De Cidade Olímpica à Cidade Verde, por que não?

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Apesar da cidade do Rio de Janeiro possuir a maior floresta urbana do Mundo, muitos parques e uma extensa faixa litorânea, os índices de poluição do ar não são nada animadores.

Em estudo desenvolvido por Antonio Ponce de Leon, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ entitulado de “As dinâmicas espacial e temporal dos efeitos da poluição do ar na saúde pública: estudos sobre o município, a região metropolitana, o estado do Rio de Janeiro e outros grandes centros urbanos” apontou que os efeitos negativos da poluição do ar, numa comparação entre Rio e São Paulo, os cariocas levam a pior. Neste estudo, estimou-se que para um aumento de 10 unidades do poluente PN10 na cidade do Rio, haveria um aumento de 0,59% na mortalidade por doenças respiratórias um ou dois dias depois. Em São Paulo, esse acréscimo seria de 0,39%. O impacto sobre o Rio de Janeiro é maior do que em São Paulo considerando o tamanho da população de cada uma das cidades.

Idosos e crianças são os que mais sofrem com os efeitos da poluição. No Rio, estima-se, conforme publicação do FAPERJ em 2008, que 11 idosos morreram em média por dia devido às doenças respiratórias. A mesma pesquisa também apontou que 72% da poluição da região metropolitana do Rio de Janeiro era causada por veículos, ou seja, pelo modelo rodoviarista.

A cidade do Rio de Janeiro não tem placas que indicam a qualidade do ar, o que poderia ajudar cultural e politicamente a população a se posicionar com mais clareza e objetividade sobre este tema.

O Programa Ares-Rio reúne vários pesquisadores sobre este tema e constitui-se de uma série de diretrizes como o desenvolvimento de novas ferramentas metodológicas na investigação dos efeitos da poluição atmosférica na saúde pública, implementação de métodos estatísticos e /ou epidemiológicos e desenvolvimento de software específico, estimação de efeitos da poluição atmosférica na saúde pública, cálculo de impactos causados por mudanças no cenário de poluição atmosférica nos indicadores de saúde e divulgação de estudos sobre os efeitos da poluição do ar na saúde por meio de palestras, oficinas de trabalho e mini-cursos. Esses são temas que merecem apoio institucional e mais espaço na opinião pública.

O Instituto Saúde e Sustentabilidade – ISS mostra que o índice de poluição do ar no Estado do Rio de Janeiro é duas vezes superior ao tolerável, pelos padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde – OMS. O estudo do ISS foi desenvolvido entre 2006 e 2012. As cidades de Duque de Caxias, Itaboraí, Nova Iguaçu, Macuco, Resende e Porto Real são as mais poluídas. Já o grupo das cidades com maior risco de morte por doenças relacionadas à poluição do ar são Macuco, Duque de Caxias, Itaboraí, Barra Mansa e Rio de Janeiro. Neste segundo grupo de cidades, o risco de morte é maior pelo perfil da população, ou seja, pelo grande número de crianças e idosos, mais sensíveis aos efeitos da poluição.

Neste estudo do ISS foi identificado 36.194 mortes e 65.102 internações no período, na rede pública, em decorrência da poluição.

A primeira medida institucional a respeito do controle da poluição atmosférica foi a portaria do Ministério do Interior nº 231/1976. Tinha como objetivo estabelecer padrões nacionais de qualidade do ar para material particulado, dióxido de enxofre, monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos. Em 15 de junho de 1989, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, emitiu uma resolução, de número 5, em que criava o Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar – PRONAR, que tinha o objetivo de promover a orientação e controle da poluição atmosférica no país. Muitas metas do programa não foram atingidas.

Bristol é um exemplo a ser seguido

Bristol, é um exemplo a ser seguido. A cidade possui uma rede de monitoramento da qualidade do ar que é considerada a mais abrangente do Reino Unido. Os mecanismos de monitoramento publicam os dados on-line. O monitoramento é feito em várias regiões da cidade por sensores. Estes dados coletados também fazem parte de uma rede nacional que monitora os principais poluentes conforme estabelecido na estratégia nacional de qualidade do ar. Lá, assim como aqui, o inimigo número um do ar puro é o tráfego rodoviário. Com este indicador, a prefeitura de Bristol decidiu integrar o Plano de Ação da Qualidade do Ar com o Plano Local de Mobilidade.

Quem sabe depois do título de Cidade Olímpica, o Rio de Janeiro não persegue o título de Cidade Verde como Bristol, que recebeu o prêmio de Capital Verde Europeia 2015?

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