Dia do Não Fico: Eduardo Paes e o Programa Eleitoral definitivo que ainda não apareceu

Eduardo Paes, um dos favoritos nas pesquisas para a Prefeitura do Rio de Janeiro, ainda não apresentou seu programa de governo definitivo

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Foto: Beth Santos

Estamos a poucos dias das eleições, e a surpresa não poderia ser maior: Eduardo Paes, um dos favoritos nas pesquisas para a Prefeitura do Rio de Janeiro, ainda não apresentou seu programa definitivo no sítio oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/SUDESTE/RJ/2045202024/190002135253/2024/60011

Na parte de “Propostas” – “Proposta de Governo” no sítio acima, o que existe lá, até agora, é a “VERSÃO PRELIMINAR 1.0 DO PROGRAMA DE GOVERNO EDUARDO PAES PREFEITO DO RIO 2025 – 2028” Veja uma cópia dessa “Versão” no seguinte sítio: https://drive.google.com/file/d/1oWL8YhlhgDUHllNNZ5VDs8-8EKtQM-Op/view?usp=drivesdk

Ou seja, até o dia 22 de setembro, faltando um pouco mais de 10 dias para a eleição, o candidato Eduardo Paes, só se dignou a apresentar oficialmente aos eleitores um simples “esboço” preliminar de sua proposta de governo. Uma sombra do que deveria ser uma proposta clara e detalhada para os próximos quatro anos de governo. Para um candidato que almeja ser reeleito, isso soa como um verdadeiro desrespeito aos cidadãos e eleitores.

O programa de governo é, acima de tudo, uma promessa pública. É o contrato que o candidato assina com a sociedade, um documento que deve ser utilizado pelos cidadãos para cobrar, fiscalizar e exigir o cumprimento das metas e objetivos traçados. Sem esse documento, Paes sinaliza que, para ele, as eleições já estão no bolso. Afinal, com as pesquisas mostrando grande vantagem, parece que ele não se preocupa com algo tão “trivial” quanto um programa completo de governo.

E aqui começa a dúvida: será que Eduardo Paes está tão confiante na vitória que negligencia seu compromisso com os eleitores? Ou estaria ele mais interessado em sua próxima aventura política, como a possível candidatura ao governo do Estado em 2026? O dia do “Não Fico” de Paes parece cada vez mais provável, especialmente considerando seu histórico de alianças e desavenças.

Em entrevistas recentes, Paes tem insistido que não deixará a prefeitura no meio do mandato para concorrer ao governo do Estado. Mas as evidências apontam o contrário. A falta de um programa claro e detalhado e as alianças controversas sugerem que seu foco não está realmente nos próximos quatro anos na prefeitura, mas em 2026. E, quando esse dia chegar, poderemos nos referir a ele como o “Dia do Não Fico”, uma paródia amarga do famoso “Dia do Fico”, quando Dom Pedro I declarou que não deixaria o Brasil em 1822.

Mais do que uma estratégia eleitoral arriscada, a ausência de um programa definitivo de Paes é um gesto que demonstra desprezo pela seriedade das eleições. Afinal, como os eleitores poderão cobrar um governo que não se comprometeu com nada além de uma série de promessas vagas? O compromisso do candidato com o eleitor é um dos pilares da democracia, e ao não entregar até agora seu programa de governo completo e não preliminar, Paes mostra que está mais preocupado em garantir uma vitória do que em governar com seriedade e responsabilidade.

As alianças de Eduardo Paes também levantam dúvidas sobre sua confiabilidade. Ele, que outrora criticava figuras como Marcelo Crivella, hoje busca o apoio de seu grupo político. E o que dizer de sua proximidade com figuras como César Maia, Sérgio Cabral e Lula? Paes, que já se aliou e depois se opôs veementemente a esses personagens, agora parece confortável ao lado pelo menos de dois deles. Essa sua famosa e conhecida capacidade de mudar de posição conforme a conveniência política é mais um indicativo de que o compromisso de Paes não é com o eleitor, mas com sua própria trajetória política.

Ao que tudo indica, uma nova gestão agora na prefeitura do Rio é apenas uma estação temporária para Paes. A falta de um programa definitivo pode ser um sinal claro de que seu verdadeiro foco está na eleição de 2026, quando poderá concorrer ao governo do Estado. E quando esse momento chegar, quem ficará no comando da cidade será o vice, uma figura pouco conhecida do grande público. Mais uma vez, o eleitor carioca será deixado de lado em nome de ambições maiores.

A desculpa será a de sempre que até já consta nos “manuais” da política. Ele vai dizer que vai renunciar à Prefeitura dizendo que é para atender aos pedidos e aos anseios da população fluminense que estará desesperada com o desgoverno estadual. Não nos engane que não gostamos, Eduardo Paes. Conte outra historinha.

Portanto, é importante que o eleitor reflita: o que esperar de um candidato que, a poucos dias das eleições, sequer se deu ao trabalho de apresentar um programa de governo completo? Será que Eduardo Paes está realmente comprometido com a cidade do Rio, ou seu olhar já está voltado para o Palácio Guanabara em 2026?

Enquanto aguardamos sem muita esperança (pois ele é teimoso e não reconhece seus erros), a definição do programa oficial completo e não preliminar de Paes, uma coisa é certa: sua postura até agora indica um desinteresse preocupante. Ele pode não admitir publicamente, mas todos os sinais apontam para o fato de que ele está mais preocupado com o que virá depois de 2024 do que com o que acontecerá até o dia da eleição. E, quando ele finalmente anunciar sua saída para concorrer ao governo do Estado, teremos, enfim, o “Dia do Não Fico”, um marco de descompromisso que entrará para a história política do Rio de Janeiro.

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7 COMENTÁRIOS

  1. Sendo aliado e fazendo cópia dos procedimentos usados pelo atual presidente, não existe novidade nisso. Lula não apresentou programa algum, mal tinha um protótipo feito por alguns sábios amigos que viram seu texto ir pro lixo. Paes segue o mesmo roteiro de alinhamento político-administrativo. Ainda bem que não temos judiciário municipal, se fosse o caso, nem precisaria de vereadores. Mas para ter poder absoluto ele precisa de voos mais altos. É candidatura de trampolim.

  2. Colunista empenhado em criar factóides em torno do franco favorito para a Prefeitura 2024. A decisão será em 1°turno e os contrários a vontade popular deverão se conformar. Se cumprirá todo o mandato o tempo dirá. Não há nada de ilegal ou antiético nisso, é a regra democrática.

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