondo novos caminhos de expressão, está em cartaz no Palácio Tiradentes, um dos prédios mais importantes da história fluminense.
Com isso, trazer o hip hop para o Palácio Tiradentes é também um marco histórico. Este prédio, que testemunhou tantas transformações políticas no Rio de Janeiro, agora abre suas portas para a cultura popular. A exposição de graffiti, sob a curadoria do pioneiro Márcio Graffiti, e a batalha de breaking que ocorreu nas escadarias no início de setembro, são exemplos de como as ruas estão ocupando os espaços de poder e, com isso, ampliando o diálogo entre a cultura e a política. A batalha, em especial, foi um momento de grande emoção, com dançarinos mostrando toda a explosão e técnica de suas performances, enquanto o Palácio se transformava em um palco vibrante de expressão artística.
Esse encontro entre arte urbana e o espaço institucional não é apenas simbólico, isto reflete a importância de reconhecer que a cultura de rua tem seu lugar na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, quebrando barreiras, conectando pessoas e mudando realidades. Cada peça de graffiti exposta nas paredes do Palácio Tiradentes conta uma história, reivindica um espaço, e nos lembra que a arte é, muitas vezes, a única voz dos silenciados, dos esquecidos, dos excluídos. Ver essas obras dentro de um local tão carregado de história é um lembrete de que o poder político tem a obrigação de acompanhar e fomentar a cultura popular.
Enquanto presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Hip Hop na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), convido todos a visitarem a exposição “Hip Hop no Palácio”, que estará aberta até o dia 23 de setembro. É uma oportunidade única de vivenciar a arte que emerge das ruas, que transforma o cotidiano e que agora ocupa um dos espaços mais emblemáticos do nosso estado. Venham celebrar conosco a força do hip hop. O Palácio Tiradentes é um espaço de todos, e essa exposição reforça que a cultura popular tem e sempre terá seu lugar garantido na Casa do Povo. Quer saber mais? Entra no site da Alerj ou me procura nas redes sociais!