Diário de um Padrasto: Brasil é o 4° país no mundo em número de casamentos de crianças e adolescentes

Colunista do DIÁRIO DO RIO explica que, no Brasil, o casamento infantil é um problema praticamente invisível

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No Brasil, o casamento infantil é um tema praticamente invisível, pois muitas pessoas não veem este assunto como um problema, achando que o casamento é uma solução para a vida das mulheres. Dentre os argumentos que os indivíduos usam para normalizar o casamento infantil, estão a gravidez precoce e a pobreza.

Segundo a pesquisa Tirando Véu da Plan International Brasil e da Flacso, estamos em primeiro lugar na América Latina e quarto lugar no mundo todo, quando o assunto é casamento infantil. Mais de 65 mil meninas, entre 10 e 14 anos, estão casadas. Como consequência, há um aumento da vulnerabilidade, das desigualdades de gênero e da evasão escolar.

Esse é um reflexo da sociedade machista em que vivemos, que acredita no poder dos homens para solucionar os problemas das mulheres. Isto impossibilita enxergar todo o processo de violência, porque o casamento é uma situação complexa para uma criança e/ou adolescente.

Além disso, existem situações em que a criança ou adolescente pode estar em cárcere privado, apresentando uma gravidez de risco, que pode ocasionar até mesmo a morte da mãe.

Ou seja, não basta observar esse problema apenas do ponto de vista moral. Apesar do casamento infantil ser mais comum na região Nordeste e Norte, é importante destacar que também existem casos como estes nas outras regiões brasileiras.

Todas as consequências já apresentadas podem colaborar para situações de violência, em termos de violência doméstica, física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. Além disso, devido a dependência emocional e financeira experimentada nesse tipo de prática, o estupro marital, a mortalidade materna e infantil também podem ocorrer.

Muitas mudanças são necessárias para colocar um fim ao casamento infantil, inclusive fortalecer e reforçar leis contra a prática, avançando na equidade de gênero e assegurando compromissos da comunidade pelos direitos das meninas. Pode parecer simples, mas informações e oportunidades podem ser transformadoras de vidas.

Não devemos normalizar algo que é considerado crime por Lei.

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