Essa semana, estava olhando despretensiosamente a aba explorar do Instagram e cliquei aleatoriamente em um post que falava sobre algum procedimento estético e conforme eu clicava em algum conteúdo parecido, o algoritmo ia me apresentando mais conteúdo da mesma temática, aquilo foi chamando a minha atenção e quando me dei conta já tinha entrado em dezenas de perfis que falavam de procedimentos estético.
Outra coisa me chamou a atenção, eles eram muito parecidos na sua comunicação, mas o que eles tinham em comum? A maior parte dos tratamentos era direcionada para mulheres, até aí nenhuma surpresa, e sabe por que? Porque normalizamos o fato da mulher ter que passar por diversos tratamentos, alguns extremamente invasivos e dolorosos para poderem se adequar a padrões de beleza, e assim serem e se sentirem desejadas por nós, homens.
A busca por uma aparência perfeita alimenta a indústria da beleza através da insatisfação com o próprio corpo e da construção de uma auto imagem negativa, se desenrolando em mais uma vertente do machismo, aquele mesmo que diz que homens grisalhos são sexys e mulheres grisalhas são velhas ou relaxadas, que a barriga do homem é de chopp ou das histórias que ele viveu, um homem sem barriga é um homem sem história, já uma mulher com barriga é largada, normalizamos e aceitamos um homem se relacionar com uma mulher 10, 15 anos mais nova, mas condena as mulheres que se relacionam com homens mais novos.
A ditadura da beleza ideal e da juventude eterna contribuem para que mesmo as mulheres mais independentes e empoderadas sejam dominadas, controladas, forçando inseguranças, gerando a ideia de que não serão “escolhidas” ou de serem “descartadas” do “mercado” do amor.
Não me entendam mal, acho importante e necessário o auto cuidado estético, essa minha reflexão foi sobre a imensa pressão que, na sua grande maioria, as mulheres são submetidas para se encaixarem em padrões inalcançáveis, sendo que o mesmo não é cobrado, na mesma proporção, dos homens. E na próxima vez que a Carol for ao salão, vou marcar uma hora pra mim também, afinal não posso querer algo que não estou disposto a dar de volta.